37. QUE NOITE... (revisado)

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Os primeiros dias foram os mais difíceis, não deixava de pensar na sua casa e no trabalho, ambos deixados para trás num momento de angústia e desespero. Algumas vezes, chorou até dormir sentindo falta da sua vida, outras vezes trabalhou até tarde no bar do Beto ocupando sua mente a ponto de chegar em casa e apagar até mesmo no sofá, cansado para não ter que chorar outra vez. Entre seus dramas internos conheceu um pouco melhor alguns dos clientes do “tio”, principalmente o rapaz que se apresentou para ele no dia que chegou. Era um mecânico, sorridente, animado e tinha quase certeza que era um pervertido pelo modo como o encarava às vezes, com todos olhando, “O que é bonito eu admiro mesmo”, uma vez o cabeludo dissera para ele quando questionou o porquê de olhá-lo tão intensamente. Vítor sorriu como resposta sem saber o que dizer, aliás sempre que se falavam ele acabava envergonhado, o fato de Ítalo praticamente assumir estar interessado num homem com o bar cheio foi muito desconcertante para ele.
Esse era mais um dia comum atendendo no bar, os clientes se divertiam enquanto ele ficava apoiado no balcão pensando sobre como sua vida estava uma merda.

— Vai ficar de fora? — Ítalo perguntou olhando seu olhar perdido enquanto está apoiado no balcão.

— Quê? — Piscou algumas vezes. Olhou para a mesa e se deu conta que ele falava sobre o jogo de cartas que os bêbados realizavam no atual momento. —Ah, não. Obrigado.

—Tá bom então… — O tatuado ergueu uma sobrancelha.

Ítalo o olhou como um faminto olharia para um prato de comida, apesar de estar morando ali um considerável tempo ainda era embaraçoso como esse homem dava em cima dele sem qualquer cerimônia. Vítor desviou o olhar, mas antes deu uma rápida olhada para as tatuagens que cobriam o corpo do cabeludo. Acho que ele tem alergia a camiseta já que nunca usa uma.

— Já avisei, meu sobrinho não é pro seu bico. — Roberto provocou puxando uma carta do baralho e colocando em meio as que estavam em suas mãos, ele se divertia com as tentativas frustradas do outro em atrair a atenção do advogado. — Ele é sério e não sai com qualquer um.

— E eu não sou um homem sério? — Ítalo disse de forma cínica enquanto seu tio descartava uma carta.

Os outros jogadores riram, caçoando dele, enquanto ele fingia está ofendido.

— Tá bom, se você for um homem sério eu sou a Camila Pitanga. — O mais velho riu da própria piada.

— Me erra Beto. — O rapaz de longos cabelos exclamou revirando os olhos.

Enquanto eles brigavam pelos trocados que o vencedor levaria, Vítor olhou as notificações no celular. Chamadas perdidas de Ricardo eram diárias, as ignorou novamente como fazia todos os dias. Ele desejava tanto falar com ele, mas ouvir sua voz e não poder tocá-lo parecia impossível de suportar. Então, parecia melhor evitá-lo, torcendo para que ele tocasse sua vida e não corresse risco de entrar na mira de Nilson.
Nas outras mesas algumas pessoas conversavam e bebiam sem preocupações.

— Me dá uma cerveja.

— Hã? — Desviou os olhos do celular. Ítalo estava do outro lado do balcão o encarando. — Ah tá, é pra já.

Dei um sorriso sem graça para o mais alto.

—Tá com a cabeça aonde? — Ele o Indagou quando se virou par pegar uma garrafa no interior do Freezer. — Parece tristinho...

— Tô bem, — Abriu a garrafa e a entregou na mão do cabeludo. — não se preocupe.

— Então tá bom. — O homem se aproveitou quando ele lhe entregou a garrafa e roçou seus dedos nos dele fazendo o advogado se arrepiar. — Se precisar de alguém pra conversar estou aqui.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora