- Você tem certeza disso Eric?
- É a única chance que temos.
- É muito arriscado!
- Eu sei. Mas não temos outra opção Sanches.
- Você tem razão. Já falou com Valentim ?
- Não sei se vou falar para ele.
- Porque não? Aconteceu algo ?
- Não. Mas temo que aconteça. Valentim é como um irmão para mim. Não quero que algo lhe aconteça.
- Mas esse é o trabalho dele Eric. Ele faz isso há anos.
- Não. Valentim é um perito criminal. Ele não faz parte da ação. Não mata. Chega quando o espetáculo já terminou, para recolher os corpos.
- Ok. Nós dois faremos isso então.
- E o Alex ?
- Não confio nele.
- Eu nunca confiei. Desde o dia que ele veio trabalhar nessa investigação, coisas estranhas vêem acontecendo.
- O que você está querendo dizer Eric ?
- O Alex não veio aqui só para investigar isso. Ele esconde algo. Tenho certeza.
- Ele estava sumido. Desde o dia que Melissa foi encontrada.
- No mesmo período em que Sophie sumiu...
- Eric, você acha que ele tem alguma ligação com o sequestro da Sophie ?
- A pessoa que falou comigo disse que trabalhava para alguém. O Alex sumiu e a Sophie foi sequestrada...
- Mas, pensa por outro lado. Você não acha óbvio demais ele sumir assim?
- Sim. Realmente ficaria muito evidente, levantaria suspeitas. Mas mesmo assim não confio nele. Temos que ficar de olho.
- Você tem razão. O sequestrador não entrou em contato de novo ?
- Ainda não. Na verdade meu coração está sendo consumido de aflição.
- Eu nunca pensei que fosse te ver assim Eric.
- Assim como ?
- Apaixonado.
- Nem eu Sanches. Nem eu...
Sophie já estava entrando em desespero. Não sabia ao certo quando tempo havia passado, desde que estava ali. Porém já não aguentava mais. Felipe e Well ficavam cercando-a frequentemente, mas Eva estava sempre por perto. E por mais estranho que pareça, ela acabou criando uma certa empatia por Eva, depois que a mesma lhe contou todos os abusos que já havia sofrido. Aos oito anos de idade era abusada sexualmente pelo tio, alguém em que todos confiavam, alguém que não levantava suspeitas. Sua mãe era alcoólatra, seu pai viajava constantemente a trabalho. Era um homem bom, porém um pai ausente. Não percebia o horror no olhar da filha, ao ser deixada sob os cuidados do tio. Quando ela completou dez anos, já cansada de tudo aquilo, resolveu contar tudo para sua mãe. Que não acreditou, e lhe bateu muito, para que não dissesse mais mentiras. E com isso, sua tortura continuou. Ela não tinha amigos, não brincava, não conversava, não sentia mais vontade de viver. Aos onze anos tentou suicídio, não queria de fato morrer, mas a dor que ela sentia era tão grande, ela não suportava mais. Mas, na época uma vizinha viu e impediu. Foi então que toda a família soube a verdade, o tio abusador pôs a culpa nela, ela o provocava. Ele era homem, tinha seus instintos. Então o caso foi abafado, e esquecido. A essa altura seus pais já tinham se separado, seu pai fora embora, deixando-a para trás. E ela se viu sozinha. Completamente sozinha, aos treze anos fugiu de casa. Viveu na rua um bom tempo, lá conheceu o mundo da prostituição. Ela precisa comer, precisava de um teto. Era tão jovem, tão inocente. Isso atraiu pessoas maldosas, que lhe prometeram uma casa e comida, em troca do dinheiro que ganharia fácil. Que fácil nada! Ela perdeu as contas de quantas vezes apanhou, de quantas vezes foi forçada, mesmo gritando que não queria.
Eva ficou um bom tempo assim, depois conheceu algumas pessoas, isso à fez chegar onde está agora. Sobre isso ela não contou mais detalhes. Disse que se Sophie contasse isso a alguém morreria, mas Sophie sabia que morreria de qualquer jeito.
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Lagrimas
Misterio / SuspensoEric Taylor não era alguém que acreditava na bondade humana e muito menos na redenção divina, isso muda drasticamente após se envolver em uma investigação e conhecer a encantadora e curiosa Sophie Ventura.