Your Eyes Tell {Jungkook}

As luzes

— "Do que você tem medo?"

— "De ficar sozinha, tenho medo de terminar sozinha..."

☽

Acordo de mais um sonho. Pelo menos dessa vez não foi um pesadelo.

Ainda deitada, olho pra janela, vendo aberta, fazendo o vento frio da noite entrar e balançar a cortina branca.

Me levanto rapidamente para fechá-la.

— Sempre deixar tudo fechado. - Falo para mim mesma.

Volto a deitar no colchão, mas perdi meu sono.

Encaro meu teto branco e sem graça. Assim como a minha vida, sem graça e vazia...

— Sinto sua falta, pai. - Um nó se forma na minha garganta, mas eu seguro o choro. Hoje não, não vou chorar.

(...)

— Bom dia. - Hoseok diz assim que eu entro na cafeteria. Ele sempre está radiante como o sol e eu invejo isso.

— Bom dia. - Sorri sem mostrar os dentes. Me sento perto do balcão. — Café puro, o de sempre.

— Certo. - Hoseok é o único da cidade que me dá "bom dia" e não me olha de canto de olho, sussurrando algum julgamento ou falando sobre o passado que tanto me persegue. Tem uma filha pequena. Sua esposa morreu em um acidente de carro. — Já está conseguindo dormir direito? - Ele pergunta e me entrega a xícara de porcelana com café dentro.

— Sim. - Minto.

— Que ótimo! - Ele sorri e eu apenas faça um beleza com o polegar.

Escuto o barulhinho do sino que fica na porta de entrada do lugar. Não me viro para olhar, pois não me interesso.

Mas seus passos podem ser ouvidos até do outro lado do mundo. E isso estava me incomodando, seus sapatos fazendo barulho no chão de madeira, estão irritando meus ouvidos.

A cadeira ao meu lado é puxada para trás.

— Novo na cidade? - Hoseok pergunta.

— Sim. - Seu tom de voz não é tão grave, mas não deixa de ser masculina o bastante.

— Sou Hoseok, mas pode me chamar de Jhope ou Hobie, sou dono desse lugar. Qual o seu nome rapaz?

— Jungkook, meu nome é Jungkook. - Consigo escutar sua língua estalar no céu da sua boca. Bebo todo o meu café, deixo a xícara e o dinheiro em baixo da xícara.

— Lee! - Hoseok me chama pelo sobrenome. Me viro para olhá-lo e acabo passando os olhos pelo garoto. Suas roupas são escuras e seu cabelo um pouco longo, batendo no pescoço.

— Diga.

— Vai ter as luzes hoje. Espero que vá, pelo menos esse ano. - Concordo com a cabeça e giro o calcanhar.

Saio da cafeteria e vejo que está nevando. Sorri pequeno.

Por onde passo, atraio olhares curiosos e sussurros.
Parece até que cometi um crime.