Capítulo 05

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Na estrada de chão, faço poeirão
Uma mão vai no volante a outra aumenta o modão

Manuela Freitas

Já havia se passado alguns dias desde que conheci Carol e Thomas. Eu e ela nos demos tão bem, talvez seja por ela também ser veterinária ou seja lá porque, mas parece até que nós conhecemos desde pequenas, trocamos mensagens quase todos os dias e eu já sei mais da vida dela do que de "amigas" que eu convivi por anos.

Um dia depois que eu conheci a Carol, fui chamada na sala do Andrew para conversar, meu coração quase parou, jurava que ele ia me mandar embora, mas descobri que o haras está praticamente falido. Não vou mentir, talvez fosse melhor ir embora, mas o olhar suplicante de Andrew me convenceu a ficar, esse lugar vale a pena, eu me sinto em casa e foi muito difícil achar um emprego, ele me garantiu que mesmo se não tivesse como pagar meu salário, não deixaria me faltar nada. Sei que não seria fácil pra ele arranjar outro veterinário nessas condições e eu não tenho pra onde ir, a única opção é ficar e lutar, lutar uma guerra que não é minha, mas que meu coração diz ser.

Desde então, além de cuidar da saúde dos cavalos, estou ajudando ele com as outras coisas, como montar, tratar, e tudo mais, mesmo não tendo tanta experiência tem sido incrível ajuda-lo, quando eu era mais nova competi em diversas modalidades, mas deixei de lado pra fazer faculdade, não tinha ideia de como sentia falta disso até voltar a treinar.

Fechei o zíper da minha mala e a coloquei no chão. Amanhã Andrew, Thomas, Carol e eu, temos uma longa viagem até um evento de provas equestres.

Segui minha rotina de antes de dormir e fui pra cama, quando eu estava quase pegando no sono, meu celular tocou, era o Drake e eu ignorei, amanhã eu mandaria uma mensagem dizendo que ia viajar, e quando eu voltar, nós conversamos.

Eu não estou o evitando, mas é que tem sido muito intenso o que eu estou vivendo, então eu só quero deitar e descansar, logo eu me acostumo de vez com a rotina e nós voltamos ao normal.

Nesses últimos dias, me aproximei muito do Andrew, temos muito em comum então o assunto nunca acaba, exceto quando algo toca a sua ferida.
Pude perceber que o haras estar quase falido tem alguma coisa a ver com sua ex, porque quando ele me chamou para conversar, o mesmo desconforto de quando sem querer tocamos no assunto "amor" estava presente em seus olhos.

Carol e dona Rosa sempre soltam algumas coisas como "a vadia que acabou com a vida dele", "desde que ela foi embora" ou "antes dela ele não era assim", então eu só estou unindo as peças do quebra cabeças até que ele se sinta confortável a ponto de me contar sobre.

No outro dia eu acordei assim que senti o colchão se abaixar com o peso de alguém se sentando nele.

- Bom dia flor do dia! - Carol falou assim que eu abri os olhos.

- Bom dia - sussurrei tentando me adaptar a claridade.

- Hora de levantar dorminhoca! Os meninos foram carregar os cavalos e eu fiquei com a adorável missão de te levar pra lá em meia hora ou eles iriam sem a gente - me sentei na cama e esfreguei meus olhos tentando afastar o sono.

- Que injusto, meia hora não dá nem pra lavar o cabelo - resmunguei e fui para o banheiro.

- Mas dá pra pentear, amarrar e por um boné, que é quase a mesma coisa - ela riu e saiu do quarto.

Um pouco mais de vinte minutos e eu já estava pronta, por incrível que pareça tive tempo de lavar meu cabelo e fazer uma maquiagem básica antes de descer tomar café.

Carol e eu fomos até às baias e encontramos os dois encarando o motor da caminhonete do Andrew com uma cara nada boa.

- Eu espero que não tenham feito eu dispensar as delícias da dona Rosa pra ver vocês engataram um trailer - Carol disse assim que paramos em frente a eles.

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora