Batidas o acordaram na melhor parte do sono, o dia anterior fora tão conturbado que ao cair na cama, ele simplesmente apagou por completo como se fosse uma rocha. Piscou algumas vezes para se acostumar com a escuridão que o cobria até que finalmente se levantou com a força do ódio, Um desempregado não pode nem dormir em paz nessa cidade! Procurou pelas cobertas onde havia deixado o celular até achá-lo de baixo do travesseiro, desbloqueou a tela, a luminosidade do aparelho o fez semicerrar os olhos. Conferiu as horas e ficou incrédulo.
— Quem perturba o sono de um homem às 6 da manhã? —Se perguntou em voz alta ao saltar da cama, com passos lentos caminhou até a porta do banheiro e pegou um roupão que estava pendurado ali e o vestiu.
Seus pés reclamaram do piso frio a cada passo que deu atravessando o quarto, de fato, Ricardo não funcionava bem tão cedo, ainda mais naquele dia depois de tudo o que passou no dia anterior. Saiu do quarto ainda se sentindo sem vontade de viver e foi em direção a porta enquanto alguém batia furiosamente, Vou ficar sem porta se demorar mais para atender. Parou diante da porta e espiou atravéz do olho-mágico para descobrir de quem se tratava, e ao fazer isso revirou os olhos. Não dorme e nem deixa ninguém dormir em paz, pensou abrindo a porta para o pai que aparentemente não estava de bom humor, o que era habitual.
—Achei que não iria abrir. —O mais velho reclamou adentrando o apartamento enquanto o filho ia até uma janela e puxava as cortinas para luz do sol iluminar a sala.
—O que quer a essa hora? —Perguntou caminhando até o sofá e se jogando nele, estava sem paciência para os joguinhos do outro, não bastava o que havia feito no dia anterior? — Tá muito cedo pra me humilhar, não acha?
—Não existe hora pra um trabalhador acordar. —O pai respondeu se virando para encará-lo. —Precisamos conversar.
—Sou desempregado agora. —Soltou cruzando os braços olhando o pai de baixo para cima. — Você mesmo me demitiu, lembra?
—Não estou brincando. — Seu rosto estava sério, o homem era uma rocha, Às vezes acho que não têm sentimentos igual uma.
—Nem eu... —Bocejou enquanto falava. —Mas quer conversar sobre o quê?
O grisalho andou pelo carpete que estava disposto de qualquer modo no chão da sua sala com olhar crítico.
—Sobre sua volta pra casa. — As sobrancelhas espessas do pai se uniram enquanto ele era intimado. —Você é um homem casado, esqueceu disso?
—Impossível esquecer. —Deu um sorriso forçado e desfez a cara sorridente em segundos. —Foi você quem escolheu minha esposa, desde antes de eu sequer pensar em namorar.
—Que horas pretende voltar pra casa? —O mais velho Indagou sem qualquer delicadeza, Será que ele pensa no meu bem em algum momento da vida?
—Pai, eu vou ficar por aqui um tempo... —Disse pausadamente temendo uma reação desastrosa do outro. — Sabe, quero refletir sobre algumas coisas.
—Ah jura? Vai refletir sobre o quê? Seu comportamento anormal? —O homem falou com nojo, como se estivesse falando de uma doença contagiosa. Aquelas palavras atingiram Ricardo como se fossem um punhal cravado em seu peito, mas ele escondeu, não iria deixar àquele ser desprovido de sentimentos ver que o machucava igual o feria quando era um garoto.
—Que comportamento? —Deu um novo sorriso travesso não deixando a raiva transparecer, tinha que sair por cima na situação de qualquer jeito. — Acho que está se confundindo.
—Confundindo, sei...
O homem fixou o olhar no sofá e lentamente caminhou até ele. Ele podia jurar que seria esbofeteado, mas a mão do homem procurou outro rumo. Com olhos curiosos prestou atenção aos gestos do mais velho, Tá procurando o que? O pai pegou o pente que estava sobre o móvel desde o dia anterior, o objeto estava cheios de fios de cabelo castanhos presos nele e isso soou como um mau presságio. O senhor puxou um deles e o levantou até a altura dos olhos e o examinou, devia ter uns sete centímetros e era ondulado, em nada parecido com o cabelo negro e enrolado de Ricardo.
O cabelo do seu amante brilhou na luz pálida do sol que nascia.
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Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)
RomanceVítor sempre teve uma queda pelo patrão, mas guardou seus sentimentos pra si. Até uma certa noite onde descontou sua frustração na bebida e tomou uma decisão estúpida que mudou o rumo de tudo.