29. SEJA UM POUCO OTIMISTA (revisado)

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Recebeu ordens expressas de Ricardo I de arrumar tudo o que era do filho em caixas e entregar para ele. E para ser sincera, Karen nunca achou que o patrão tivesse tanta coisa assim guardada naquela sala. Livros, boletos, revistas e até um astronauta de plástico estavam espalhados pela sala dispostos em prateleiras, no cofre ou no pequeno compartimento onde seus livros caixa ficavam guardados. O homem apenas a assistia fumando sentado no lugar que um dia pertencera ao filho. Podia ter levado já que foi lá mais cedo, pensou sem entender o porquê do homem está armando aquele circo.

— Nada que pertenceu ao Ricardo pode ficar aqui. —Disse com a boca em meio a fumaça depois de uma tragada. — Absolutamente nada daquele ingrato.

—Sim senhor. —Respondeu passando fita isolante e lacrando uma caixa com pertences e torcendo para ele não perguntar nada sobre quem seria o homem por quem o filho estaria interessado.  —E o computador? Ele provavelmente armazenava arquivos nele. Faço uma cópia de tudo que está na memória?

O mais velho torceu a boca pensativo.

—Pode mandar o computador pra ele. — Ordenou com a naturalidade de quem anuncia uma ida ao mercado.  —Comprarei um novo hoje mesmo para substituir.

Acenou com a cabeça e se dirigiu a um monte de papel sobre a mesa. Passou os olhos no que estava escrito  rapidamente enquanto jogava um por um numa outra caixa de papelão, nenhum deles tinha alguma informação interessante. Quando finalmente acabou de empacotar tudo tinham 6 caixas para despachar, as empilhou no chão, perto da porta para liberar a mesa, agora o ambiente seria decorado novamente. A visão da mesa vazia e das paredes limpas foi uma das coisas mais tristes que já viu, trabalhava ali a anos e amava a atmosfera do lugar, e sinceramente nunca achou que tudo mudaria de um dia para o outro. Agora a sala seria de outra pessoa.

—Vou chamar um carro de aplicativo e mandar um dos seguranças levar pra ele. —Anunciou torcendo para o chefe não notar sua tristeza.

—Não, —O homem levantou o olhar e encontrou o olhar dela.  — você vai levar. Não confiarei assuntos do meu filho a um segurança. Aqui, nesse papel está o endereço do apartamento onde ele está passando uns dias.

O mais velho colocou o papel sobre a mesa e empurrou na sua direção, a secretária deu alguns passou e colocou a mão sobre a folha.

—Certo. Estou indo agora.  —Guardou o papel no bolso e se virou para sair, mas tomou um susto ao ter seu braço agarrado pelo pelo patrão.  — Mas..?

—Ainda não encontrei ninguém que tenha as características que você me deu. —Os lábios murchos do senhor de idade se contraíram.  —Tem certeza que não mentiu pra mim?

—Eu não!  —Se fez de ofendida.  —Eu disse o que eu vi.

O homem a encarou com seu olhar duro,  seus olhos escuros esquadrinharam seu rosto em busca de sinais de que estava mentindo, manteve a respiração controlada e sustentou o olhar. Ricardo I a soltou e voltou a se sentar.

—Talvez tenha sumido,  — O homem apertou a gravata e olhou para a superfície da mesa.  —não duvido nada que meu filho avisou o amante dele da minha vinda para a cidade.

—Talvez seja isso mesmo.  —Concordou com o velho.

—Mas e daí? Logo o novo diretor desse escritório vai chegar e meu filho vai esquecer esse homem.

Sentiu vontade de perguntar o porquê de tanta certeza mas guardou a curiosidade para si, não queria ter o azar de prolongar essa conversa e ficar ali presa naquela sala presa por horas ouvindo aquele homem soltar insultos homofóbicos contra o próprio filho.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora