O segredo da princesa.

A fuga.

Tranduil despertou com um grito preso na garganta. Estava suando frio, e seus olhos doloridos, seus cabelos encharcados grudaram em sua pele, mas a ânsia em seu estômago o fez correr para o lavatório.

Um sentimento doloroso e apreensivo apertava seu peito ao ponto de ficar sem ar, sentiu-se como se fosse Elion com seu ataque de pânico. Mas isso não fazia sentido, o garoto tinha uma forte ligação emocional e mental com sua irmã gêmea, Thranduil por outro lado... tinha a um irmão que estava bem, ou assim ele acreditava estar.

- Ada?! O que está contendo?!

Ao ouvir a voz de Legolas, uma torrente encheu seu peito, e uma crise de choro se iniciou. Ele agarrou a borda no lavabo enquanto desabava em soluços dolorosos que faziam seu corpo inteiro tremer, suas pernas estavam sem força, e seu estômago completamente revirado.

- Ada? – Legolas o tocou, mas virou-se para a porta. – saiam todos daqui, o rei não está sendo atacado.

O tintilar de espadas e armaduras encheu os aposentos por alguns instantes enquanto os guardas embainhavam suas espadas. Seu filho voltou a toca-lo, enquanto segurava seu cabelo para que não sujasse com seus fluidos.

- Ada?

- Eu estou surtando. – ele sussurrou. Não tinha outra explicação. Por que mais ele despertaria desesperado, e chorando?

Pior de tudo foi a dor em seu peito que não passava, seu coração corria acelerado como se estivesse no meio de uma batalha. E suas lágrimas desciam como se fossem cachoeiras em dia de chuva.

- Venha, ada, vamos nos sentar.

Ele o conduziu até a cama, e o rei sentou, e olhou para suas próprias mãos e coxas nuas. Estava tremendo tanto que quase não pode parar sentado. Olhou para seu reflexo no espelho e ficou assustado consigo mesmo, sua magia tinha cedido, e seu rosto desfigurado o contemplava de volta.

- Ada? – Legolas o estava observando atentamente, enquanto a magia cedia pouco a pouco, revelando sua verdadeira forma. Sua deformidade.

- Eu estou bem. Isso aconteceu a muito tempo.

- Eu sei. – o príncipe sussurrou. – li em um dos livros que Taelin mantem para si mesmo.

- Como conseguiu esse livro?

- Estava procurando respostas sobre minha mãe.

- Encontrou?

- Não. – ele suspirou. – ada, vamos focar no que está acontecendo agora?

Thranduil respirou algumas vezes. Mas de nada adiantou, seu coração ainda corria dentro de seu peito, ao ponto de quebrar suas costelas. Ele tocou o próprio rosto, sentindo as lagrimas umedecerem seus dedos.

- Eu acho que estou vazando. – ele zombou, mas Legolas não gostou, fazendo uma careta o príncipe se aproximou.

- Chega de gracinhas, foi um pesadelo?

- Não. – o rei respondeu enquanto pensava. – não sonhei com nada, ou não me lembro de nada.

Legolas se agachou diante dele e segurou suas mãos tremulas, olhando com preocupação em seus olhos.

- Ada, você quase destruiu o palácio. – informou com suavidade. – as árvores ao redor se dobraram tanto que pensamos que iriam se quebrar. Aposto que o senhor acabou com a colheita desse ano.

Thranduil franziu o cenho, e olhou para seu próprio corpo tremulo, a magia que liberou justificava o estado de seu corpo.

- Juro, por você e tudo que é mais sagrado, que não faço ideia do que aconteceu.