Capítulo 17 - Pesadelos

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Você não pode fugir para sempre Eric, nós vamos te encontrar.

Eric acorda sobressaltado. Estava tão cansado que acabou pegando no sono no seu escritório, em meio a papelada da tão fatídica investigação.
Só de lembrar da confusão que ocorreu quando chegaram na delegacia, sua cabeça dói.
Só de pensar que ainda terá que ir interrogar os homens do JC, sua cabeça dói mais ainda.
Se bem que de tudo isso, é a única parte boa.
Principalmente se eles se negarem a falar a verdade. Eric gosta de jogos, talvez seja por isso que agora seja o principal personagem de um.

- Sophie?

- Sim, aconteceu alguma coisa ?

- Bom, aconteceram muitas coisas.

- Me refiro a alguma novidade no caso, Eric.

- Não. Quero falar com você sobre isso. Poderíamos nos encontrar? O clima na delegacia anda muito conturbado.

- Claro. Me passa o endereço que irei até você.

- Podemos ir ao Forest Park ?

- Que escolha mais inusitada. Não achei que gostasse de parques.

- Na verdade não gosto. Eu passo na sua casa daqui uma hora.

- Vamos na sua moto?

- Qual o problema? Pelo que eu me lembre, você gostou de andar nela.

- Ok. Estarei esperando.

Sophie estranhou a ligação, estranhou ainda mais o convite. Eric era sempre tão seco, principalmente depois de sua volta. Não entendia o motivo do repentino convite.
Melissa saberia o que fazer agora, se estivesse ali. Mas não estava, depois da morte de seu irmão ficou tão abalada, não conseguiu respirar mais o mesmo ar que ele um dia teria respirado.
Arrumou suas coisas e foi para o interior, talvez fosse melhor assim. Ela precisava mesmo de um tempo, porém Sophie precisava de sua melhor amiga de volta.

- Vamos? _ pergunta Eric ao chegar na casa de Sophie.

- Vamos. _ respondeu ela ao subir na moto.

Eric então lembrou do dia em que a conheceu, sorriu com a lembrança, desejando com todas as forças que aquele encontro tivesse sido o ultimo.

Sanches estava intrigado, começou a montar um quebra-cabeça em sua própria mente. E chegou a conclusão de que a peça chave dessa investigação estava muito próximo, talvez mais próximo do que ele mesmo imaginava. Os suspeitos não falaram muita coisa, na verdade não disseram nada que pudesse levar a uma possível pista. Eric provavelmente resolverá essa situação, pensou ele.
Começou a repensar sobre toda essa investigação, e em uma coisa concordava com Eric, tinha gente demais envolvida.
Mas, o que ele poderia fazer ?
Sua aposentadoria estava perto, ele não podia se dar ao luxo de desacatar ordens. Trabalhou arduamente para chegar onde chegou, sempre gostou dessa vida de perigos, nunca temeu, sempre foi temido. Porém, todo aquele fogo da juventude acabou, não se considera velho, no auge dos seus cinquenta anos, porém chegou o momento de estar mais perto de sua família, seus filhos estão crescendo, sua esposa já está cobrando mais participação na educação dos filhos. Ele sabe que chegou a hora de parar. Precisa resolver de uma vez por todas esse bendito caso.


- Então Eric, qual o assunto urgente ?

- Quero pedir que se afaste da investigação.

- De novo essa história? Você só pode estar de brincadeira.

- Não, não estou.

- Eu não vou me afastar Eric, pensei que isso já tivesse ficado bem claro.

- Você não entende Sophie! Isso não é uma investigação comum. Se tornou uma caçada.

- Eu vou continuar até o fim. Se a minha presença o incomoda tanto, saia você do caso.

- Eu só quero te proteger.

- Me proteger ? Não venha bancar o bonzinho agora. Você só não quer que eu acompanhe a investigação por medo.

- Medo? Não tenho motivos pra isso.

- Sim, por medo. Medo que eu descubra quem você é realmente. Medo de todas as suas culpas irem parar na mídia.

- Eu não sou um criminoso. Eu apenas faço justiça.

- Torturando as pessoas ? É esse o significado de justiça pra você?

- Pessoas? Quais pessoas? Pessoas como aquelas que tentaram nos matar ontem? Ou como aquelas que atiram contra você aquele dia ? Isso para mim não são pessoas.

- Você não tem o direito de fazer justiça com as próprias mãos.

- Você acha que sabe tudo da vida não é? Uma menina recém formada! Que nunca viu um inocente morrer na sua frente. Que nunca sentiu na pele o peso da injustiça, da impunidade. Não me venha com seus discursos moralistas senhorita Ventura. Eu faço justiça, e continuarei fazendo. E se eu tiver que matar para isso, eu matarei.

- Espero que não seja consumido pela sua arrogância.

- E eu espero que você não se arrependa das suas decisões.

- São minhas decisões. Você não é ninguém para me dizer o que fazer.

- Me ouça, essa investigação vai trazer muito sangue e dor. Não quero que esteja no meio disso tudo.

- Porque você se importa tanto?

- Porque eu gosto de você, Sophie.

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