21. QUAL SUA OPINIÃO? (revisado)

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Se preparava pra dormir depois de mais um dia difícil na sua vida, estar perto de Ricardo e não tocá-lo era um desafio enorme, pois tudo o que mais desejava era estar com ele para sentir sua pele, seus beijos, e tudo mais que ele o proporcionava, Lembre-se que faz isso pelo bem estar do Tomás, não posso deixá-lo sofrer as consequências das minhas aventuras, pensou numa tentativa de se convencer e assim ficar mais tranquilo, fechou os olhos tentando se concentrar no seu propósito. Seu som velho tocava uma música que ele conhecia bem, One Night Stand da Janis, essa canção não colaborava para melhorar seu humor mas gostava de ouvir, pois apesar de tudo aquela canção era muito boa.  Logo o som de respingos d'água no telhado se misturou a música dando a ela um toque ainda mais melancólico e assim, o entristecendo mais.
Só o que faltava pra essa noite ficar mais merda, pegou uma latinha de refrigerante na geladeira e caminhou para a sala.

— Sou um idiota.  — Se jogou no sofá e bebeu um gole no líquido, ele tinha decidido que nunca mais iria consumir nada alcoólico em sua vida, estava cansado da imprudência que tomava conta do seu ser quando abusava do álcool.   —Sabe, o álcool nunca me trouxe nada de bom e eu demorei pra entender isso, deveria ter parado a muito tempo mas não conseguia me reconhecer um maldito alcoólatra.    —Riu de si mesmo.    — Também pudera, dou o cu e até hoje não me aceito gay, eu sou um fracasso, um grande fracasso...  Não mereço nada na vida  —Forçou uma risada e deu outro gole no refrigerante.   — Qual sua opinião? Hein?

Virou o olhar para o cãozinho que apenas latiu em resposta, o animal era um ótimo ouvinte apesar de não entender nada do que ele dizia. Nenê ficou em duas patas, apoiando as da frente no joelho do dono enquanto sua língua estava de fora.

—Isso. —Sorriu novamente largando a latinha de refrigerante ao seu lado no sofá e tomando o cachorro no colo.  —Quem precisa de psicólogo quando se tem você? Hein meu bebê?

Fez carinho na barriga do animal que se contorceu de alegria em seus braços. Ao fundo uma música diferente falando sobre sofrimento tocava agora, e ela combinava perfeitamente com ele. Quando terminou de acariciar o amigo, colocou-o no chão e pegou a latinha pra tomar o resto do conteúdo quando ouviu batidas na porta. Sentiu apreensão, poderia ser Nil pra torrar sua paciência outra vez, Ou veio me bater? Será que está com raiva pelas mensagem que não respondo, Respirou fundo temendo essa segunda opção. Já não me basta tudo que eu fiz pra agradar esse traste.

—Vítor, sou eu.   —Ricardo chamou aos gritos.  —Abre por favor!

Se sobressaltou quase cuspindo o refrigerante que bebia, engoliu o líquido com dificuldade e abafou uma tossida.

—Merda...  —Sussurrou nervoso. Nenê correu para porta e começou a latir se fazendo de bravo.  —Para filho.  —Pediu para o cachorro sem sucesso.

—Tô ouvindo você.  — O moreno bateu com mais força.   —Por favor, só quero conversar. Abre...

A julgar pela voz parecia estar bêbado. Sem ideia de como agir fez silêncio esperando o patrão desistir e ir embora, mas não funcionou. O homem bateu e gritou por longos minutos até irritar os seus vizinhos.

Existe telefone, sabia!? — Reconheceu a voz da dona Clara, vizinha da frente, Ah merda.

—Não te perguntei. —Ricardo gritou de volta e voltou a chamar por ele logo a seguir.  —Vítor abre essa porta. Anda!

Vou chamar a polícia! —A velha retrucou.  —Você vai ver só seu vagabundo!

—Chama até o presidente se quiser sua bruxa!   —O advogado berrou tão alto que jurou poderiam ouvir do outro lado da cidade.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora