Lagrimas

Capítulo 61 - Fenix

Alex travava uma luta intensa contra si mesmo, em parte queria se entregar, sucumbir naquela dor, e deixar que sua vida se esvaisse junto com o sangue de seu corpo, os capangas de Heitor sequer tentaram estancar o ferimento provocado pelo tiro que lhe deram, simplesmente o jogaram naquele cubículo escuro e frio, mas ele não poderia desistir, não ainda, Sophie precisava dele. Se sentia culpado por tudo o que estava acontecendo, se deixou ser guiado pelo ódio de Heitor, nunca recebeu amor em toda sua vida, desde aquele trágico acidente, o qual ainda era um bebê, nem ao menos tem recordações de sua mãe, e isso nem a morte poderia lhe dar conforto, pois, sabia que se existisse um céu, sua mãe estaria lá, mas ele não. As várias pessoas que ele matou durante toda sua vida não iriam permitir isto, era cômico pensar que, agora seria ele a estar em cubículo apertado, esperando a hora de sua morte, já que inúmeras vezes provocou isso em seus inimigos, nunca houve esperança para ele, pelo menos não antes de conhecer Sophie Ventura.

- Maldito amor! Esbravejou ele, se ao menos tivesse conseguido salvá-la, poderia morrer em paz.

Heitor o criou para ser uma máquina de matar, sem sentimentos e fraquezas, e ele faria jus à isso até o último momento, se esforçou para compreender onde estava, precisava achar um meio de estancar o sangramento, já tinha certa experiência nisso, afinal já havia se ferido algumas vezes durante as missões que cumpria a mando de seu pai.

Rasgou um pedaço do tecido de sua camisa e fez um torniquete no ferimento, isso o ajudaria por enquanto, pelo menos até sair daquele buraco e resgatar Sophie. Sorriu ao observar atentamente o local onde estava, era a mesma caverna onde estava Eric, provavelmente o deixaram ali por imaginar que ele morreria devido a gravidade do ferimento, Heitor mais uma vez o subestimou, assim como o fez a vida toda, mas agora seria diferente, Alex já não o temia mais, não sentia nada além de uma profunda indiferença, para com aquele que por poucas vezes o permitiu que lhe chamasse de pai.

Revirou seus bolsos e vibrou ao perceber que ainda estava com seu canivete, aqueles capangas realmente eram amadores, ou realmente achavam que um simples tiro no peito poderiam deter Alex. Embora seu corpo estivesse fraco, entrando quase em choque hipovolêmico, e grande parte de suas células sofrendo por necrose hemorrágica, ele conseguiu se esgueirar para fora daquela sala, e se embrenhar no labirinto que se formava naquela caverna, com o único objetivo de salvar a vida da vítima mais emblemática de toda sua carreira como assassino de aluguel.