Legolas estava deitado sobre sua cama, os braços e pernas abertos em forma de estrela. As cortinas brancas, azuis e pratas, bloqueavam o surgimento do crepúsculo. Era um novo dia.
O príncipe passou a noite toda pensando em sua infância, nós quadros que faltavam em sua casa, os membros da família que nunca eram citados, as sombras em relação a sua mãe. Naneth. Como ele se arrependia das discussões que teve com Thranduil por causa dela, das vezes em que passava dias revirando documentos importantes na esperança de saber quem ela era, e como ela tinha saído de sua vida.
Ele sabia agora. Tinha vontade de não existir, cogitou até mesmo entregar seu espírito. Mas de que adiantaria? Continuaria sendo filho de Oropher, e abandonaria quem mais precisava dele, Brienne.
Seus olhos ardiam pela lágrimas que derramou durante a noite, mas ainda assim estavam úmidos com novas gotas. Tinha certeza que poderia chorar o oceano. Sentia-se um estranho em sua própria pele, a alma em carne viva, o coração dilacerado. Tinha a sensação de ter vivido a vida de outra pessoa, um usurpador. Ele ouviu o sons de alguém caminhando em seus aposentos, então parou diante da sua porta, e deu dois toques leves.
- Legolas. – Tauriel chamou. – posso entrar?
Ele não respondeu. Porque ainda esperava poder manter-se longe de sua nova realidade por um tempo. Mas a ruiva abriu a porta osuficiente para que entrasse sem fazer muitos sons, e sentou-se no divã ao pé de sua cama. Mesmo de olhos fechados poderia imaginar sua pose de irmã mais velha e seu olhar de pena. Ela sempre foi assim, um pulso firme e um refúgio doce, toda criança deveria ter uma irmã como ela.
- Você sempre soube. – ele murmurou sem se mover, percebendo quando a ruiva cruzou as pernas.
- Sim.
- Por que então fingiu não saber quando contei sobre Nidhel? – a afirmação dela, o deixou mais amargurado. Quantos mais faziam parte dessa farsa?
- Eu não poderia dizer. Apenas por imaginar ser filho de Nidhel, você ficou arrasado. – ela sussurrou. – Você e Thranduil são minha família, eu não poderia magoar os dois ao mesmo tempo.
- Era meu o direito de saber.
- Não cabia a mim decidir isso, Legolas. Thranduil sempre vai te amar como um filho, mesmo que sejam irmãos. – ela suspirou. – e agora você pode estar com Brienne, como deseja.
- Minha vida foi uma mentira, Thranduil mentiu para mim. – ele reclamou, abrindo os olhos para se deparar com o olhar verde da ruiva.
- Sobre o que ele mentiu? A mulher que lhe abandonou? Essa foi sua única mentira. Ele o criou como seu filho, e o amou como dele sempre, quando os seus pais o abandonaram. – ela afirmou. – o que você teria feito se estivesse em seu lugar?
Ele mordeu os lábios, não querendo admitir que não poderia culpa-lo, afinal, tinha uma família, era um príncipe e sempre teve amor.
- Você vai colocar o filho de Brienne sobre sua proteção, vai tê-lo como filho, não? Teu amor será menos importante por que você não é o Helmund?
Legolas fechou os olhos, respirando fundo enquanto absorvia as palavras da ruiva. Queria se queixar, mas sabia que ela tinha razão, que não deveria desprezar o que tinha recebido até agora, mas lhe doía o peito a mentira, estar no escuro todo esse tempo, seu amor não mudaria se soubesse desde de o início sobre sua mãe e seu verdadeiro genitor.
- Deveria conversar com ele. – ela suspirou, dando lhe um tapinha nas pernas antes de se afastar.
O príncipe continuou deitado, ouvindo o farfalhas suave das cortinas que bloqueavam o amanhecer, apenas poucos raios do sol conseguiam invadir seus aposentos, lhe lembrando de que precisava viver um dia de cada vez, e lutar para ter Brienne ao seu lado.
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O segredo da princesa.
FanfictionInesperados visitantes em Mirkwood prometem acabar com a paz do reino, e principalmente para Legolas. Será que o príncipe conseguirá distinguir seu dever de seus desejos? Esse dilema trará muitos questionamentos, e uma pequena competição pela atençã...