Human. • Steve Rogers.

Prólogo.

Quatro de julho. 

O céu de Nova York queimava sobre a Times Square com fogos. Uma multidão se reunia próxima a um telão de vídeo montado em cima de um palco. Crianças corriam animadas de um lado ao outro. Adultos esperavam com expectativa. 

O que eles não sabiam, é que naquele ano, o Capitão América não participaria do Evento anual. 

Meses antes, Steve Rogers tinha fugido do Governo, levando junto seus amigos, e abandonando de vez o posto de Capitão América. 

O objetivo do Governo com aquele Evento era, justamente, usar a "falta" repentina do Capitão, para sujar a imagem dele, oficialmente, diante dos cidadãos de Nova York e, consequentemente, do resto dos Estados Unidos inteiro. 

O que eles não sabiam era que Steve Rogers compareceria ao evento. Só não era da forma que eles esperavam. 

Sentado no parapeito do terraço de um dos prédios mais altos da Times Square, Steve contemplava os fogos desabrochando em fogo no céu, a música que retumbava pela multidão, contemplava o fluxo de pessoas. 

Passaria o aniversário sozinho. 

Natasha Romanoff e Sam Wilson ainda estavam incomunicáveis e, embora estivesse preocupado, Steve sabia que esse, era o melhor naquele momento. 

Scott Lang, Wanda Maximoff e Clint Barton também não tinham dado notícias nos últimos dias, mas Steve sabia que estavam bem. Tinha ele mesmo conferido, por mais que achasse que esses três tinham que tomar mais cuidado. 

Bucky Barnes estava em Criogênia, em Wakanda. 

E por fim, só havia ele próprio, e os fogos. 

Apesar de ter tudo para ser um aniversário triste, Steve se sentia bem e feliz consigo mesmo. Afinal, às vezes, o certo a se fazer é quebrar barreiras, não se deixar aprisionar por palavras de quem tem o poder. 

Obediência não é sempre patriotismo. 

E isso, Steve sabia muito bem. 

Quando se cansou de ficar no Terraço, Steve colocou os óculos de armação grossas, o boné, pegou sua mochila e começou a descer pela escada de emergência, sem pressa. 

Afinal, o destino dele seria um apartamento vazio e caindo aos pedaços no coração do Brooklyn aquela noite. 

Parando para pensar, não fazia a menor idéia do porquê havia voltado para Nova York, específicamente, naquela noite, já que estava muito bem escondido na Inglaterra. 

Talvez, saudade de casa. 

Mas afinal, o que era casa para um homem vivendo fora do seu tempo e que era perseguido pelo Governo do seu Próprio país? 

Pensando nisso, Steve se misturou no meio da multidão, sempre de cabeça baixa, sem manter contato visual com ninguém. 

Precisava sair da Times Square e ir até um estacionamento, onde tinha alugado uma moto com uma identidade falsa. 

Já estava há muito tempo nos Estados Unidos, precisava dar um jeito de conseguir voltar para seu próprio esconderijo. 

Em cerca de trinta minutos, já estava dentro de um prédio abandonado e caindo aos pedaços. 

Embora não tivesse luz, tinha água e isso era o suficiente para ele. Precisava se livrar do suor do calor de um dia inteiro de Verão. 

Entrou debaixo do chuveiro de um dos apartamentos e deixou a água gelada relaxar todos os músculos. 

Não era uma vida assim que Steve Rogers tinha imaginado, mas essa vida tinha suas próprias vantagens, até. 

Quando chegava a estar com as mãos enrugadas, Steve desligou o chuveiro e, observando a rua das sombras da janela, esperou que seu corpo secasse, afinal, não tinha levado uma toalha. 

E só então, tirou um cochilo leve, mas o suficiente para dar energias e o impedir de dormir novamente até que ele tivesse pisado na Nova Inglaterra, sem saber que, Dessa vez, sua vida mudaria completamente, de novo. 

E que não tinha absolutamente, nada a ver com o Capitão América.