Já haviam se passado alguns meses. Soube que o pai de Ricardo havia piorado, era apenas um questão de tempo para que morresse, seus tecidos haviam sido severamente prejudicados pelas queimaduras e enxertos não conseguiram reverter a situação. O advogado de Lucas conseguiu com que o garoto respondesse o processo em liberdade e garantiu que não o deixaria ser preso, pois ele era vítima de abusos e agressões desde a juventude. E ele estava ali, naquele banco na praça de alimentação do shopping da cidade que um dia foi seu lar, sentado esperando. Será que foi uma boa ideia aceitar esse encontro? Não me sinto seguro pra olhar Morgana nos olhos, não sei o que dizer, eu fui um lixo com ela.
Balançou a cabeça.— Seja homem. — Disse para si mesmo. — Você tem que falar com ela e implorar seu perdão, é o mínimo.
Olhou para baixo, a mesa de plástico estava coberta por uma toalha quadriculada, no centro o saleiro, uma caixa de guardanapos e outras coisas estavam arrumados dentro de uma cestinha enfeitada com flores. Esticou um braço e pegou um guardanapo para secar o suor da sua testa que teimava em incomodar mesmo naquele ambiente climatizado. Quando levantou o olhar viu a mulher se aproximar empurrando um carrinho cor-de-rosa e quase caiu da cadeira, nervoso como se estivesse sendo julgado. Ficou de pé sem saber onde colocar as mãos, Foi uma péssima ideia, foi uma péssima ideia, foi uma péssima idéia. Sentiu novamente sua testa se cobrir de suor e sentiu também seu coração bater com força suficiente para romper suas costelas, não havia nada que pudesse o preparar para esse momento, nada que pudesse fazer suavizaria a sensação de olhar nos olhos da mulher a quem traiu.
— Firme... — Ordenou para si mesmo.
A loira parou diante dele, ficando apenas a um metro de distância. Estava com o cabelo solto e usando um vestido branco por baixo de um sobretudo preto que se estendia até a altura do joelho. No carrinho um bebê dormia tranquilamente, ignorando completamente sua presença, É ela... A filha deles, se lembrou de quando soube da existência da criança, ainda um embrião na barriga da mãe, se sentiu enciumado e depois burro por despejar sobre a criança nem nascida esse sentimento negativo. Morgana o encarou séria, os olhos penetrantes como se fossem capazes de ler sua alma e saber o que se passava em sua cabeça.
Insatisfeito com o silêncio incômodo decidiu puxar assunto.— Olá. — Sua voz saiu frágil.
O lábios de Morgana se abriram num sorriso irônico, ainda o olhava como se procurasse algum detalhe em seu rosto.
— Olá, — Ela começou, a voz firme como uma rocha. — Vítor Almeida.
Engoliu em seco. A mulher se afastou do carrinho e deu alguns passos em sua direção, podia sentir sua raiva através do seu olhar sério e implacável. Ela era o oposto do que ele estava acostumado a ver, nada de sorrisos e palavras doces.
— Morgana, eu sinto muit...
Um tapa acertou seu rosto com força o fazendo dar um passo para trás, encontrando a mesa às suas costas. Cobriu a bochecha com a mão sentindo seu lado esquerdo do rosto arder com o golpe.
— Tu-tudo bem... — Massageou a lateral da face procurando alívio. — Eu mereço isso e muito mais.
— Ah, não se faça de benevolente. — Ela afirmou soltando o ar pela boca, como se tivesse acabado de percorrer uma maratona. — Vamos logo com isso, precisamos conversar.
Com classe a mulher deu a volta pela mesa e sentou na cadeira a frente da sua, sem saber o que fazer exatamente Vítor copiou a sua ação. Se sentou ciente de que seu rosto estava corado pelo tabefe.
— Como você quiser. — Disse.
A loira se endireitou na cadeira e puxou o carrinho para mais próximo dela, ele notou que a menina que dormia tinha cabelos iguais aos de Ricardo: negros e cacheados. Isso o fez sentir uma pontada de saudade do ex-amante.
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Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)
RomanceVítor sempre teve uma queda pelo patrão, mas guardou seus sentimentos pra si. Até uma certa noite onde descontou sua frustração na bebida e tomou uma decisão estúpida que mudou o rumo de tudo.