52. O MAURICINHO VEIO (revisado)

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Vou te pegar idiota. — Ouvia o outro gritar furioso, sua voz parecia vir de longe. — Você vai me pagar.

Quilômetros e quilômetros de mata e nem pra ter uma coral venenosa pra picar esse maldito, pensou atrás de uma árvore enquanto matutava em busca de um modo de fugir, o que deveria fazer? Se corresse com certeza atrairia a atenção de Nil para si, mas se ficasse parado atrás daquele tronco logo seria encontrado, Tive sorte de nenhum tiro dele pegar em mim será que vou ter uma segunda vez? Com cuidado espreitou de onde estava, não podia ver muita coisa já que a noite ia ficando mais densa, mas podia ouvir; mesmo de forma suave podia escutar Nilson avançando conforme o som de folhas secas sendo esmagadas ia aumentando e parecendo mais próximas.

Eu sei que você acha que aquele boiola engravatado te ama, mas isso não é real!  — O homem voltou a gritar, o provocando da forma mais baixa possível.  — Ele te usou, assim como eu usei e outros usaram antes de mim. Porquê é isso que você é: algo pra ser usado e depois para ser jogado fora.

Mordeu o lábio, não ia cair naquele joguinho maléfico, não ia responder as provocações estúpidas de Nilson por mais que um “vai tomar no seu cu” estivesse preso em sua garganta quase tirando seu ar, pedindo para ser compartilhado com os quatro ventos. Vítor sabia que tudo o que Nil queria era ver ele soltar algum som para pegá-lo novamente e o prender como um cachorro na coleira, seria seu brinquedo para sempre, ou até ele finalmente se cansar dele e o matar como fora pago para fazer. Prefiro morrer a passar um único dia como seu cativo Nil! Sentenciou para si mesmo buscando uma alternativa para ele pode escapar daquela situação.

Sob seus pés sentia o chão duro, logo concluiu que ali aos pés daquela árvore deveria haver várias pedras, com cuidado se inclinou tentando não fazer nenhum ruído que atraísse o outro e passou os dedos pelos pequenos corpos sólidos que suas mãos encontraram, Muito pequenas, não fariam um estrago grande na cabeça oca dele. Continuou procurando até finalmente encontrar uma grande o suficiente que mal coubesse em sua mão e tomou para si. Sua ideia era burra, com certeza, mas era a única que tinha. Iria quebrar a cabeça de Nil com uma pedrada forte e roubar as chaves, da algema e do sua Hilux, e fugir. Chances de dar certo? Quase nenhuma, chances de Nilson desistir e deixá-lo em paz? Zero. Sua escolha estava feita.

Pensa bem... Eu tô te dando a chance de voltar aqui.  — A voz grave do mais velho ficava cada vez mais próxima.  — Se eu tiver que te obrigar a voltar aqui não serei tão generoso.

Manteve-se quieto, controlando até mesmo sua respiração para não chamar atenção. O farfalhar de folhas se mexendo estavam ficando mais próximas dele o deixando ainda mais assustado, Fica calmo Vítor, ordenou a si mesmo quando os joelhos ameaçaram falhar, Só tem que acertar ele. Não pôde ser difícil, afinal ele é um homem como outro qualquer... Claro que é mais forte, mais alto, tem treinamento e com certeza vai te dar uma bela surra. Cerrou os dentes tentando procurar força interior, Chega disso, preciso tentar. Com todo o cuidado, se inclinou para tentar olhar, os poucos raios de luar que o ajudavam a ver não eram suficientes naquela parte da mata, pequenos fios de luz lunar entravam pelas pequenas fendas entre as folhas das plantas mostrando pouca coisa. Apertou a pedra entre os dedos sentindo terra úmida entrando sob as unhas.

Os passos do outro se aproximavam gradativamente, e com isso o medo martelava ainda mais em seu peito, será que Nilson poderia ouvir seu coração bater da forma frenética que ele batia em seu peito naquele momento? Concentração, concentração, preciso ver o nenê outra vez... Tentando se manter paciente, encostou as costas no tronco e esperou, ele iria achá-lo, sabia disso. Mais som de folhas e galhos sendo esmagados preencheram seus ouvidos, agora ele estava logo ali, podia sentir.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora