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BRUNNA

Lud: Abre - Disse depois de me entregar uma pasta.

Fiz o que ela pediu e comecei a ler o conteúdo da pasta em questão. Mal terminei de ler a primeira página o de estavam os dados principais e meus olhos já se encheram de lágrimas. Ver o nome da minha mãe escrito ali e saber que aquele era um laudo de falecimento, não foi nada agradável. Eu sempre quis saber o que tinha acontecido com ela, nunca fiquei satisfeita com as respostas que nem eram respostas do meu pai. Dois meses depois que ela havia desaparecido, pensei que a mesma havia se cansado de mim e do meu pai e tinha ido embora. Não porque eu era muito nova, até porquê eu já tinha quinze anos, mas sim porquê papai nunca disse um A que fosse sobre o assunto, esteve sempre me deixando no escuro. Quando completou um ano sem a presença dela, eu cheguei a conclusão de que ela havia morrido e papai queria me poupar da dor, mas como eu não tinha certeza de nada, me mantive apegada a primeira opção, então preferia pensar que ela nos deixou a acreditar que ela tinha realmente morrido.

Ler cada palavras desses documentos acabou comigo, em minutos me peguei chorando o que não chorava há anos, estava me sentindo uma criança indefesa. Sem que eu esperasse, minhas mãos me traíram deixando os papéis irem ao chão e em seguida sentir os braços de Ludmilla me abraçando forte, apoiei o rosto no peito dela e deixei as lágrimas caírem com toda intensidade que vinham. Acho que uns 10 minutos depois, Finalmente consegui me acalmar e cessar o choro constante. Tinha que encerrar esse assunto e tentar dormir, os meus dias tem sido bem exaustivo ultimamente.

Bru: Onde você conseguiu isso? - Perguntei me soltando dos seus braços.

Lud: Na ala médica do meu pai - Respondeu meia cabisbaixa - Decidir investigar um pouco sobre a vida dele e a relação com o seu velho e meio que sem querer acabei achando esses documentos, achei estranho ao ver o seu sobrenome aí... Mas me lembrei que você nunca disse nada sobre sua mãe e depois de uma simples busca, descobrir que era ela.

Bru: Há quanto tempo você sabe disso mesmo? - Estava curiosa e com medo de fazer merda.

Lud: Que estou com os documentos, acho que tem uns três dias - Disse sem me olhar uma vez sequer - Que confirmei ser realmente a sua mãe, Foi confirmado ontem - Como se soubesse a minha próxima pergunta, prosseguiu - Eu estava pensando se era ou não a melhor escolha te mostrar, Então me pus no seu lugar... Se fosse comigo, com toda certeza iria querer saber o que aconteceu com minha mãe, não importando qual seria a descoberta - Disse finalmente olhando para mim - Olha, eu não sabia de nada disso, não sei o que meu pai tem haver com tudo isso e muito menos sei porque esses documentos estavam sobre a posse dele e não do seu... Eu só me senti na obrigação de fazer isso chegar a você.

Bru: Obrigada - Agradeci, voltando a abraça-la - Estava atrás dessa confirmação há anos... O que acha de irmos dormir ? - Sugeri e ela assentiu se levantando e me pegando no colo - Isso foi uma merda, tenho que admitir, mas eu ainda posso andar.

Lud: Não estraga o meu momento - Disse e eu me permiti a sorrir.

.......

Me levantei antes da Ludmilla, queria passar em casa antes de ir para agência. Tomei meu banho, fiz minha higiene e fui até o closet e peguei uma roupa para me vestir. Já arrumada, peguei as chaves do meu carro e sair logo depois, deixando Ludmila ainda em um sono profundo. Fiz todo o percurso pensando em como iniciar esse assunto com papai, outra vez. Pelo menos eu tenho a noção de que ele não vai poder me dar a mesma resposta de todas as outras vezes, não sem dizer algo a mais para se explicar. Deixei o carro em frente à casa e já fui entrando, praticamente atropelei o segurança que tentou me barrar e quase arrombei a porta. Quem ele pensa que é para tentar me impedir de entrar na minha própria casa? Eu só não estou aqui porque não quero, preferi morar com a Ludmilla. Se eu decidi que quero ficar aqui é não quero o meu pai por perto, ele é obrigado a se retirar já que o imóvel está no meu nome. Ele deve ter se esquecido dessa merda.

Jorge: Mais que merda você acha que está fazendo?! - Apareceu gritando na sala.

Bru: Eu que deveria te perguntar isso - Falei com tranquilidade - Por que raios esses idiotas tentaram barrar a minha entrada?

Jorge: Eles estão seguindo ordens - Abaixou o tom de voz - Ganham para isso.

Bru: por acaso esqueceu quem é a dona dessa porra aqui?! - Acabei me exaltando - Não tem o direito de impedir a minha entrada na minha própria casa!

Jorge: O que deu em você, Brunna? - Perguntou me analisando.

Olhei fixamente para ele, respirei fundo até recuperar meu autocontrole de volta. Se quisesse continuar com isso, eu iria precisar de toda a calma do mundo.

Bru: O que aconteceu com a minha mãe? - Perguntei ignorando a fala dele - E não ouse dizer que ela me amava muito - Advertir antes que ele pudesse abrir a boca - Isso não é resposta, nunca foi e nunca vai ser... É apenas fato, uma constatação.

Jorge: Eu não sei o que dizer, Brunna... Essa frase é tudo o que importa... Você não tem que saber de mais nada - E mais uma vez ele evitou me dar a resposta certa, evitou abrir o jogo e me falar a verdade.

Bru: Sabia que a primeira coisa que eu pensei quando ela não voltou naquela primeira semana, foi que ela havia se cansado da gente?... Se cansado de mim?... Pensei que ela não me amava o suficiente para ficar ao meu lado e por isso foi embora sem se despedir - Falei e em nenhum momento ele olhou para mim. Depois de tanto insistir e não obter uma resposta ou notícias de que ela estava bem, não importando o lugar em que estava... Eu cheguei a conclusão de que ela havia morrido e mesmo ainda tendo a ponta de esperança de que eu estivesse errada, sempre quis saber como - Me sentei no chão de frente para ele - Depois de ontem, essa vontade só aumentou... E então pai? Como ela morreu? - Perguntei suspirando - E o que Diego tem haver com tudo isso?

Ele levantou o olhar e levou as mãos até os cabelos, estava nervoso, indeciso, ao que parece, respirou fundo e se preparou para mim relatar os fatos ou ao menos responder minhas perguntas.

Bru: O que você sabe? - Quis saber.

Jorge: Ela morreu em uma sala de cirurgia - Disse sem desviar o olhar - Mas não sei os motivos que a levaram até lá, não estava disponível - Como seguiu essas informações? - Acho que os papéis estão invertidos aqui.

Bru: Isso tá errado, sou eu quem deveria estar fazendo as merdas das perguntas - Comentei - Não ao contrário.

Jorge: Só responde o que eu te perguntei - Insistiu como se isso fosse importante.

Bru: O que isso importa? Você devia está preocupado em me dizer toda essa merda é não em descobrir como recebi as informações - Falei ríspida, porém calma.

Jorge: A sua mãe foi baleada - Disse e eu fiquei em silêncio, esperando que ele continuar - Aquela noite em que te deixamos na casa da sua vó e saímos juntos, foi quando ela nos deixou... Eu quero saber como descobriu isso, porque nunca pude velar o seu corpo... É estranho saber que ela esteve em uma sala de cirurgia, se eu nunca fui informado sobre isso.

Bru: Quem atirou nela? E por que fez isso? - Perguntei já tendo uma idéia da resposta.

Jorge: Você sabe quem foi - Disse percebendo a minha tensão - Esse é um dos motivos para eu o odiar tanto... Não sei porque ele fez isso, só sei que aconteceu... Vai me dizer de o de tirou as informações?

Bru: Com a Ludmilla - Falei e ele me olhou surpreso - Assim como eu, ela também está intrigada com essa relação que você e o pai dela tem e xeretando as coisas do Diego, ela encontrou um laudo de óbito, o laudo da mamãe - Sorrir ironicamente - Ao que parece, ele tentou salvar a vida dela, independentemente dos motivos para ter puxado o gatilho... Preciso tentar falar com ele, não sei quando e nem como, mas preciso.







Obs: No capítulo 43, cometi uma troca de personagem na 2° parte da Lud com a Patty, o encontro era com o Erick e não Patty. Mas concertei.

A agente do FBI e a Sub-Dona do morro ( Brumilla)Onde histórias criam vida. Descubra agora