54. IDADE CERTA

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Ainda não podia acreditar no que acontecia, seu filho estava sumido a horas, havia um funcionário do escritório morto e sua nora estava no hospital, porém ela estava ali, trancada no quarto na casa de Morgana sem poder se comunicar com ninguém pois Ricardo escondeu seu celular e trancou até mesmo a porta que dava acesso a varanda do quarto, a fazendo prisioneira. Seu marido havia ultrapassado todos os limites possíveis com ela e também com seu filho, Ah meu filho, meu pobre filho... Nada doía mais do que vê o que estava acontecendo com seu pequeno Ricardo, sendo tratado como lixo só por ter se apaixonado por outro rapaz. Sabia que ele havia errado muito, mas ainda assim ver como todos falavam dele era angustiante.

— Eu falhei, — Se culpou passando as mãos pelos cabelos andando de um lado a outro no cômodo. — eu deveria ter percebido, eu deveria ter protegido ele, sei lá. É o que uma mãe faz!

Pensar no comportamento obsessivo do marido com relação às amizades de Ricardo a fez se sentir burra, não eram apenas maconha e álcool que irritavam o patriarca da família, era o medo do poder que a influência da figura masculina poderia exercer sobre o filho, como se fazer do filho um cativo em casa pudesse apagar seu verdadeiro eu e seus desejos.
Aquilo pareceu tão óbvio agora que chegou a rir da própria ingenuidade.

— Sou uma péssima mãe, — Se jogou na poltrona que ficava no meio do quarto de hóspedes, estava exausta. — péssima.

Agora algumas das ações do filho, durante a juventude tinham explicação.

Devia ser uma noite qualquer de 2002, ela lia na varanda do seu quarto, o sol estava se pondo majestosamente no horizonte. Ao olhar para o jardim viu que o filho chegava de um jogo de futebol, os cabelos estavam molhados de suor e a camiseta estava úmida, nos ombros havia uma mochila onde possivelmente estavam seu uniforme e cadernos. Com o jovem vinha outro garoto que Sarah reconheceu das reuniões de pais do colégio, os dois tagarelavam animados.Observou ambos andarem sobre a grama e conversar, tudo parecia inocente, nada que pudesse se preocupar.

— Sarah? — Virou a cabeça e viu o marido procurar algo em seu armário afoito.

Sabia que ele tinha marcado uma reunião para aquele dia, porém já estava atrasado quase meia hora.

— Pois não? — Respondeu ao chamado virando a cabeça.

O esposo usava calça e camisa social, mas ainda assim não estava satisfeito com suas vestes, ele sempre queria aos compromissos vestido de forma totalmente impecável.

— Viu minha gravata roxa? — Ele a encarou já com sua expressão fechada. — Essa droga não está em lugar nenhum!

— Acho que está na gaveta amor. — Disse voltando a olhar os dois garotos conversarem.

Houve mais alguns barulhos no quarto, Ricardo I não tinha a menor paciência para procurar nada e gostava de fazer showzinho até para procurar o que vestir, o que era estressante. Olhou novamente para o marido, estava deixando seu armário completamente bagunçado, não suportando a baderna se levantou e foi até o homem.

— Deixa que eu procuro. — Tomou das mãos do homem um cabide.

— Até que enfim. — Ele abotoou a camisa, ele sempre fora desse jeito ranzinza e ela já estava acostumada. — Que barulho é esse?

Ela havia achado a gravata e se levantou oferecendo-a ele para que colocasse, no entanto sua atenção estava focada nas vozes que vinham de baixo.

— São os meninos. — Disse enquanto o homem pegava a peça da sua mão. — Ricardo chegou da escola.

— Meninos? — Ele passou a gravata pelo pescoço, sua testa criou um vinco ao ouvir essa palavra.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora