Me lembro da primeira vez que eu ouvi falar sobre a lenda do Dente-de-leão, era uma tarde ensolarada e eu estava correndo na chácara da minha vó. Eu devia ter meus sete ou oito anos, em um dos passeios que eu fazia pelo o jardim eu lembro de ter enxergado uma flor peculiar. Seu caule era um tom de verde oliva, quase musgo, era fino igual um palito de dente. E no topo havias as pétalas brancas, me lembravam flocos de neve e também algodão. Descobri pouco tempo depois que essa planta pode dar em qualquer estação do ano, fiquei fascinada com essa informação. Me lembro de ter pensado qual nome eu daria a essa plantinha.
Eu dei o nome dela de forte.
Eu peguei a flor e corri para a casa mostrando para minha vó a minha mais nova descoberta. Ela me puxou para o seu colo e começou a me contar sobre a lenda da flor.
Ela me disse que o dente-de-leão era onde as fadas moravam, uma vez que elas eram livres nos campos onde tinha árvores tão grande quanto gigantes, rios tão claros como a luz do dia e belas fadinhas. Ela continuou contando que essas criaturas vivam livremente na natureza, até que um dia os homens chegaram. As fadas e as outras criaturas se refugiaram na floresta, na parte mais densa. Mas elas tinham as roupas brilhantes e coloridas para conseguirem se camuflarem dos homens era muito difícil. Por isso elas foram forçadas a se tornarem dentes-de-leão. Eu era pequena demais para entender que elas morreram, mas que assim veio essa florzinha tão peculiar.
"É uma ponte de conexão entre a vida e a morte, querida. Quando você achar seu amor verdadeiro você vai soprar essa flor e se elas regressarem com o vento indicará que o seu desejo será atendido, terá uma esperança. Ou se você querer uma segunda chance basta fazer o pedido."
Se eu pudesse voltar no tempo eu olharia para os olhos amendoados da minha vó e iria dizer que eu entendia. Eu entendia vovó o que você queria me dizer.
Você me contou uma lenda onde lindas vidas foram reprimidas por homens. Onde as cores bonitas e a beleza da natureza viraram nada menos que um campo deserto e seco.
E eu diria que eu era uma fada.
Eu entendia o que elas sentiram por ter que deixar seus lares e suas vidas para virarem uma linda flor.
Eu era a fada e ele era o homem.
"Elas são livres, vovó." me lembro de ter dito depois de um alguns segundos em silêncio.
"Me prometa uma coisa, Beth. Quando você achar o rapaz ou a moça que você tem certeza que ame você vai soprar a flor. Mas faça bom proveito, assopre quando você estiver em momento de dificuldade com a pessoa que você tanto ama, querida."
"Eu prometo."
Solto a flor delicada e a deixo em seu lugar, caminho de volta para minha cabana. Pensando na lenda que minha avó me dissera quando eu era ainda uma criança tola.
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ARE YOU WITH ME? (FINALIZADO)
RomanceTraumas são dificilmente esquecidos ou superados. Elizabeth Foster, passou por muitos deles. Entretanto, ela não perdeu sua essência de garota doce, o passado lhe mostrou quanto o mundo pode ser cruel e ser quieta era uma das melhores alternativas...