Capítulo 09

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Justo eu que nunca imaginava
Que um dia fosse me envolver
Nessa história de amor proibido
Quem sofre sou eu e você

Manuela Freitas

Nosso jantar foi tão silencioso e constrangedor quanto o almoço. Dona Rosa jogou um balde de agua fria na nossa noite me lembrando da merda que eu tinha feito no meu relacionamento. Foi uma péssima atitude, eu não podia ter dormido com outro homem, muito menos o gostoso do meu patrão, isso é totalmente errado!

Nós estávamos em uma bolha quando acordamos, como se eu não tivesse uma aliança no dedo que não pertencia a Andrew, como se eu não fosse a veterinária do haras Collins cujo o proprietário estava de pau duro na mesma cama em que eu.

Não me arrependo, mas é exatamente esse o problema. Se tivesse sido ruim, seria maravilhoso dizer "eu sei que ninguém faz como meu noivo e eu nunca mais vou cair em tentação", mas estar nos braços do Andrew foi mil vezes melhor que todas as noites em que passei com Drake.

Eu realmente não sei o que fazer, mas eu já esperava por esse sentimento quando eu subi as escadas e fui pra cama com o Andrew, não é uma novidade, tudo está exatamente como o previsto, exceto o climão com a minha cozinheira preferida. Quando eu ataquei ele, eu sabia que qualquer coisa podia acontecer a partir dali, mas eu decidi que iria deixar o destino me mostrar o que ele estava planejando, então eu não tenho o direito de surtar nem entrar em desespero.

Minha cama parece tão vazia. Como se eu estivesse em uma cama desconhecida, de um jeito que eu nunca me senti antes. Era a companhia de Andrew que meu corpo pedia e eu não podia evitar.

Me levantei da cama e caminhei até o quarto de Andrew. Novamente ele estava fumando na varanda e eu fui até ele.

Seu olhar profundo e distante se voltou a mim, o silêncio permaneceu mesmo depois de eu estar sentada ao seu lado, mas não foi muito duradouro, logo sua voz rouca interrompeu o cantar dos grilos.

- O que faz aqui?

- Não estava conseguindo dormir.

- Entendo - ele deu uma última tragada no cigarro e o apagou no cinzeiro, pegou o meu delicado anel esquecido ali e me olhou - Você se arrependeu?

- Não! - respondi firme - Talvez fosse mais fácil se eu tivesse me arrependido, pelomenos não ia estar aqui de novo... - eu disse mais baixo.

Ele ficou em silêncio encarando o nada por um longo tempo.

- O que você veio fazer aqui? - ele repetiu.

- O que você quiser! - respondi calma.

Ele suspirou, olhou nos meus olhos e subiu uma de suas mãos até minha nuca, segurando firme meu cabelo.

- Isso não é certo! - ele sussurrou bem próximo a minha boca, descendo seu olhar para os meus lábios e voltando para os meus olhos.

- Eu sei - sussurei e molhei os lábios.

Nos encaramos por longos segundos até que seus lábios abocanharam os meus. Nossas línguas se encontraram em uma disputa por espaço deliciosa. Não demorou muito para estarmos nus sobre a cama, unidos como se fossemos apenas um corpo. Entre estocadas firmes e beijos maravilhosos, suas mãos apertavam minhas cochas e subiam até minha cintura, enquanto eu apertava minhas unhas nos músculos rígidos das suas costas. Meu orgasmo chegou primeiro mas logo fui seguida por ele, minutos depois adormecemos abraçados. Era perfeito estar ali em seus braços, como se não existisse mais nada no mundo além de nós, como se nada pudesse me ferir ou nos separar. Coisa que eu nunca senti com homem algum, parece até que fomos feitos um pro outro, mesmo tendo tantas coisas que nos separa, como o meu adorado noivado.

Quando eu saí da fazenda Big River, eu tinha certeza do que eu queria, eu queria o Drake pra sempre. Mas agora, não tenho mais certeza de nada. Se fosse pra seguir meu coração, eu largaria tudo pelo Andrew, mas que futuro eu posso ter com uma pessoa que não supera o passado? E eu abri mão de muita coisa pelo Drake, não posso desistir por algo incerto, mas é tão difícil olhar esse rosto perfeito sendo iluminado pelos primeiros raios da manhã e não querer que ele seja meu.

O melhor a se fazer é ignorar esses pensamentos por enquanto e aproveitar o momento, aproveitar enquanto eu tenho esse cowboy gostoso nos meus braços. Passei meus dedos delicadamente por seu rosto e comecei a distribuir beijos suaves por toda sua face, o que fez ele acordar e me dar um beijo.

- Bom dia Manuela! - ele abriu os lábios em um sorriso.

- Bom dia Andrew! - eu sorri de volta.

- Que mágica você fez pra me fazer acordar depois de você? - sua mão grande desceu até a minha cintura e de uma leve apertada.

- Isso você nunca vai saber! - sorri e ataquei seus lábios novamente.

Sem muito esforço, subi em cima dele, sentindo sua ereção matinal em minha intimidade já molhada só de pensar em tê-lo novamente. Ele desceu suas mãos para a minha bunda, se preparando para o que estávamos prestes a começar. Encaixei seu membro em minha entrada e ele deslizou para dentro, me preenchendo por completo.

- Você fica ainda mais deliciosa pela manhã! - sua voz rouca fez boa parte dos meus pelos se eriçarem, seu olhar desceu pelo meu corpo enquanto eu rebolava.

Subi e desci várias vezes, rebolei e nos levei ao limite. Quando nossos corpos explodiram em um orgasmo arrebatador, soltei meu corpo em cima do seu e ele abraçou minha cintura, em seguida depositou um beijo leve em minha testa um pouco suada.

- Você vai me acostumar mal... - a voz de Andrew ainda era falha, seu peito ainda subia e descia bruscamente enquanto ele tentava controlar a respiração.

- Eu adoraria te acostumar mal! - eu sorri fraco.

- Precisamos trabalhar! - ele subiu uma das mãos pelas minhas costas e afagou meu cabelo.

- Precisamos, mas acho que primeiro deveríamos tomar um banho - levantei minha cabeça e o fitei com um olhar malicioso.

Ele sorriu e nós fomos para o chuveiro. Depois de mais alguns longos minutos de diversão, eu fui para o meu quarto me vestir. Coloquei  uma t-shirt preta com uma estampa country, uma calça jeans escura com bordados no bolso, minha bota marrom de trabalho e um chapéu de feltro preto caso eu precise sair no sol. Passei filtro solar e dei umas batidinhas com o batom vermelho em meus lábios, um pouco de rímel e um cinto da cor das minhas botas. Perfeito!

Desci para a cozinha e Andrew ainda não havia descido, desejei "bom dia" para a Rosa e me sentei na mesa, servindo um pouco de café e pedaço de pão caseiro. Senti o ambiente ser preenchido segundos antes de Andrew se sentar ao meu lado. Rosa correu até ele e o abraçou calorosamente, coisa que eu nunca a vi fazer.

- Feliz aniversário meu querido! Que Deus continue te dando saúde pra você conquistar todos os seus sonhos! - ela dizia alegremente enquanto eu ainda tentava assimilar as informações.

- Obrigada! - ele sorriu sem mostrar os lábios, passando a mão suavemente pelos ombros da senhora, que minutos depois nos deixou sozinhos na cozinha.

- Porque não me disse que era seu aniversário? - perguntei devolvendo a xícara para seu pires depois de um pequeno gole de café.

- Não gosto muito de aniversários...

- Se eu soubesse, eu teria comprado um presente.

- Hoje de amanhã já foi mais que suficiente! - seus lábios formaram um sorriso torto.

Talvez eu ainda possa improvisar algo pra que ele se sinta especial e goste do aniversário. Terminamos o café e fomos trabalhar, ele passou o dia mechendo com alguns cavalos no redondel e eu planejando a sua surpresa.

Apaixonado na VeterináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora