"Os passos estavam cada vez mais perto.
Me enrolo nas cobertas e finjo que estou dormindo quando a porta é aberta minuciosamente.
Clac.
A porta é trancada, meu corpo começa a tremer quando eu sinto sua presença cada vez mais perto, acho que não estou respirando. Meu lábio inferior começa a tremer e eu seguro um soluço que quer escapar. De novo não. A coberta é tirada de mim em um solavanco só e eu já sinto o cheiro de álcool emanando dele.
— Eu sei que você não está dormindo. — sua voz grossa e arrastada diz. Meus olhos se abrem e eu vejo os deles, os verdes iguais aos meus estão irritados.
Seu cabelo ruivo está bagunçado e a barba por fazer.
— Por favor pai... — imploro com a voz embargada de choro.
— Cale a boca, eu nunca quis ter você, eu te odeio, você acabou com a minha vida e você vai pagar por isso.
O primeiro tapa é estalado em minha bochecha direita, mina boca fica com gosto de ferro no mesmo instante.
— Por que faz isso? — sussurro chorando baixinho.
— Porque eu posso. — Outro tapa — Porque eu quero, se contar à sua mãe eu mato você e ela. —sussurra em meu ouvido — agora fique quietinha.
As surras se tornaram frequente de um tempo para cá, como sempre ele nunca bate em meu rosto e eu sei que não é porque não quer, mas sim, para não deixar os hematomas a vista. Em uma hora eu caio e meu braço bate no batente da porta, o sangue começa a jorrar e vejo uma larga abertura do meu pulso até o cotovelo. Ele não diz nada somente sai pela a porta, corro para o banheiro para tomar um banho e chorar.
Chorar, pois, eu sei que nunca vou ter um pai.
Chorar porque eu sei que nunca vou conseguir sair disso.
A cicatriz arde quando coloco água e engulo um grito.
Um de vários."
Acordo suando frio e com minha mãe ao meu lado chorando junto comigo, foi um pesadelo, coço a cicatriz que eu tenho em m eu braço e aos poucos vou me acalmando. Minha mãe me abraça fazendo carinho e me deita na cama até eu cair no sono novamente, depois de um tempo ela se levanta com cuidado para não me acordar. Sinto um beijo em minha testa e a ouço sussurrar:
— Ele vai pagar pelo o que fez minha filha, eu prometo. Me desculpe. — assim eu a ouço sair do quarto.
O sono vem e junto com ele a paz e a escuridão.
Sem nenhuma lembrança dessa vez.
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ARE YOU WITH ME? (FINALIZADO)
RomanceTraumas são dificilmente esquecidos ou superados. Elizabeth Foster, passou por muitos deles. Entretanto, ela não perdeu sua essência de garota doce, o passado lhe mostrou quanto o mundo pode ser cruel e ser quieta era uma das melhores alternativas...