Capítulo 48

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Alguém aí
Me acorda por favor
E diz que isso é só um sonho que passou
Que ela vai voltar agora
Que ela nunca foi embora

Andrew Collins

Pouco depois do almoço eu já estava em meu escritório quando meu celular começou a tocar, sem nem ver a identificação antes, atendi.

- Alô?

- Andrew Collins? - uma voz masculina desconhecida perguntou.

- Sim, sou eu! - confirmei.

- Tem um cara bêbado aqui no meu bar sem condições nenhuma de sair daqui, preciso que alguém o busque e ele pediu pra ser você - tirei o celular do ouvido e acendi a tela, vendo o nome de Thomas estampado na ligação.

- Me passa o endereço daí - peguei um papel e anotei o endereço.

Assim que desliguei, entrei na caminhonete e fui em direção ao bar.

Não era nem duas da tarde e meu amigo já estava bêbado? O que havia acontecido? Senti um clima estranho durante o almoço, Carol estava aqui com a Manuela, mas achei que fosse algo normal, mesmo Carol aparentando não estar muito bem. Agora eu tenho a certeza de que algo aconteceu.

Depois de muita poeira e um pouco de asfalto, cheguei ao endereço, estacionei ao lado da caminhonete do meu amigo e entrei no bar. Logo de cara pude ver ele deitado no balcão, cantarolando algum country que eu não consegui identificar enquanto o barman observava do outro lado do balcão de braços cruzados. Me aproximei e cumprimentei o cara do outro lado, me sentei ao lado do meu amigo e suspirei.

- Já tinha esquecido de como você canta mal! - ele se assustou e se virou para mim.

- Eu só não sou o maior cantor de country porque as pessoas não tem bom gosto - ele disse embolando algumas palavras.

- Claro! - eu ri - O que aconteceu? São duas da tarde e você não consegue parar em pé - ele se levantou do balcão e encheu o copo com whisky.

- Acho que vou ficar solteiro - ele riu e suspirei.

- O que você aprontou? - apoiei meu braço no balcão e cobri meu rosto com as mãos.

- Carol tá grávida! - ele virou a dose e começou a encher o copo de novo.

- Sua mulher tá grávida e você tá bêbado? Sinceramente Thomas eu não sei porque eu sou seu amigo! - controlei minha vontade de soca-lo.

- Ela não quer o bebê, nunca quis, não sei o que ela vai fazer, eu quero muito ser pai, vejo como você é feliz tendo uma família, mas sei que se depender dela eu não vou ter - ele virou mais uma dose e quando ia servir outra eu tirei a garrafa de sua mão.

- Chega de bebida por hoje! - entreguei a garrafa para o barman e pedi a conta - Carol estava lá em casa, aparentemente muito abalada, agora entendo o porque.

- Abalada? - ele riu - Ela não quer o bebê deixou bem claro isso, não tem porque estar abalada!

- Ela está grávida Thomas! Independente de se isso é bom ou ruim ela está abalada!

- Ela pode tirar o meu filho, o filho que eu tanto quero, se tem alguém abalado com essa história sou eu! - respirei fundo.

- Vamos embora, quando você estiver sóbrio a gente conversa! - paguei a conta e puxei Thomas pelo braço até o carro.

- Eu posso ir sozinho, não precisa de babá! - ele disse tropeçando nos próprios pés.

- E eu sou o batman - revirei os olhos - Entra logo na caminhonete antes que eu te jogue na carroceria e te leve pra casa amarrado lá em cima!

- O meu eu babado gosta mais de você quando você também está bêbado! - ele disse tentando subir na caminhonete.

- Eu gostava mais de você quando você não sabia falar! - bati a porta e entrei do outro lado.

Assim que entramos na estrada de terra, Thomas dormiu, soltei um suspiro, peguei o celular e liguei pra Carol.

- O que foi Andrew? - ela perguntou assim que atendeu.

- Sua educação é contagiante! - respondi - Ainda está na minha casa?

- Não, tô na casa da minha amiga legal que infelizmente é a sua mulher...

- Vou jogar seu marido do carro em movimento se você continuar falando assim comigo! - falei sério.

- O que? - ela perguntou surpresa.

- Thomas está bêbado e babando no banco da minha caminhonete, estou levando ele pra aí, depois que ele tomar um banho frio e melhorar, acho que vocês precisam conversar...

- Ok! - ela respondeu, nos despedimos e eu desliguei.

Cheguei no haras, ajudei Carol a dar um banho frio em Thomas e deixei eles a sós para conversarem. Manu não estava em casa, Carol disse que ela foi pra cidade comprar umas coisas mas logo voltaria.

Fui pro quarto de Luke e Rosa estava cuidado dele, dispensei ela e sai com ele dar uma volta pelo haras.

Passamos pelo lago, pelo gado, pelos potros e por fim, fomos para as baias, paramos em frente ao Duque, comecei a fazer carinho em seu rosto enquanto ele cheirava Luke, que o olhava encantando, sua mãozinha pequena tocou o focinho do cavalo baio e eu sorri.

- Amanhã, se sua mãe deixar, podemos montar nele, o que acha? - olhei para o bebê em meus braços e ele sorriu - Você vai ser um grande cowboy!

Continuamos ali conversando com Duque, até que o chefe dos seguranças entrou no barracão desesperado.

- Senhor Andrew, ainda bem que te achei! - ele disse dando passos largos em minha direção.

- O que aconteceu? - apertei meu filho em meus braços, tendo um mal pressentimento.

- A dona Manuela... - meu coração parou de bater no mesmo instante - Cercaram ela quando ela estava voltando da cidade, mataram os seguranças e ela desapareceu!

- O que? - perguntei assustado.

- Os seguranças fizeram contato antes, disseram que foram cercados, mas quando chegamos só haviam os nossos carros, os corpos e a caminhonete da sua esposa, já avisamos a polícia e todas as medidas estão sendo tomadas...

Parei de ouvir o que ele dizia. Dei alguns passos para trás e encarei meu filho em meu colo. Isso não podia estar acontecendo, isso tinha que ser um pesadelo, não pode ser, não pode ser!

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora