39. VOU FAZER JUSTIÇA (revisado)

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Pronto, — Parou o Mercedes com um solavanco, o carona foi jogado para frente, mas o cinto o conteve. — entregue em casa e em segurança.

O rapaz passou a uma mão no rosto afastando os cabelos bagunçados do seu campo de visão, o seu olhar era o de uma animal assustado que estava indo para o abate, Que exagero, não dirijo tão mal assim. Bom, Ricardo estava bêbado, mas não a ponto de esquecer como se dirigia e se o carro estava em zigue-zague com certeza era culpa da pouca iluminação do bairro ou da rua em má condições.
Lucas soltou o cinto e o olhou com um certo ar de tristeza.

— Obrigado Ricardo, — O garoto tentou forçar um sorriso, mas não conseguiu. — foi muito gentil me trazer em casa depois de tudo.

— Que isso? Não foi nada. — Coçou a barba inquieto. A essa hora sua foto devia estar estampando algum site de fofoca, ou pior, estampando sua lápide, pois, era para lá que o seu pai o mandaria assim que visse a imagem.

O garoto ficou com a boca tensa, como se procurasse palavras, agora, longe da iluminação da festa pôde notar que seus olhos eram castanho-esverdeados.

— Sinto muito por àquilo. — O rapaz disse com sinceridade. — Se eu soubesse, não teria avançado o sinal...

— Não tinha como saber de nada. — Respondeu tentando parecer acolhedor. — Como saberia que eu estava sendo seguido? Você não tem culpa.

O rapaz abraçou a si próprio e olhou para um portão pichado, não parecia está feliz de ter chegado em casa. O advogado o analisou, seu cabelo estava tão bem alinhado nas pontas que dava para notar que era recém cortado.
Colocou uma mão no seu ombro, o garoto se assustou saindo dos pensamentos.

— Algum problema? — Perguntou, o homem sensual e bom de dança era agora um menino acuado. Como alguém muda tanto em algumas horas? — Você parece está com medo.

— Ah não. — O mais novo balançou a cabeça. — É que o meu irmão é um pouco complicado...

— Homofóbico? — Questionou já odiando essa pessoa sem conhecer.

— Sim, não. Quer dizer... Ah, é tão confuso de explicar.

— Como assim "sim, não"? É ou não é.

— Ele é gay também, — O garoto deu uma pausa, mordeu o canto do lábio e depois continuou. — mas é sigiloso, e por ser ativo e bem másculo jura que está acima de mim.

— Que bosta. — Sim, odiava o estranho sem o conhecer. — Deve ser difícil ter um irmão assim.

O garoto deu uma risada anasalada.

— Nem me fale, e ele ficou insuportável desde que o último namorado o deixou. — Lucas faz sinal de aspas com os dedos no momento em que falou "namorado". — Ele andava caçando ele como um bicho, o tal carinha vazou e ele tá ficando doido com isso. Sobrou pra mim.

— Ele te bate? — Franziu as sobrancelhas diante da sua constatação.

O mais novo desviou o olhar novamente, estava ficando nervoso.

— Ah, eu eu... — Lucas abriu a porta do carro e colocou um pé para fora. — Tenho que ir, até uma próxima.

— Desculpa, — Se apressou preocupado em não deixar uma má impressão. — Não queria te ofender, só quis saber... Sabe, sou advogado e posso tentar te ajudar.

— Tudo bem, eu não preciso de nada. — Sorriu forçado, sua atitude praticamente deu a Ricardo a certeza de que sua suspeita era verdadeira. —Posso te agradecer pela carona e pela conversa?

— Pode. — Sorriu de volta.

O jovem fechou a porta novamente e se voltou para ele, Ricardo soube o que ele queria assim que viu seu olhar ficar morteiro. Lucas levantou a cabeça e o beijou carinhosamente, seus dedos tocaram a sua barba enquanto sua língua invadia sua boca num movimento suave. Sem prolongar o momento o garoto se afastou e sorriu, dessa vez o sorriso parecia genuíno.
Já ele continuou parado, o beijo foi interessante, mas não o suficiente.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora