O que pode dar errado?

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Elion coçou a cabeça. Ele estava sentado na mesa da cozinha, olhando para sua refeição meio comida, e esperando que seu estômago conseguisse manter essa porção.

Seu corpo estava demorando mais do que o normal para se recuperar da visita de Alathair, geralmente assim que o ellon estava a milhas de distância, ele voltava a ser normal. No fundo de seu peito sabia que algo ia mal com o elfo de cabelos prateados, mas não queria pensar muito a respeito disso. Afinal, o ellon não era seu problema, nem seu amigo.

Mentiroso.

Ele fechou os olhos quando esse pensamento martelou sua consciência, mas não iria fazer nada a respeito. Alathair tinha deixado claro o quão se importava com ele, ou com qualquer coisa que pudessem sentir quando estavam juntos, e Elion tinha colocado um ponto final em qualquer outro tipo de laço que ainda mantinha com o ellon.

- Esse foi o fim. – ele disse com firmeza para si mesmo. Seu coração precisava entender que não haveria mais envolvimentos com outros homens.

Ele se casaria com uma boa elleth, e daria netos aos seus pais, na esperança de compensar a perda de Alanis. Seu desejo não era amar novamente, seu coração já tinha se partido uma vez, não precisava se arriscar novamente.

- O fim?

Elion não teve tempo de notar a presença do convidado, apenas correu para o lado de fora da cozinha do palácio e despejou o conteúdo de seu estômago no pátio. O esforço fez seu corpo se contorcer, e por reflexo prendeu a respiração, quando lembrou-se de que precisava de ar, começou a tossir na esperança de obter um pouco. Estava muito perdido no desespero de estar preso dentro de um corpo defeituoso, que não notou que Bran o havia seguido, e segurado seus cabelos durante todo o processo. Gradualmente a voz grossa em tom suave infiltrou sua mente, fazendo-o ciente do momento constrangedor que estava vivendo.

- Você está bem? – o loiro questionou, antes de oferecer um lenço e um copo de água.

- Estou bem.

Elion se obrigou a voltar para dentro do palácio, e sentou-se novamente em sua cadeira, descansando o rosto entre as mãos. Ninguém  o tinha visto dessa maneira, e o destino parecia querer lhe pregar uma peça colocando justamente Bran em seu caminho.

- Elis... – o homem chamou, sentando-se ao seu lado, e colocando uma mão grande e quente contra se pulso, apertando suavemente sua pele.

Ele não queria sentir isso, esse puxão que o direcionava ao guerreiro, esse sentimento que era ao mesmo tempo tão diferente e semelhante ao que sentia por Alathair. Por todos os Valars! Ele queria muito esquecer o ellon.

- Não me chame assim. – ele reclamou, e o homem recuou, limpando a garganta, ele voltou a falar:

- Você gostaria que eu avisasse alguém de sua situação? O príncipe? Ou o conselheiro?

- Não. – ele afirmou, ainda com o roso escondido pelas mãos. – estou bem, perfeitamente bem. Preciso ficar sozinho.

- Essa é a última coisa de que precisa. – reclamou o guerreiro, fazendo o elfo descobrir o rosto para encara-lo.

- Não basta a humilhação que acabei de passar? O que mais deseja de mim, Astorio?

O rosto do homem se ruborizou, e seu olhar voltou-se para seus lábios antes de fixarem-se novamente em seus olhos. O loiro umedeceu os lábios, enquanto pensava em uma resposta convincente e tranquilizadora.

- Isso não é uma humilhação, todo mundo está passível de não se sentir bem. – o homem sorriu fracamente. – eu quero ajuda-lo, se puder me dizer o que devo fazer. Não sei nada sobre elfos...

O segredo da princesa.Onde histórias criam vida. Descubra agora