O segredo da princesa.

O que há de errado com o meu coração?

Legolas se sentiu ansioso quando saiu do quarto de seu pai. Parecia desejar o dia em que Firandir poderia encontra-los e questiona-los. Não sabia bem porque desejava tal coisa, mas pelo menos agora tinha uma desculpa para ficar na companhia da princesa o tanto quanto quisesse.

Quando abriu a porta de seus aposentos, percebeu que seu pai o tinha seguido. A carranca em seu rosto era profunda, e seu olhar irritado brilhava a quilômetros. O arqueiro entrou sem nem mesmo esperar, sabia que viria um sermão, antes que o rei começasse a dar seus ataques de "estrelismo". O rei abriu e fechou a porta com tanta força que as dobradiças rangeram.

- O que você pensa que está fazendo?!

- Ajudando a sua rameira. – ele respondeu de mau gosto, enquanto tirava as próprias botas, na esperança de tomar um banho.

O rei lançou contra a parede a primeira coisa que lhe apareceu na frente, o que para Legolas, infelizmente era uma estátua em miniatura de uma coruja.

- Você sabe as consequências que vai enfrentar?! Nem sequer sabe se o que diz Dralyth é verdade!

- Achei que confiasse nela, afinal a deixa usar seu corpo.

- Ela é uma mentirosa e traiçoeira! É uma bruxa! Maldição! – o rei gritou – pode ser uma de nós, mas não é como nós!

Legolas pensou em Alathair, que ele também considerava um ellon não confiável no momento.

- Talvez essa mimada, só não quer se casar com um gordo careca! Ou não quer fazer a vontade do seu pai! Ou seja o que os humanos pensam! – ele rosnou – um meio elfo não é como um elfo, Legolas, escute o que estou falando! Eles podem pensar como nós, mas eles sentem completamente diferente! Não há amor eterno, não há sinceridade, eles são capazes de tudo! Sua metade homem os corrompem! Eles podem estar mentindo para nós, planejando algum golpe, ou dando um golpe!

- Por que o senhor não manda uma carta a Firandir, questionando-o?

- Isso seria como atrai-lo para cá! Maldição! Ele sabe da minha relação com Dralyth, e sabe da confiança que ela tem em mim.

- Então só temos duas opções. Aceitar que o que diz sua bruxa é real, ou aceitar que isso é uma mentira. – Legolas encolheu os ombros – eu prefiro acreditar que elas dizem a verdade.

- Valar! Eu poderia lhe ar uns tapas!

- Por favor. – o príncipe chiou – qual o seu problema com isso?

- É você! Não percebe que é irredutivelmente um tolo apaixonado, apenas esperando alguém para amar!

Legolas encarou seu pai por muito tempo, absorvendo as palavras dele, antes de sorrir.

- Não tenho interesse nenhum em paixão, ou amor. Deveria ficar feliz por estar ajudando sua amante. – o príncipe ralhou – agora por favor, chega dessa conversa infundada, e toda essa ira! Valar, como você está estressado nesses últimos dias, parece que a sua "transa boa", não está funcionando, não é mesmo?

Thranduil fez um ruído com a garganta antes de girar dramaticamente e se retirar, batendo a porta com tanta força quanto antes, fazendo a luminária próxima a porta balançar com sua pequena tocha. Legolas franziu o cenho, se perguntando quando foi que seu pai deixou se comportar como um "pai" e virou uma espécie...filho, ou seria irmão?

O príncipe tomou um banho, antes de ir atrás de Elion. Precisava conversar e esclarecer o que iria acontecer, pelo menos, somente com seu amigo, e depois poderia ir atrás de Brienne. A voz de seu pai acusando-o de ser um "tolo apaixonado" brincou em seus ouvidos, enquanto tentava entender o sentimento que brotava em seu coração.