47. DORMIU BEM? (revisado)

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E então? — Tomás dirigia olhando pelo retrovisor assustado, o amigo estava com a respiração acelerada, ideia de ser pego pelo ex-militar o deixava em estado de pânico.

O rapaz dirigia com mãos trêmulas, o carro volta e meia zigue-zagueava na estrada precária. Sua pele estava cinza, como se o sangue o tivesse abandonado. A qualquer momento ele ia desmaiar, podia sentir isso.

— Ele não me atende! — Gritou angustiada com o celular. Não aguentava ficar sem saber o que tava acontecendo, acabara de deixar o amado no meio de uma briga com um louco armado até os dentes. — Será que deu merda? Será que ele se machucou Tomás?

— Não! Não podemos ser pessimistas. — O rapaz de cabelos platinados gritou de volta, a voz falhando. — Liga de novo.

— Óbvio que vou fazer isso. — Respondeu com o vento invadindo a janela bagunçando seus cabelos.

Tornou a ligar para Jefferson do telefone de Tomy, chamou, chamou e nada. Será que a luta ainda não tinha acabado? O peito da secretária doía de aflição, tinha muito medo do pior acontecer e perder o namorado no meio dessa confusão toda com aquele animal irracional, Custa atender, amor? Seu rosto já estava mais uma vez molhado de tanto chorar.
Secou as bochechas com as mãos, o seu nariz doeu quando passou os dedos nele.

— Não fica assim querida. — O estagiário suplicou enquanto ela chorava como um bebê no banco do passageiro. — Ele deve estar bem.

— E se não estiver? — Perguntou entre soluços, o coração parecia está ficando comprimido em seu peito. — E se o Nilson machucou ele? O que vou fazer? Ele foi até lá por mim!

— Não fala uma coisa dessa, ele deve tá bem, ele não tá sozinho. — O mais novo retrucou tentando ser otimista, mas seu olhar entregava seu medo. —Tenta ligar para o Ricardo.

— É vou fazer isso... vou fazer agora. — Discou o número com dedos nervosos, colocou o aparelho no ouvindo e começou a chamar. — Atende, atende, atende.

O que houve?  Nilson te alcançou Tomás? Ricardo atendeu e foi logo perguntando preocupado.

— Não, ele não nos alcançou e não sou o Tomás. — Afirmou tentando soar o mais calma possível

Karen? — Perguntou com a voz vacilante.

Seu tom fúnebre de voz lhe pareceu um presságio agourento.

— Não acredito que aquele homem fugiu, de novo! — Exclamou com raiva, a frustração escapando em sua voz. — Passa pro Jefferson por favor, preciso saber como ele está depois desse fiasco.

É... Não tem como.A forma como ele disse aquilo pareceu triste.

— Como assim? — Sentiu seu coração bater mais forte, uma tambor que se jogava contra suas costelas. — O que aconteceu? Não me diz que...

Eu sinto muito. — Ambos choraram pelo telefone, percebeu isso. — Perdemos o controle, desculpa, desculpa.... Jefferson foi baleado e não resistiu.

As palavras se cravaram em seu peito como uma faca afiada, precisou de muito controle para não berrar.

— Não me fala isso... — Implorou enquanto Tomy dirigia em zigue-zague ouvindo tudo o que ela dizia com olhos arregalados. — Não pode ser verdade, não...

Me perdoa, Karen eu errei. Sua voz era arrastada e triste. — Devia ter ouvido você, eu fui tão idiota.

— Que adianta isso agora? Meu namorado morreu e você tem culpa nisso! Te avisei que esse monstro não ia desistir tão fácil! — Cuspia as palavras sem pensar nas consequências. Não tinha mais medo ou respeito, só precisava desabafar. — Culpa sua Ricardo! Culpa sua e da sua covardia.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora