Uma única chance.

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Alathair estava do lado de fora do quarto de Elion enquanto escutava o seu amor transar com outro homem. Ele sabia que isso iria acontecer mais cedo ou mais tarde. Os dois estavam juntos, e eles se amavam.

Ele se obrigou a soltar a porta, se obrigou a se afastar, a deixá-los ter seu momento, a desfrutar de seu amor. Mas seu orgulho e seu coração rivalizavam, tentando obriga-lo a seguir seus próprios raciocínios.

O som de um trovão o tirou de seu transe, fazendo-o se afastar da porta, dar meia volta do corredor e sair. Ele precisava estar sozinho. Caminhou as presas para o lado de fora, respirando pesadamente o ar que era quase puro novamente, os mortais estavam terminando seus trabalhos de construção, indo para suas casas descansar. O povo não estava contente com o exército élfico que cercava o reino, mas não demonstravam seu desagrado fisicamente, apenas lhe dirigiam olhares reprovadores.

Ele olhou para o céu noturno que brilhava com as estrelas. A noite estava linda e calma, o som das vozes dos mortais era a única coisa incomoda. Apesar dos anos que passou viajando entre os reinos mortais, ele ainda se incomodava com a falta de silêncio que existia nos reinos, sentia falta do silêncio dos elfos, e da calma da floresta. Sentia falta de casa, mas agora não sabia mais onde era sua casa, porque achava impossível se sentir em paz.

Sua pele se arrepiou, do início de sua coluna ao fim. Fazendo-o prestar atenção em seu entorno. Os mortais caminhavam levando suas ferramentas, crianças corriam atrás de seus pais, soldados élficos patrulhavam, e outros ficavam nas muralhas. Foi então que ele encontrou, o elfo de cabelos pretos e olhos castanhos. Do alto de sua guarita, ele o olhava por cima do nariz reto como uma flecha, mesmo quando o pegou encarando, o ellon não recuou, seu olhar gélido o fez apertar a mandíbula.

Elmar sempre foi estranho, mesmo fazendo parte da guarda pessoal do rei, nunca lhe inspirou confiança, não sabia o que o rei via nele, e nem estava interessado em saber. Alathair levantou a mão e mostrou lhe o dedo médio, esperando passar a raiva que sentia ao elfo bisbilhoteiro. Mas a única reação de Elmar, foi lhe oferecer um sorriso torto e malicioso, seus olhos ainda fixos em seus movimentos.

Amaldiçoando em todas as línguas que aprendeu, o elfo de cabelos prateados se afastou, saindo do reino com seu cavalo. Ele precisava encontrar o seu eixo, fixar-se em um projeto e parar de sonhar com um ellon que não lhe pertencia.

(...)

Brienne se debruçou sobre o parapeito da sacada, observando o caminho da floresta que levava até a ponte e o palácio do rei élfico. Ela tinha feito isso nos últimos dias, esperando que Legolas e seu pai voltassem ilesos, mas no fim de toda tarde, não havia nenhuma notícia nova.

Ela se sentia um pouco sozinha no palácio, ninguém conversava com ela, apenas Limes, e somente durante o jantar. Rachel estava sempre ao seu lado, mas não era a mesma coisa, e Helmund não estava em casa por alguns dias. Durante a noite ela se deitava na cama, com a mão em seu ventre e pensava sobre o príncipe, e no que sentia em relação a ele. Sempre tinha um sonho gostoso em que despertava em seus braços, dentro de uma floresta magica com animais brilhantes que refletiam a luz do sol, seu coração estava sempre cheio de paz e tranquilidade. Queria poder viver isso, mas no fundo sabia que era um sonho que não iria se realizar.

- Você parece tão esperançosa. – disse Helmund ao ficar ao seu lado, seus olhos azuis também fixos na floresta.

- Quero meu pai. – ela sussurrou. – faz quase dez meses que não o vejo, nós nunca nos afastamos. Nunca deveria ter renunciado a proteção e o amor que ele me oferecia.

O segredo da princesa.Onde histórias criam vida. Descubra agora