Alathair se sentou na mesa de jantar de sua família, seu pai na cabeceira da mesa e sua mãe ao lado esquerdo, e ele ao lado direito. Sentia-se outra pessoa dentro dos trajes formais que sua família exigia, seu cabelo estava devidamente trançados, mas sentia como se estivesse sufocando.
- Está na hora de você pensar na nossa família Alathair. – disse sua mãe docemente. – nós estamos muito orgulhosos de como você se tornou um homem honrado.
- Obrigado naneth.
- Mas ainda não aceitou cumprir com o que os Valars esperam de nós, íon nin. – os olhos dourados de sua mãe perderam o brilho amoroso ao tocar no assunto que causava divergência entre eles.
- Desculpe por não cumprir com as expectativas, mas não tenho nenhuma intenção de me casar. – ele respondeu, sentindo o olhar repreendedor de seu pai.
- Querido, você passou da idade de ter uma família, não consigo entender essa relutância. – sua mãe falou de forma calma, mas claramente repreendendo-o.
- Que tal o fato de elleths não me interessarem? – ele zombou, largando os garfos e afastando o prato.
- Não é o que os Valars esperam de nós. – ela disse docemente. – não é o que esperamos de você, não é o que quero para você, meu único filho.
Sua mãe era uma dama, não importa o quão irritada estava, nunca levantava sua voz. Ele suspirou sentindo-se preso em uma realidade diferente da sua, em uma casa de boneca, onde todos tinham um roteiro específico e não poderiam sair dele.
- Sinto Muito, mas não vou me casar com essa elleth que vocês escolheram para mim. – ele afirmou. Levantando-se em seguida.
- O que pretende fazer de agora em diante então? – seu pai disse irritado. – colocar Brienne sobre sua proteção e criar seu filho bastardo?
- Vai se casar com ela? – sua mãe questionou esperançosa.
- Não. Brienne merece alguém que a ame de verdade. – ele protestou. – Não vou me casar com uma mulher, não quero isso.
- Por que sempre procura me magoar, Alathair? – sua mãe sussurrou com dor, fazendo seu pai segurar a sua mão.
- Saia Alathair. – seu pai rosnou, e então ele saiu.
(...)
Brienne estava diante da cama enquanto ajudava Rachel a organizar seus vestidos recém lavados.
Sua serva estava chateada, não aprovava a ideia do seu pai de casa-la com Helmund, mas nenhuma das duas podiam fazer nada sobre isso. Ela não tinha visto o príncipe ainda, e não sabia como contar a ele a determinação de Firandir. Por esse lado, ela até concordava com o pai, Legolas não precisava da responsabilidade de cuidar de uma mulher como ela e ainda por cima grávida de uma criança que não era sua. Por outro lado, ela não seria injusta ao ponto de afastar seu filho de Helmund. E deixar Helmund e Legolas juntos, era como deixar palha seca próxima ao fogo.
Suspirando, ela acariciou o tecido de seu vestido, pensando na última noite que ficou a sós com o príncipe. Ela não sabia o que era o amor até essa noite, e hoje entendia que tinha feito escolhas que a afastaram desse sentimento.
- Eu posso aprender a ama-lo, me apaixonei por ele uma vez, posso fazer Isso de novo. – ela garantiu, tentando convencer a si mesma, mais do que a sua amiga.
Rachel não disse nada. Afinal o que ela poderia dizer? Elas estavam ocupadas e não notaram a aproximação de Helmund, até que o guerreiro limpou a garganta. Rachel se virou para ele já irritada, fazendo a princesa notar sua presença.
- Brie. Podemos conversar?
- Não vou sair. – protestou Rachel cruzando os braços sobre o peito.
- Por favor, Helmund. – disse a princesa. – tudo que tenha dizer, podemos falar na frente dela. Ela nos conhece muito bem, e sabia o que acontecia conosco.
- Brie, me perdoe. Eu não estava bem, e coloquei a vida de nosso filho em perigo, sei que não mereço tê-lo, nem a você, mas eu os amo, e prometo ser melhor. – ele implorou, segurando suas mãos.
- Eu sei que não faria isso de propósito, conheço-o, sei que seu coração, sei que não é intencionalmente mal. – ela sussurrou. – mas você precisa mudar, Helmund. Poderia ter acontecido algo pior ao nosso filho, eu poderia ter sangrado. Seria uma consequência muito grave do seu descontrole, por favor.
- Me perdoe também Rachel, não deveria ter me alterado dessa forma, muito menos machucar você. – ele disse a serva, então voltou-se para ela. – Eu não vou mais beber. Prometo que vou ser o melhor para vocês dois.
- Obrigada, Helmund. – ela sorriu e o abraçou, segurando suas lágrimas, repetindo para si mesma que seguir a determinação de seu pai seria o melhor.
Afinal, ela tinha seguido suas próprias ideias uma vez, e estava entre a cruz e a espada exatamente pior isso.
(...)
Legolas estava sentado na parte da montanha onde sempre ficava com seus amigos. Ainda não tinha falado com Brienne a sós, estava a todo custo evitando se encontrar com Nidhel.
Sentia vontade de esclarecer as coisas com Firandir, mas precisava deixá-los resolver suas próprias pendências. A lua estava tão grande no céu, que parecia abranger quase toda a floresta, o que fazia pensar ainda mais no sentimento que nutria dentro de si. Foi então que Alathair se aproximou, sentando-se ao lado dele com um suspiro cansado. Estava vestido como um nobre, com casaco, abotoaduras e calças que as cortes élficas costumavam a usar. Não parecia em nada o ellon que seguia a bruxa.
- Como você está se sentindo? – ele questionou, sabendo que a ausência de Elion, e a amizade estreita que mantinha com Bran, estava acabando com seu espírito.
- Não estou bem, mas vou ficar.
- Elion não está fazendo isso de propósito, não sei como ele está lidando com o Bran. – ele tentou consola-lo. – mas até a algumas semanas atrás, ele se recusava a aceitar que sentia atração por ellons.
Alathair riu sem alegria pensando nos gemidos de Elis, enquanto transava com Bran.
- Ele superou isso bem rápido. – ele zombou. – mas isso não faz diferença.
- Alathair...
- Não quero falar sobre isso, Legolas. – ele Suspirou. – o que pretende fazer em relação a Brienne?
- Eu não sei.
- Tauriel me contou que você a quer, verdade? – um sorriso malicioso enfeitou os lábios do ellon de cabelos prateados.
- Eu gosto muito dela. – ele murmurou tentando não corar, mas pelo sorriso de seu amigo, não tinha surtido muito efeito.
- Você se importa com a gravidez dela? Não me entenda mal, mas quase ninguém quer assumir uma elleth grávida de outra pessoa. – seu amigo suspirou. – claro que isso acontece mais entre os mortais, mas ainda assim. Você entende o que eu quero dizer?
- Entendo. – ele riu de seu amigo. – sinceramente? Não a nada que já me tenha causado tamanho desejo. Adoro estar com ela, seu espírito, seu coração. Me magoa saber que tem um filho com outro homem, mas meu amor não faltaria a essa criança jamais, tão pouco a ela.
Alathair passou um braço sobre os ombros dele, forçando-o a descansar o corpo contra o dele. Seus olhos dourados quentes e iluminados enquanto o encarava.
- Você é doce. – ele sussurrou. – se estivesse em meu poder, eu cuidaria de Brienne, e não os impediria de estar juntos e testar a profundidade desse sentimento.
- Nós sentimos sua falta, Alathair. Estamos felizes por você estar em casa novamente. – o príncipe sorriu. Enquanto voltava a observar o luar.
Fazendo uma silenciosa oração a Eru, para que eles pudessem estar em paz, e viver feliz o amor para o qual ele os criou.
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O segredo da princesa.
FanficInesperados visitantes em Mirkwood prometem acabar com a paz do reino, e principalmente para Legolas. Será que o príncipe conseguirá distinguir seu dever de seus desejos? Esse dilema trará muitos questionamentos, e uma pequena competição pela atençã...