Capítulo 10

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Eu simprão de tudo
Pra ela foi nada
do Mato pro mundo
Ela partiu levando o coração do bruto

Andrew Collins

As lembranças do meu último aniversário não saiam da minha cabeça, eu mal consegui me concentrar com os cavalos durante o dia todo. Só quero que esse dia termine de uma vez.

Ano passado Megan e eu estávamos começando a ficar juntos, ela fez um bolo e cantou parabéns pra mim. O bolo estava horrível, mas foi o melhor aniversário de toda a minha vida. Não ter ela aqui esse ano é muito difícil, eu achei que comemoraria esse dia ao seu lado pelo resto da minha vida, mas não aconteceu.

Era umas cinco horas quando eu guardei e alimentei o último cavalo. Fui pra casa com a intenção de ficar bêbado na minha varanda até cair no sono, assim como fiz vários dias depois que aquela maldita foi embora.

Eu mal tive tempo de desabotoar minha camisa e uma Manuela perfeita entrou no meu quarto com um sorriso doce nos lábios, mudando automaticamente meu humor. Seu corpo estava coberto por um vestido florido, justo na cintura e solto no quadril, estava descalça, com os lábios levemente avermelhados e um pouco de rímel nos cílios.

- Se importa se eu te roubar um pouquinho? - sua voz estava um pouco falha, parecia um pouco nervosa, mas seus lábios ainda carregavam um sorriso confiante.

- Me roubar? - perguntei intrigado.

- Não posso dizer nada além disso, é surpresa!

Eu engoli em seco.

Megan também planejou uma surpresa no meu aniversário e essa frase foi uma facada.

- Não sou muito fã de surpresas, principalmente no meu aniversário...

Seu sorriso se desfez, mas depois de alguns segundos outro um pouco mais fraco o substituiu.

- Não precisa ser uma surpresa de aniversário se você não quiser, pode ser só um...- ela baixou o olhar procurando palavras e depois me olhou novamente - Pode ser só um encontro...

Suas bochechas ficaram um pouco vermelhas, de um jeito meigo.

- Tudo bem! Me convenceu, mas acho que eu preciso tomar um banho primeiro.

- Quinze minutos e eu venho te buscar! - ela sorriu, caminhou até a porta e a fechou delicadamente.

Não se passou nem dez minutos e eu já estava pronto. Camisa limpa, calça limpa, botas limpas e um chapéu novo. Me sentei na cama esperando por ela, que apareceu pontualmente, dessa vez calçando botas marrom claro.

Manuela segurou minhas mãos e me puxou para fora de casa. Caminhamos entre os piquetes mais próximos a casa até chegarmos ao lago, onde um pano vermelho estava sob o feno com uma garrafa de vinho, acompanhada de duas taças e alguns pratos com frios bem organizados. Ela abriu um sorriso e me olhou, esperando por alguma reação.

- Ual! - foi só o que eu consegui dizer.

- Espero que você goste! Eu teria preparado algo mais elaborado se você tivesse me contado antes do seu aniversário...

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora