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Estava tão cansada, que acabei cochilando encostada no ombro de RS, algo que não faria se estivesse em condições normais e ele também não deixaria, mas isso não importa agora.

Acordei com alguém me chamando e não me surpreendi ao ver que era a Dai, me erguir e levei a mão até os olhos, estava com a visão um pouco embarçada, então precisei me acostumar com a claridade do ambiente. Ainda estava no hospital esperando o médico vim me dizer algo, o que não aconteceu em mais de horas espera, já estou quase invadindo aquela sala.

Dai: Desculpa te acordar - Disse com a voz um pouco baixa e foi aí que percebi que o grosso ao meu lado também tinha apagado - Principalmente você levando uma vida para conseguir tirar um cochilo - Sorrir do modo como ela colocou a frase - Mas seu celular está tocando insistentemente e no visor tá mostrando o nome do seu pai - Fiquei surpresa em ver o tamanho da cara de pau dele, em como pode ter s coragem em me dirigir a palavra depois do que fez, sabendo qual seria a minha reação.

Bru: Obrigada Dai, mas tenho certeza que não é nada muito importante - Falei e ela sorriu - Pode desligar se quiser, não tem problema - Completei e ela assentiu, já que a mesma estava sob a posse do aparelho.

Voltei a usar o RS de travesseiro enquanto me via mergulhando em pensamentos e várias teorias do que pode ou não acontecer depois de toda a merda que meu pai decidiu causar e o pior é que eu nem consigo imaginar algum motivo realmente convincente que possa levá-lo a prejudicar ela dessa forma tão inesperada. As vezes fico pensando em como tudo seria se mamãe ainda estivesse aqui, se ela iria me apoiar em tudo ou se agiria da mesma forma ou até mesmo pior que papai. Acho que a primeira opção é mais viável, se tratando dela, seria possível ele agir de modo completamente diferente se ele ainda a tivesse ao seu lado. Talvez se nada daquilo tivesse acontecido, Diego estaria mais focado no que tanto presa e teria percebido quando estavam a seguindo, nada disso estava acontecendo agora. Pode ser que a gente poderia nunca se connhecer, caso a linha do tempo fosse uma, onde tudo o que citei, tivesse sido executado, mas pelo menos ela estaria bem, sem precisar passar por toda essa merda.

Sair dos meus pensamentos por causa do puto do RS, que resolveu me matar do coração ao dar um pulo e ficar em pé do nada.

Bru: Aconteceu alguma coisa? - Perguntei ao perceber que ele não parava de observar o lugar - Você parece... Fora de si.

Renato: Não foi nada - Disse voltando a se sentar - Só estava em um alerta de perigo.

Bru: Entendi - Com certeza estava e ter um pesadelo sem dúvidas não foi de grande ajuda - Vou pegar um café... Quer que eu traga para você?

Renato: Se não for colocar nada dentro dele - Disse dando um sorriso irônico... Nem sei porque ainda tento - Pode ser. Bru: Se eu decidi tentar te matar, fique sabendo que não vai ser com veneno - Pisquei  para ele já me levantando e seguindo para fora do hospital, iria comprar algo para comer também, não dá para cuidar de alguém, se eu estiver quase morrendo, então vou ter que manter ao menos a alimentação estável.

.......

Tudo bem, eu odeio hospitais, principalmente quando eu ou alguém que prezo muito, está na cama deles. Já fazem quase dois dias que ela está aqui e a única maneira que o médico encontrou para poder ajudá-la com as dores, foi seda-la, mantê-la dormindo enquanto não consegue uma possível solução. Estava nesse momento ao lado dela, velando seu sono e de certa forma feliz por vê-la tranquila.

Havia conversado com o Dr Araújo, o responsável pela Lud. Ele me fez várias perguntas, algumas delas para mim, sem muito sentido, mas mesmo assim me preocupei em responder todas elas e aqui mais me chamou a atenção foi a referente ao modo como ela força contato contra um pouco específico na cabeça. Se não estou enganada, ele foi o primeiro médico a fazer uma pergunta daquele tipo. Mas foi o suficiente para o mesmo se surpreender com a resposta e mostrar preocupação em praticamente tudo.

Médico: Estive percebendo durante todos os exames que foram feitos, o fato de ela nunca parar de fazer uma forte pressão nesse determinado ponto - Disse mostrando ao ponto que se referia, é claro que seria ali -  Tendo essa visão em mente, dediquei uma base dos exames somente para esse local, porém nada foi apontado - Assenti já sabendo que essa seria a resposta - E não nego que isso me deixou muito surpreso... Nunca em tantos anos de carreira, vi um paciente com tanta dor e todos os seus exames dizerem que não há nada de errado... O que aconteceu com ela?

Bru: Um acidente relacionado ao pai - Não iria dizer quem é o pai dela, mas se há uma chance, não vou esconder o motivo de toda essas dores - Ela foi pega por algumas pessoas que não pensaram duas vezes antes de injetar um chip neurocelular na região que você citou... Esse chip é um projeto desenvolvido pelos...

Médico: Pelos japoneses - Completou por mim, não nego que fiquei surpresa - Eu sei... Fui sócio nesse programa... De início, a idéia principal era projetar algo que pudesse ajudar pacientes que ficam inválidos por causa de alguma fratura no nervo célula, porém esse não foi o foco final, o que fez muitos de nós deixar tudo de lado - Disse olhando o nada - Não sabia que tinham conseguido finalizar o projeto.

Bru: Pois é... Conseguiram e ainda colocaram no mercado de venda - Afirmei com atenção.

Médico: Preciso confirmar algo - Disse andando pelo corredor  a frente - Volto em alguns minutos para lhe apresentar um prognóstico final - Sem ter muito o que fazer, apenas assenti e me fiquei no motivo da minha presença aqui.

Passados mais algum tempo, ainda não tinha sido notificada de nada novo, estava apenas a espera da volta do médico. Deixei um selinho nos lábios dela e estava para sair do quarto, porém senti sua mão no meu ombro. Me surpreendi com o tal ato, já que segundo a enfermeira responsável, o tranquilizante prescrito pelo médico, deveria deixá-la dormindo pelo menos até o fim da noite e ainda não são sequer 23 horas.

Bru: Você deveria estar dormindo - Falei voltando a me sentar.

Lud: Não nego que queria - Disse tentando forçar um sorriso - Mas não dá, não consigo - Apertou minha mão e fechou os olhos com força - Só tá piorando Bru... Não sei o que fazer.

Bru: Você vai ficar bem - Falei sabendo que era difícil até mesmo para mim conseguir acreditar em minhas próprias palavras - Vamos resolver tudo, juntas.

Lud: Não mente para si mesma... Sabemos que isso pode não ser a verdade - Disse levando a mão livre até a cabeça e não pude evitar que meus olhos se enchesse de lágrimas - Temos noção de tudo que está e principalmente do que pode vir acontecer.

Bru: Não vou deixar nada de ruim te acontecer. Enquanto eu puder fazer algo para te ajudar - Falei e ela me olhou com aqueles olhos que me ganharam, repletos de dor e preocupação - É exatamente o que vou fazer.

Lud: Ahhhh!!! - Gritou, me deixando ainda mais preocupada. Pai você deve mesmo me amar como diz... Se soubesse o quanto está fazendo meu ódio por você crescer - Pensei.

Bru: Eu vou cuidar de você - Falei chamando a enfermeira que não demorou muito a aparecer l e tratou logo de aumentar a dose do sedativo e pouco minutos depois, a Lud voltou a dormir e ela deixou o quarto - Enquanto depender de mim... Vou te manter segura e dar um jeito de retirar essa coisa de você.

Sai do quarto pouco depois e fiquei muito surpresa ao encontrar o Diego conversando com o RS. Quando foi que ele chegou e ninguém se deu o trabalho de me avisar? Quer saber, isso não importa, é bom ele estar aqui, assim eu não preciso passar nenhuma atualização a mais.

Bru: Diego, quando chegou? - Perguntei o cumprimentando com um abraço mesmo, já temos intimidade o suficiente para isso e pude ver que o RS me olhou meio sem acreditar, talvez por achar que eu menti quando disse que minha relação com o Diego era das melhores, ao menos agora.

Diego: Não faz muito tempo - Respondeu ao se afastar um pouco - Qual a situação dela?

Bru: Não está muito boa - Falei querendo prosseguir, porém fui interrompida.

Médico: E se o aparelho responsável pela ordenação de intensidade não existir mais, como eu presumo que seja o que está acontecendo , tudo só vai ficar ainda pior - Dr Araújo disse surgindo atrás de mim - A porcentagem do aumentar, de hora em hora, não dou até o meio-dia de amanhã para atingir os noventa e cinco por cento e se chegar a esse ponto, não há mais nada que possamos fazer.

Diego: E o que precisa ser feito para conseguir no mínimo retardar esse fato iminente? - Perguntou, enquanto minha mente tentava digerir tudo, porém fui atingida por algo muito pior.

Médico: Ela precisa morrer...

A agente do FBI e a Sub-Dona do morro ( Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora