Lagrimas

Capítulo 42 - Começo

"E então, num determinado momento tudo muda, não se pode evitar o inevitável. Não se pode mudar o que está feito."

— Senhora Mônica Ventura?

— Sim, com quem falo?

— Sou Natália, da clínica Saúde e Bem Estar.

— Sim, pode falar.

— Sua filha não se sentiu muito bem durante o procedimento, e a colocamos em observação.

— Minha filha? Do que está falando?

— Sim, Sophie Ventura deu entrada hoje para realizar uma aspiração intrauterina.

— Jesus! Me passe o endereço, estou a caminho.

Mônica saiu atordoada a caminho da clínica, só pedia a Deus que sua filha estivesse bem. Se sentia culpada, pois sempre teve uma relação de extrema confiança com Sophie, sempre foram o apoio uma da outra, e agora, quando Sophie mais precisava, Mônica não conseguia lhe dar isto. Não percebeu o quanto sua filha estava atormentada com esta situação, se pudesse voltar atrás faria tudo diferente, mas não se pode voltar atrás, o que está feito, está feito.

— Olá, sou mãe de Sophie Ventura, onde está minha filha?

— Fique calma senhora, sua filha está bem. Está na sala 6.

— Obrigada.

Mônica ao adentrar na sala vê Sophie completamente fragilizada, então ela corre para abraça-lá, nem que seja para chorarem juntas.

— Ah meu amor... Te ver assim me quebra em mil pedaços.

— Estava precisando tanto do seu afago, mãe.

— Me perdoe filha. Eu não olhei para você como deveria.

— Você está aqui agora, é isso que importa.

— Como você está?

— Com medo, mãe. Com muito medo.

— Não fica assim querida. Tudo isso vai passar, vamos pra casa.

— Não quero que ninguém saiba do que houve aqui.

— Não se preocupe Sophi.

Mônica leva Sophie para casa, as duas seguem  o caminho em silêncio, naquele momento não havia muito o que falar.

Alex já estava estranhando a ausência de Sophie, ela não faltaria ao interrogatório, eles trabalharam muito para chegar ali. Resolve então ligar para ela, porém não obtém resposta. Seu celular cai direto na caixa de mensagens.

— Aconteceu alguma coisa?

— Nada com que você tenha que se preocupar, Sanches.

— Onde está Sophie? Ela já deveria estar aqui, para tomar nota de tudo.

— Ela disse que viria logo, mas não consigo localiza-lá.

— Já tentou o celular?

— Está desligado.

Eric estava perto o bastante para entender que algo tinha acontecido com Sophie. Então ele se aproxima de Alex e Sanches, para saber sobre o ocorrido.

— O que houve com Sophie?

— Nada que seja da sua conta, Eric.

— Eu não vou ficar aqui presenciando essa briga de moleques. Se precisarem de mim, estarei na minha sala.

Sanches sai, deixando Alex e Eric trocando farpas, como de costume.

— O que você fez a ela?

— Com certeza nada comparado ao que você fez.

— Onde ela está agora?

— Olha aqui, Sophie é minha namorada agora, fique longe do caminho dela.

— Veremos por quanto tempo.

Eric sai, enquanto Alex esbraveja qualquer coisa, a essa altura Eric já não se importa mais. Precisa esquecer Sophie, e o único jeito de fazer isso é trabalhando. Decide então interrogar o suspeito por conta própria, as regras que esperem.

— Preciso falar com o suspeito agora.

— Desculpe senhor, mas não pode entrar.

— Eu estou trabalhando neste caso, irei interroga-lo.

— Perdão, é que fui informada que seria uma equipe de investigação.

— Eu trabalho sozinho.

Enquanto Eric mostrava suas credenciais para liberarem sua entrada, não conseguia controlar a excitação de finalmente estar frente a frente com este homem, que poderia ser a chave de todo aquele mistério.

— Cadê a sua matilha?

— Eu trabalho sozinho.

— O grande Eric Taylor! Estava ansiando por este encontro.

— Não tanto quanto eu.

— Veio sozinho para saber porque seu nome estava escrito com o sangue daquelas pobres moças?

— Não me faça perder a paciência! Para quem você trabalha?

— Acha que será assim tão fácil?

— Não será, pelo menos não pra você.

— Eu já suportei o inferno, Eric. Não é qualquer coisa que me colocará medo.

— Chegou então a hora de você conhecer o próprio diabo, em pessoa.