Capítulo 36

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A partida é triste demais
É por isso que eu voltei
A saudade machuca demais
Foi por isso que eu voltei

Andrew Collins

Passei mais uma noite em claro tentando assimilar tudo que tinha acontecido. Pelas minhas contas já tem mais de um mês que eu estou nesse ilha, já perdi as esperanças de conseguir sair e voltar pra casa. O avião caiu e os únicos sobreviventes foram eu e mais dois caras, nós conseguimos pular com o paraquedas e pousar na ilha, mas se eu soubesse que ninguém viria atrás de nós eu preferia ter morrido.

E para piorar a situação, perdi completamente a memória.

Edgar, um dos meus companheiros aqui na ilha, me contou que estávamos explorando a ilha, quando eu tropecei e cai, batendo a cabeça em uma pedra.

Desde então, só sei que me chamo Andrew Collins por que é o nome que está na minha aliança, junto ao de uma mulher que eu não faço ideia de como é, isso me tira a paz.

As poucas vezes que consigo pegar no sono, acabo sonhando com uma mulher grávida, não consigo ver seu rosto, somente os logos cabelos castanhos voando, também não consigo me aproximar, ela sempre está se afastando e eu preso no mesmo lugar.

Pelas minhas roupas, devo ser um cowboy, mas não faço idéia de mais nada sobre mim.

Isso me deixa maluco, minha cabeça dói muito quando eu tento lembrar de algo, as vezes consigo ter alguns flashes e me lembro de alguns cavalos, uma fazenda muito bonita e coisas do tipo, mas nada nunca se encaixa. Pra falar a verdade nem precisa se encaixar, eu já perdi as esperanças de ir embora daqui.

Barcos já passaram no horizonte, helicópteros, aviões e tudo que pudesse andar sobre as águas, mas ninguém nunca chegou perto da ilha.

Observei o sol nascer mais uma vez no horizonte e suspirei. Mais um dia procurando frutas pra comer, pescando ou fazendo qualquer coisa pro tempo passar e nós não morrermos.

Era por volta de meio dia, eu estava deitado na areia em uma sombra qualquer, quando ouvi Jake, meu companheiro mais novo, gritar desesperado e fui ao seu encontro.

- Um barco! Eles me ouviram estão vindo para cá! - ele pulava sorridente.

- Finalmente! - Edgar comemorou e eu dei um meio sorriso junto a eles.

Parece algo tão irreal ir embora daqui que eu não me sinto preparado para isso. E se eu nunca mais recuperar minha memória?

Não pude ficar muito tempo perdido em meus pensamentos, logo o barco se aproximou e nos embarcamos em uma longa viagem até a costa dos Estados Unidos, procuramos a policía, fomos levados para o hospital e passamos alguns longos dias com toda a burocracia. Fomos convidados para entrevistas, todos os dias muitos repórteres estavam na porta da delegacia tentando falar com a gente, mas tudo que eu queria era voltar para casa e descansar, tentar recuperar a minha memória, conhecer minha esposa...

Os médicos disseram que não sabem quando minha memória vai voltar, preciso voltar para casa e manter o acompanhamento.

Tive enfrentar um avião novamente e decolei até o Texas, onde alguns policiais me esperavam no aeroporto e me levaram para o meu haras.

É um lugar lindo, instantaneamente me senti relaxado, algumas memórias começaram a voltar, mas nada de muito especial e importante. Mal tive tempo de descer da viatura e alguém pulou em meus braços em prantos.

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora