Capítulo 18

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Eu sei que tá com ela pra manter as aparências
Mas nas suas horas de carência, você vem me ver
E a gente faz amor
Me diz que eu sou o seu amor
E vai embora antes do dia amanhecer

Manuela Freitas

Me olhei no espelho uma última vez para garantir que não faltava nada no meu look de futura esposa. Meu vestido azul claro que cobria até a metade das coxas estava em armonía perfeita com as minhas botas, combinação perfeita para qualquer ocasião, principalmente para a minha despedida de solteira na casa da Carol. Não é exatamente uma despedida, só vamos beber até eu contar a ela tudo o que aconteceu e chorar no colo dela até pegar no sono. Eu deveria estar mais feliz e empolgada com o meu casamento, mas só consigo sentir falta do haras e do meu trabalho. Ouvi batidas na porta do meu quarto de hotel e em seguida Drake entrou.

- Como está a minha noivinha? - ele me abraçou pelas costas e beijou minha bochecha.

- Um pouco ansiosa - e confusa, completei mentalmente.

- Você está linda, mas aposto que esse vestido ficaria ainda melhor se fosse acompanhado de um salto alto!

- Minhas botas estão perfeitas, conforto, beleza e estilo, não preciso de um salto - rebati um pouco dura demais.

- Terá bastante tempo pra aprender sobre moda em Nova York...

- Eu não quero aprender moda, sou veterinária e o jeito que eu me visto está ótimo!

- Amanhã você se tornará a minha esposa, não pode continuar se vestindo como uma caipira cafona.

- Caipira cafona? É sério? - perguntei incrédula.

- Teremos jantares importantes, lugares importantes, eventos, pessoas... Não pode continuar usando todas as roupas com bota, ninguém acha isso legal fora do Texas.

- Eu sou assim! Botas fazem parte do que eu sou, não vou simplesmente abandona-las por estar em Nova York, muito menos por estar casada, até porque nós voltaremos logo para o Texas não é?

- Nas visitas ao Texas você poderá usar as suas amadas botas, mas para estar comigo, terá que se adequar! - visitas? Que merda ele está falando?

- Você quer uma esposa ou uma boneca para se exibir por aí?

- Eu quero você! Mas não pode se vestir assim na nossa classe...

Respirei fundo. Ele nunca havia falado assim comigo, nem sobre esse assunto, eu estou sobrecarregada demais para ouvir tudo isso, eu preciso de ar.

- Tchau Drake! Aproveite sua despedida de solteiro! - peguei minha bolsa e sai, batendo a porta com força atrás de mim.

Liguei minha caminhonete e tentei dirigir até a fazenda dos Morgan, mas não consegui. Quando me dei conta, estava em frente minha antiga casa, ou melhor, a casa de Andrew.

Eu sou uma idiota!
O que eu estou fazendo aqui?
Eu vou me casar amanhã!

A resposta me asusta, porque eu sei muito bem o que estou fazendo aqui, e sei o quanto isso é errado. Jurei não ficar com o Andrew de novo, mas aqui estou eu, pronta pra me atirar nos braços dele como uma cadelinha.

Desci do carro e os cachorros correram até mim, me acompanhando até a porta da sala, que como sempre, estava aberta. A única luz ali era a da lua cheia que entrava pela janela, me mostrando que tudo estava exatamente como quando eu fui embora. Subi as escadas e fui até a última porta do corredor, que para a minha sorte, também estava aberta.

Caminhei até a cadeira onde Andrew estava, pude reparar que seus pensamentos estavam longe, como da primeira vez que o vi nessa mesma varanda. Ele estava sem camisa, deixando a mostra todos os seus músculos, e o cigarro nos lábios novamente.

- O que faz aqui? - ele perguntou frio sem ao menos me olhar.

- Não sei - respirei fundo - Eu estava quase enlouquecendo, precisava de um pouco de sossego. Me desculpe entrar assim, mas se eu tocasse a campainha dona Rosa acordaria - coloquei minha bolsa em uma das cadeiras e me sentei na outra ao lado dela.

- Você deveria procurar sossego no seu noivo, não em mim - ele apagou o cigarro e me olhou - Quanto a invadir minha propriedade, eu te vi chegar e entrar, se fosse outra pessoa não teria passado da porta - o silêncio se instalou entre nós por alguns segundos, eu via fogo em seu olhar, via que a confusão que estava em mim também estava nele.

- Eu estou confusa Andrew, as coisas não estão saindo exatamente como eu queria e eu não sei o que fazer, me sinto ainda pior depois daquele dia que vim aqui...

- Por mim você não casaria com aquele idiota, mas se você quer, que seja feito a sua vontade - respondeu ríspido.

- Eu quero me casar com ele, mas...

- Se amasse ele de verdade não haveria um "mas".

- Eu o amo, passamos muitas coisas juntos e eu...

- Quem ama não trai.

- Não vai me deixar falar? - perguntei irritada pelas interrupções.

- Sai da minha casa! - ele respondeu firme e ficamos em silêncio por alguns segundos - Não vou ficar te ouvindo falar de um casamento que não deveria nem existir.

- Foi um erro ter vindo, já entendi - me levantei e peguei minha bolsa - Te vejo amanhã, boa noite.

- Você não vai me ver nunca mais, boa noite! - ele respondeu frio.

- Não é possível que você seja assim tão frio comigo! - parei em sua frente.

- Eu não concordo com as suas escolhas, quer eu eu faça o que? - ele disse enquanto se levantava, ficando bem próximo de mim, talvez até demais.

- O que você quiser, mas não me trate assim Andrew, dói demais toda essa indiferença!

- Como acha que eu me senti quando você veio trazer aquele maldito convite? - ele me olhou firme nos olhos.

Eu não sei ao certo como aconteceu, mas nosso olhar falou tudo, os dois estavam magoados, os dois estavam perdidos e o único jeito de acalmar tudo isso, era fazendo exatamente o que não devíamos.

Nossos corpos se encontraram, nossos lábios se colaram e nossas mãos se descotrolaram pelo corpo um do outro, um misto de saudade, desejo acumulado, loucura e talvez todo o sentimento do mundo.

Andrew me empurrou calmamente para dentro do quarto, me deitando na cama, sem separar nossos lábios por um segundo sequer. Sua mão firme subiu pelo meu corpo, carregando meu vestido, ele afastou nossas bocas e trilhou um caminho de beijos até meus seios, onde ele começou a sugar e morder, me fazendo soltar um gemido fraco.

Daí pra frente nem eu sei explicar como tudo foi acontecendo, mas enquanto ele entrava e saia de mim, com a mão apertando a carne da minha bunda, a boca quente com a língua exigente tirando meu fôlego, eu me senti completa. Completa do jeito que só me sentia com ele, me sentindo amada, me sentindo a beira da loucura...

Ah, me sentindo muito fodida também, mas não no instante em que eu estava vivendo, mas sim, fodida pra dizer que aceitava outro homem como meu marido no dia seguinte enquanto o homem que eu realmente quero assiste tudo.

Enlouquecemos nos braços um do outro e caímos derrotados sob o colchão. Andrew apagou minutos depois e eu me permiti fazer o mesmo, mas não por muito tempo. Antes que o sol nascesse e o cowboy ao meu lado acordasse, vesti minhas roupas, peguei minha bolsa e minhas botas, dei um beijo suave em Andrew e sai na ponta dos pés.

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora