Quando dois amantes se olham nos olhos, a batida de seus corações sincroniza. Uma vez eu ouvi isso na aula de biologia, há dois anos atrás, por alguma razão essa informação se fixou em minha cabeça e eu não entendia como isso poderia ser possível. Era uma coisa tola de se pensar por muito tempo, mas eu não entendia a razão e como isso funcionava. Até o dia em que conheci ela.
Outra coisa que eu ouvi nesse dia é que a cocaína transmite a mesma sensação de estar apaixonado. Seu coração acelera de uma forma extasiante, sua barriga começa a ter mil borboletas fazendo os pelos do seus corpo ficarem arrepiados, sua pupila se dilata e seus olhos brilham pelo êxtase. Entre se apaixonar e usar cocaína, pouco tempo atrás eu diria que isso não existia e não era possível. Estava completamente errado. Se você se apaixonar por uma pessoa e tiver medo, eu lhe digo: não tenha. Se jogue e viva aquele momento porque nada se compara a estar ao lado da pessoa que você mais ama. A cocaína não se compara à sensação de estar apaixonado.
Me olhando no reflexo espelho eu engulo em seco. Fazia quase duas semanas desde o acontecimento do ano novo, e assim como ela me pediu, não procurei mais Elizabeth. Agora cara a cara com o meu próprio pesadelo me chamo de covarde. Eu estava com medo de encarar Elizabeth nessas voltas às aulas, covarde pra caralho.
Pendo a cabeça de lado e olho para o meu reflexo. As pessoas têm os pesadelos delas e os medos, e ali bem na minha frente estava o meu. Cerro o maxilar e olho para o monstro em minha frente.
Covarde e um monstro. Eu até daria importância há pouco tempo atrás, mas agora eu não me importo. Não quando a única pessoa que me fazia querer lutar contra mim mesmo admitiu aquilo que eu era.
Eu não me importo. Não mais.
Pego o blazer e saio de casa.
— E como Lia está? — Henry questiona ao meu lado. Olho de soslaio para o loiro à minha frente.
— Melhor, bem melhor. Ela não precisa mais da mala de oxigênio e minha mãe não tem um ataque do coração quando a vê correndo pelo quintal. — Henry sorri orgulhoso.
— Ela é forte.
— Ela é — concordo maneando com a cabeça.
Encostado no carro de Henry observo as pessoas entrando na escola. Há pouco tempo começou com as sessões de quimioterapia, felizmente, está tendo resultados positivos e minha princesinha está ficando cada dia mais forte. Claro que tem as partes do enjoos e os fios de cabelos por todo canto, entretanto, a pequena não se deixa abalar por nada. Não reclama quando eu a levo para o hospital ou a minha mãe com meu padrasto, Lia apresentou leucemia e descobrimos cedo. Isso foi bom, mesmo não tendo uma cura cem por cento efetiva pode ser controlada. A pequena cismou que agora quer tiaras, de certa forma ajuda a disfarçar a perda de cabelo e o sorriso maroto que eu vi ontem quando dei uma coleção de tiaras de todas as cores, deixou o meu coração quente o que não acontecia há muito tempo.
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ARE YOU WITH ME? (FINALIZADO)
RomanceTraumas são dificilmente esquecidos ou superados. Elizabeth Foster, passou por muitos deles. Entretanto, ela não perdeu sua essência de garota doce, o passado lhe mostrou quanto o mundo pode ser cruel e ser quieta era uma das melhores alternativas...