Que me tirem o coração.

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Thranduil estava sentado na mesa da sala de jantar, para almoçar. Todos os hospedes e seu filho estavam sentados também, e o silêncio apenas era quebrado pelo som dos talheres. Ele estava irritadiço, e por causa disso o ar parecia mais denso aos pulmões, e todo o resto parecia igualmente incomodado.

Ele levou a comida a boca, olhando para todos os lados, menos para seus convidados. Quando o alimento tocou sua boca, o sabor amargo explodiu em suas papilas, fazendo-o pegar sua taça e levar a boca. Não tinha prestado atenção, pois seu humor, e os problemas que o rondavam, mantiveram sua mente inerte na esperanças de não explodir, mas quando a cerveja amarga e mal feita tocou sua boca, sua única reação foi rosnar.

A raiva e frustração que tinha sentido durante os últimos dias ferveram em suas veias. Queria expulsar a princesa, os mortais e a feiticeira, queria obriga-la a deixar seu filho em paz, queria obrigar Legolas a parar de questionar sobre sua mãe, queria poder calar os nobres com um soco, queria poder banir de uma vez por todas as aranhas de sua terra. A insatisfação sobre pôs a razão, e ele jogou a caneca sobre a mesa, e puxou a toalha que cobria a madeira envernizada, jogando no chão e sobre os convidados todo o jantar e suas bebidas.

O grito surpreso e abafado de Brienne foi o que fez com que ele voltasse para realidade. A princesa estava assustada e tremeu levemente contemplar o que tinha acontecido, Legolas o fulminou com os olhos, enquanto Helmund tentava acalmar a loira em seus braços. Mas sua atenção foi sugada pelos olhos verdes de Dralyth, que o encarava de forma profunda, o que o irritou ainda mais. Não queria ninguém olhando para seus defeitos e sua vulnerabilidade.

- O que diabos aconteceu aqui?! – questionou Alathair, os olhos dourados vasculhando o estrago e desperdício.

O rei não conseguia comandar seu corpo, sua mente ainda atrapalhada na mistura explosiva de sentimentos negativos. Demorou alguns segundos para perceber que era a bruxa que o mantinha sentado, sutilmente forçando-o com sua magia.

- Recue agora. – ele ordenou com a voz estridente, a ira voltando a sobre por sua racionalidade, para ele não importava.

Ele podia sentir em cada fibra do seu ser que estava sendo traído. Tinha deixado uma serpente entrar em sua casa, e agora estava esperando pelo bote. Como um completo idiota. Sabia e ansiava.

- Solte-me agora!

Ele usou sua magia contra ela, de forma leve, mandando a magia dela de volta para seu corpo, a força que usou não deveria ser muita, mas a força que ela usava para controla-lo apesar de ser sutil, era forte, o que provocou um deslocamento de ar ao redor dela, que se transportou para outro lugar antes de receber o golpe.

- Ada? - Legolas questionou, levantando-se. O príncipe tentou toca-lo, mas o rei se esquivou.

Thranduil levantou-se e se afastou dessa bagunça. Enquanto atravessava o corredor as chamas das lamparinas e tochas tremulavam diante de sua fúria. Queria se isolar, porque era capaz de matar alguém com suas próprias mãos, e seu maior desejo era colocar suas mãos no pescoço esquio e acabar com aquele olhar petulante. O rei se apoiou contra a porta assim que a fechou, e começou a respirar e inspirar profundamente, tentando clarear sua mente, e acalmar seu coração.

- Thranduil.

O rei soltou uma maldição, virando-se para encarar a feiticeira que estava de pé no centro de seus aposentos, seus olhos verdes eram um lindo e profundo destaque no meio de toda aquela roupa e cabelos pretos.

- O que está acontecendo com você?

Ele apertou a mandíbula, a raiva fazendo-o fechar o punho e cravar as unhas na palmas das mãos. Não se sentia assim a tanto tempo, mas o que mais o irritou foi que Dralyth despertou lhe tamanha frustração.

O segredo da princesa.Onde histórias criam vida. Descubra agora