Nunca foi minha.

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Legolas sentiu o mundo girar ao seu redor. Nada foi dito, por alguns longos segundos nada foi dito. Foi como levar um soco no estômago, todo ar expulso de seus pulmões, seu coração correndo desesperado para bombear sangue e oxigênio pelo seu corpo.

Ele tentou manter a expressão calma, escondendo de todos seu atual estado de tormento. Brienne continuou encolhida, protegendo a si mesma como se esperasse por um golpe, seu corpo pequeno tremia, instável na poltrona grande. Ele a observou, e depois voltou seus olhos para Helmund, que não estava se vangloriando, o homem também tinha um olhar de medo, mas não era por ele, ou por Brienne.

Thranduil avançou em passos rápidos, sua máscara austera desfeita, deixando transparecer um ódio amargo e profundo. Legolas se interpôs, impedindo que o rei chegasse mais perto da garota, ela não poderia ouvir sua voz, nem o que ele tinha a dizer, mas com certeza todos sentiam o quanto a ira do rei mudava a temperatura e densidade do ar.

- Sua pirralha descarada! – ele gritou. – mentiu para nós, vocês e aquela maldita bruxa!

- Por favor. – Legolas suplicou em élfico. – não é o momento de surtar. Eu não quero surtar, e você não pode. Por favor, não agora.

Thranduil irritou-se com a interferência, e rosnou suas palavras em élfico, de uma forma tão fria que suas palavras poderiam cortar como laminas de aço.

- Você foi fraco. Um parvo, deixou-se ser enganado, mesmo quando sabia que havia algo errado.

- Você não foi diferente de mim. – o príncipe acusou. – sempre soube que algo estava errado, mas não se interpôs.

- Como ousa?!

- Eu não vou deixa-lo feri-la.

- Eu vou expulsa-lo! – o rei gritou, eles estavam muito perto um do outro, Elion tinha se afastado, Helmund desembainhou uma adaga, mas o som do metal tremulo em suas mãos era quase ensurdecedor.

- Não posso permitir.

- Você não tem voz nisso. – o rei rosnou. – eu permiti que se envolvesse nisso, mas agora chega!

- Não. Isso não acabou, e eu vou ajuda-los. Nem que seja auxiliando-os em uma fuga. – Legolas afirmou, seu corpo tremia por mais que apertasse seus punhos para se controlar.

Seu corpo protestava, eram muitas emoções para processar, defender a princesa da ira do rei, parecia ser a única coisa sensata a se fazer, a única coisa aceitável ao seu coração, mesmo depois de sua confissão. O fogo nas tochas aumentaram de tamanho com uma explosão de faíscas, a magia do rei rondava borbulhante pressa como um champanhe prestes a estourar, Legolas podia sentir na fibra de seu ser, que algo iria se romper no exato momento. Mas Thranduil deu um passo para trás, olhando-o com a mesma intensidade de ódio e frustração que encarou a princesa, mas seu corpo tomou o controle da situação, nivelando sua respiração, controlando e manipulando sua expressão, a magia recuou, mas os sentimentos amargos refletidos em suas orbitas azuis eram impossíveis de se encobertar.

- Você escolhe dar as costas para mim, Legolas Greeleaf. Escolhe começar uma guerra em nome dela.

- Não estou escolhendo um lado, nem uma guerra. Estou protegendo-a. – o príncipe se defendeu. – o senhor sabe qual será seu destino quando Firandir a encontrar. Não pode me impedir para abandona-la nesse momento, muito menos nesse estado.

Thranduil fez uma careta de escarnio, examinou a situação da princesa e do mortal, antes de voltar a encarar o príncipe. Então fez uma mensura inclinada em forma de ofensa, e com um sorriso de deboche.

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