50. SEMPRE IDIOTA (revisado)

415 46 11
                                    

Se moveu desconfortável no carro, estava em pânico, completamente assustado como um animal indo para o matadouro encontrar sua morte, O que ele vai fazer comigo? Não acredito que desisti de tudo para ter paz e vou morrer nas mãos desse animal. As suas mãos estavam presas com algemas que já começavam a incomodar, a sua frente o percusso ia ficando mais escuro, a noite caía enquanto eles fugiam para sabe-se lá onde. Fiz isso pelo Tomás, tenho que pensar nisso, fiz pelo bem do meu melhor amigo, se ele ficar bem já vai ter valido a pena.   
O celular do outro tocou quebrando o silêncio fúnebre.

— Alô, — Nilson atendeu falando de modo grosseiro, sempre desprovido de educação. — espero que tenha ligado por um bom motivo. — Fez silêncio, ouvindo quem quer estivesse do outro lado da linha falar, de repente sua expressão confiante deu lugar lugar a outra. — Quê? Como assim? Quem avisou a polícia?          

Vítor se sobressaltou, Polícia? Alguém avisou a polícia sobre essa fuga! Tenho chance, tenho chance! Fez o possível para manter sua expressão impassível, afinal não queria irritar o outro, mas por dentro uma fagulha de esperança se acendeu e aqueceu seu interior, havia uma chance mínima de sobreviver, iria se agarrar a essa ideia.

— Como aquele maldito sabia que eu iria pegar essa merda de balsa? — O ex-militar bateu no volante, seu olhar era sombrio. — E agora? Tenho que fugir logo, antes que o ricaço descubra que não cumpri o plano. — Nilson balançou a cabeça em negativa. — Não, idiota, não posso falhar com aquele velho. Eu vou me esconder na mata até a polícia sumir do radar e depois você me coloca na próxima balsa e pronto, e nem pense em me dizer não.

Ricaço? Será que ele falando do Ricardo? Será que ele veio por mim? Não, não... Ele não poderia, mas o que significa esse “plano”? Se perguntou e apurou os ouvidos para continuar ouvindo, a sua frente a estrada de terra seguia sem fim com apenas árvores acompanhando os dois homens.
Do seu lado o mais velho perdia as estribeiras.

— Não me interessa! Você vai me ajudar a fugir e pronto. — Nil berrou e desligou jogando o celular no painel do  Hilux. Seu olhar se voltou para o advogado que engoliu em seco. — Nem adianta criar esperança, viu? Ou eu e você vamos vazar juntos ou cumpro o que fui pago pra fazer?

— Tá falando de quê? — Perguntou temeroso confuso com as palavras do mais velho.

— Você vai saber. — De repente o ex-militar virou o carro num tipo de curva fechada. O corpo de Vítor foi projetado para um lado, o cinto o mantendo no lugar para sua sorte. — No momento só precisa saber que eu sou sua melhor esperança.

Nem quero imaginar a pior, Nilson invadiu a mata saindo da estrada, o seu carro lutou contra o chão irregular até estarem bem dentro da floresta mantendo uma certa distância da pista. Quando o maior saiu do veículo, o advogado olhou pelo retrovisor para ter noção do que acontecia, pelo espelho viu o outro recolher galhos e madeira e depositar sobre a lataria do carro, Está escondendo o carro pra que? O que ele fez para está se escondendo? Quando percebeu que o maior voltava para a porta do motorista voltou a se endireitar no seu banco e voltou a olhar com cara de paisagem para a sua frente.
O maior voltou sentar no seu banco e procurou suas coisas.

— Sai. — Nilson ordenou soltando o seu  cinto de segurança e abrindo a porta do passageiro.

— Pra onde vamos? — Perguntou hesitante, olhar para o crepúsculo crescente no meio do nada era ainda mais assustador.

— Vamos passar uns dois dias aqui no meio do nada, — Vítor arregalou os olhos enquanto o outro saia fechando a porta do seu lado, o homem continuou a falar quando parou diante da porta do passageiro. — até a polícia sumir para que meu amigo me arrume um lugar nessa merda de balsa.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora