48. NADA DE BOM COMEÇA EM UM CARRO DE FUGA (revisado)

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Se sentia o maior lixo do planeta, não, do planeta era muito pouco, se sentia o maior lixo da galáxia e talvez de todo o universo. A cada momento desejava ainda mais não ter nascido ou simplesmente ansiava por morrer, como doía receber tantos ataques e ofensas assim, será que era uma punição divina pelo o que fez para Morgana? Só eu mesmo para achar que poderia escapar do meu recente passado. Depois que o amigo pediu para ficar em casa obedeceu, foi para casa e ficou em seu quarto, estava com vergonha de sair na rua, era improvável alguém daquela cidade saber sobre o vídeo, mas ele tinha medo de pôr os pés na rua e ser apontado como o depravado do vídeo.

— Calma cara. — Ítalo massageava seu ombro numa tentativa falha de consolá-lo enquanto ele chorava a horas agarrado ao cãozinho. — Não gosto de ver você assim.

— Eu também não gosto de me sentir assim, — Respondeu sentindo as palavras se entalarem em sua garganta. Fez força para continuar a falar. — mas eu não posso evitar, minha vida acabou, já tava uma merda antes, mas agora já era.

— Processa essas pessoas. — O outro sugeriu o abraçando e colocando seu queixo sobre seu ombro. — Você é advogado, sabe o que fazer. A lei vai te amparar.

— Processar um monte de pobres? — Suspirou tentando focar sua visão, turva pelas lágrimas, no rosto do homem. — Isso geraria muitos custos, não vale a pena. Sem falar que muitos são colegas de trabalho, ou seja, também são advogados e sabem como agir num caso desse.

— E essa garota que espalhou o vídeo? Não vai fazer nada contra ela? — A  voz do cabeludo mostrou um certo nojo ao falar de Karen.

— Duvido que ela tenha feito isso, pelo menos sozinha, outra pessoa tinha o vídeo. — Cobriu o rosto com as mãos, não gostava da Karen desde que brigaram nas escadarias, mas não achava que ela fosse tão baixa assim. Isso era coisa do Nilson, Não sei como mas foi o Nilson que fez isso.

Vítor estava sentado no chão do seu quarto desde que tinham chegado das compras, as sacolas que Ítalo trouxe estavam espalhadas pela cama, como se não fossem nada, todas dispostas de qualquer jeito. De repente todas aquelas coisas pareciam extremamente inúteis; camisas, sapatos, bermudas nada mais tinha valor. Como ousou achar que poderia viver em paz depois de tudo o que fez? Ele foi uma pessoa horrível, passou por cima dos sentimentos de uma mulher grávida, lógico que o destino iria caçar uma forna da fazê-lo pagar por todos seus erros, e que puta forma de fazer isso!

O outro continuou o envolvendo num abraço mantendo seu queixo em seu ombro. Podia sentir a respiração de Ítalo balançando alguns fios do seu cabelo, podiam sentir as longas madeixas do tatuado roçando a pele do seu braço, podia sentir o calor do seu corpo aquecendo o seu; aquilo tudo era muito reconfortante, mas ainda não era o suficiente para ele. Inevitavelmente pensou em Ricardo, as lembranças dos momentos que viveram o acertaram como uma flecha, Eu queria simplesmente poder acabar com esse sentimento, queria evitar que tudo o que aconteceu, queria apagar essa dor que me consome como uma doença. Cerrou os olhos e lembrou dos comentários indesejáveis em sua foto, foram tão cruéis, céus como alguém pode ofender outra pessoa assim?  Protestava em silêncio ainda sentindo o peso das palavras lançadas contra ele.

— Posso entrar? — Roberto colocou seu rosto pálido entre a abertura da porta e espiou. — Quero saber como você está.

— Entre, —Afirmou erguendo o olhar para o mais velho, Nenê levantou e correu para cheirar o dono da casa. — você não precisa de permissão, é sua casa.

— O que tá acontecendo? — O rosto do mais velho, normalmente tomado por uma expressão alegre, estava sério e preocupado. — Você chegou da rua e entrou chorando desesperado.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora