63. FESTINHA

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Corria pela calçada enquanto carros e caminhões cortavam a capital. Até que morar em Manaus não era tão ruim, já havia se acostumado com o barulho intenso e com a agitação do lugar, mas não negava que sentia falta da sua antiga cidade. Não que não já tivesse vivido na capital, porém suas memórias não passavam de borrões. Para evitar contato com antigos conhecidos da família, mais precisamente do pai, evitou se mudar para a zona sul onde bairros como Adrianópolis e Nossa senhora das Graças abrigavam os mais ricos. Escolheu um bairro que combinava mais com sua atual condição. Continuou correndo já adentrando a rua da sua casa, de longe viu um carro parado na sua porta, um Fiat Moby Easy preto, então, soube que sua amiga estava ali.
Ao vê-lo, Karen desceu para cumprimentá-lo.

— Nem sábado você para? — Ela disse em tom de brincadeira. — Assim você vai ficar muito magro, hein!

Parou e apoiou as mãos nos joelhos respirando pausadamente, o cansaço estava fazendo cacos de seu corpo.

— Bom dia, — Disse entre uma expiração e outra. — Trouxe?

— Claro. — Ela disse cruzando os braços exibindo um radiante sorriso.

— Vou abrir a porta pra gente entrar, você trás pra mim? — Perguntou tirando a chave do bolso.

— Claro. — A jovem se virou para pegar a encomenda.

Se voltou para sua porta e a destrancou. Sua nova casa tinha 5 cômodos e uma garagem, e pelo valor de 500 reais que pagava pelo aluguel ele achava bem aconchegante para um homem solteiro. Entrou e tirou o tênis na porta enquanto a secretária entrou em seguida deixando a sapatilha também na entrada. Karen trazia consigo uma caixa com ternos que sua irmã e sua mãe haviam feito para ele, afinal não havia motivo para ele, que estava falido, ostentar roupas de marcas que mal poderia pagar com seu trabalho.

— Espero que goste. — Ela disse colocando a caixa no chão da sala.

— Com certeza vou gostar. — Tirou a camiseta suada e jogou no sofá. — Quer algo? Um café, uma água?

— Aceito a água.

Caminhou até sua cozinha e abriu a geladeira, pegou uma garrafa com água bem gelada e um copo que estava sobre a mesa e levou até a mulher. Observou que a garota usava um vestido rosa curto com um bordado na cintura marcando suas curvas de forma bem acentuada, se ele fosse um homem hétero possivelmente ficaria atraído pela bela visão que Karen era. Os cabelos dela estavam mais compridos, chegando a altura das costelas caindo sobre seus ombros e seios em cascatas de cachos.
Voltou ao encontro dela.

— Aqui está sua água. — Entregou o copo na mão dela e depois encheu. — Você também vai para a festinha? Não vai?

— Vou, Morgana me ligou uns dias atrás. — A mais nova levou o copo até os lábios e bebeu com cuidado para não borrar o batom. — E você, vai?

Mordeu o lábio, lógico que ia para a festa da filha, estava ansioso para o primeiro aniversário da sua princesa, porém não queria ir sozinho. Havia convidado Vítor dois dias atrás, porém o rapaz não deu uma resposta definitiva, como sempre. Talvez eu deva aceitar que ele não vai voltar de São Paulo tão cedo. Pensou um pouco receoso, a mãe do rapaz estava segurando ele o máximo que podia perto dela, e ele não poderia julgá-la, se pudesse também faria o mesmo.

— Vou, — Respondeu percebendo que estava demorando para falar. — só que eu estava esperando uma coisa, deixa pra lá.

Se jogou no sofá e se curvou deixando a garrafa de água no chão e puxando a caixa para mais perto, a abriu e conferiu seu conteúdo. Dentro seus novos ternos estavam embalados em embrulhos de papel, com seu nome do lado de fora.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora