Capítulo 23

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Eu venho de sonhos vividos,
Amores fracassados, de ilusões perdidas
Passos caminhados, de um deserto
Que eu tento me esconder

Manuela Freitas

Acordei com o barulho alto de uma buzina, Andrew já estava em pé se vestindo com cara de poucos amigos.

- Quem é? - perguntei tentando me acostumar com a luz fraca do sol.

- Não sei, mas vai ser mandado para o inferno em poucos minutos - ele abriu a porta do quarto bruscamente e saiu.

Seja lá quem fosse corria risco de vida nesse exato momento, então era melhor eu ir até lá garantir que nada iria acontecer, vesti a camisa que Andrew usou a noite passada e tentei alcança-lo.

Quando ele abriu a porta e encarou a nossa visita, seus olhos se cobriram com um ódio que eu jamais havia visto em alguém. No mesmo instante cogitei que fosse Drake, mas a voz feminina me fez mudar de ideia.

- Olá meu amor! - ela disse e meu coração tropeçou em suas batidas, Andrew continuou em silêncio com a respiração pesada - Não sentiu minha falta?

- Não sei o que veio fazer aqui, mas volte para o infernos de onde nunca deveria ter saído! - ele disse em um tom alterado.

- Você não pode me expulsar daqui sem antes ver o que eu trouxe! - ouvi os passos leves se afastando da casa.

- Não me interessa! Eu quero que você suma daqui imediatamente! - ele deu passos fortes até a varanda e eu o segui.

Então eu pude ver uma garota loira, saindo de um carro de luxo com um bebê conforto em suas mãos. Ela me encarou boquiaberta, me olhou de cima a baixo e depois encarou Andrew como se esperasse uma explicação. Seus olhos eram azuis como o céu, o cabelo ondulado até os ombros magros eram quase brancos, seu corpo era magro, mas com curvas perfeitas nos lugares certos, se ela for quem eu penso ser, posso fazer minhas malas porque essa guerra eu já perdi.

- Ual! - ela disse - Pelo jeito foi bem fácil esquecer todo o amor que você dizia sentir por mim não é? - ela engoliu uma pequena falha em sua voz.

- Quer mesmo falar sobre amor depois de tudo que passamos? - minhas mãos estavam trêmulas e minha mente borbulhava sem querer acreditar que aquela mulher em minha frente era a tão odiada Megan - Diga o que veio fazer aqui e vá embora! - Andrew disse bravo.

- O que eu tenho pra falar com você não pode ser dito na frente de qualquer uma! - ela apoiou a mão na cintura de me olhou com desdém.

- Sem gracinhas Megan! - ele resmungou.

- Eu trouxe seu filho pra você conhecer! - ela vomitou as palavras e meu coração parou.

- Filho? Tá maluca? - Andrew retrucou.

- Não, só quero que meu filho conheça o pai e possa ser amado por ele!

- É impossível! - ele massageou as temporas e a olhou cético.

- Faz seis meses que eu fui embora, não é impossível, você sabe disso!

- E por que só me procurou agora? - ele perguntou sério.

- Porquê... - seu olhar rodeou todo o ambiente antes que começasse sua explicação - Porque eu só quis agora!

- Como eu vou saber que esse filho é realmente meu? - ele andava impaciente de um lado para o outro.

- Pode fazer um teste de quiser, mas preferia que minha palavra bastasse.

- Ótimo, faremos! Agora some daqui! - ele apontou para a estrada.

- Quer que eu vá pra onde? Volte pra Nova York? Não! Ficarei aqui até o exame sair - ela abriu o porta malas do carro e tirou uma grande mala cor de rosa de lá.

- Nem por cima do meu cadáver! - ele resmungou.

- Andrew! - o repreendi - É a mãe do seu filho, não pode expulsar ela assim!

- Não se mete Manuela! - eu sei que ele está de cabeça quente, mas eu queria socar sua cara por falar assim comigo.

- Como quiser! - respondi seca e entrei em casa.

O paraíso estava perfeito demais para ser verdade. Tentei controlar as lágrimas mas foi mais forte que eu, foi tanto tempo pra tirar ele do fundo do poço e agora ela pode empurrar ele de novo, ou talvez ela me empurre pro fundo do poço e fique com ele.. Feliz ano novo Manuela, esteja preparada para sofrer de novo, dessa vez mil vezes pior.

Andrew entrou no quarto como um furacão, seus olhos queimavam de raiva prestes a explodir, e eu temia qual seria a consequência dessa explosão. Virei de costas para ele, não queria que ele me visse chorar logo agora, mas foi inútil, num passe de mágica toda a sua fúria desapareceu, deixando apenas o arrependimento.

- Manu... - ele se abaixou em minha frente e segurou minhas mãos - Me desculpe, eu estou de cabeça quente, não consigo pensar direito, parece que minha cabeça vai explodir a qualquer momento.

- Tudo bem, você tem coisas mais importantes para resolver agora! - respondi sem se quer o olhar.

- Você é, e sempre será a minha prioridade! - ele retrucou imediatamente - Olha pra mim - ele segurou meu queixo e o ergueu a altura de seus olhos - Nada no mundo vai mudar isso, entendeu? - confirmei com a cabeça - Ótimo! Agora eu preciso sair e tomar um ar antes que eu enlouqueça - ele acariciou meu rosto e ameaçou levantar, mas continuou onde estava e me olhou novamente - Me acompanha? - ele me olhou esperançoso e eu não consegui negar.

Assenti e dei um sorriso fraco.

Nos trocamos rapidamente e saímos do quarto, diferente de todas as outras vezes, a porta do quarto em frente ao nosso estava entreaberta e a nossa nova hóspede cantarolava uma canção de ninar baixa para o bebê, meu coração se apertou, mas seguimos o nosso caminho para fora. Selamos dois cavalos e saímos por aí, galopando no feno molhado, assistindo o sol nascer pela primeira vez no ano, tentando encher o peito de esperança por dias melhores.

Paramos perto de alguns pés de fruta e decidimos fazer daquilo o nosso café da manhã. Sentamos na grama e pegamos algumas laranjas enquanto os cavalos pastavam ao nosso redor. Eu estava entretida em descascar a minha primeira fruta quando Andrew começou a falar.

- Precisamos fazer isso mais vezes...

- Isso o que?

- Cavalgar juntos, ver o sol nascer... Essas coisas que eu sempre gostei de fazer sozinho mas você faz ficar mil vezes melhor - eu sorri e ele continuou - Eu estava pronto para sumir quando entrei naquele quarto, mas ver você me fez perceber que eu não estava sozinho nessa, que não podia sumir e te deixar sozinha com toda essa bagunça.

- Obrigada por me deixar ficar do seu lado nos momentos ruins - toquei sua mão e ele sorriu.

- Sou eu quem agradeço por você estar ao meu lado nos momentos ruins, só de te ter ao meu lado fez tudo se acalmar dentro de mim.

- Eu senti isso desde o primeiro minuto ao seu lado - desviei o olhar e apreciei a paisagem.

Mudamos de assunto até terminarmos nosso café da manhã, estava pronta para subir em meu cavalo quando ele me puxou pela cintura e me beijou até perdermos o fôlego.

- Eu quero você aqui comigo e nada pode mudar isso, não sei o que vai acontecer quando a gente voltar, mas sei que quero você ao meu lado! - essa era a forma dele dizer que me amava, essa era a forma dele dizer que a chegada de Megan não nós separaria, meu coração ficou quentinho.

- Vai ficar tudo bem! - sorri e ele me beijou novamente, em seguida me ajudou a montar e voltamos para casa.

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Não sei o que aprontei, só sei que tinha postado e virou rascunho de novo, sorry bbs, e muito obrigada por estarem aqui ❤️

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora