19. MEU TEMPO É PRECIOSO (revisado)

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Os dias que se seguiram depois do ocorrido com Tomás não foram nada agradáveis para ele, Vítor se distanciou e parecia estar sempre assustado, e isso deixou Ricardo um pouco desconcertado. Fez o que estava ao seu alcance, será que ele ficou chateado com a história do suborno? Tem que ser muito inocente para achar que dá pra viver só de honestidade. Pensou um pouco, precisava entender qual a relação entre Tomás, Vítor e o queixoso que denunciou ambos, Algo sério aconteceu...

—Tem alguma coisa muito errada...  — Andava de um lado a outro na sua sala enquanto fumava um cigarro, era o décimo só essa manhã. Quando ficava nervoso fumava mais que o normal. — O que eu fiz de errado, meu deus?

Suas ligações era ignoradas, suas mensagens não eram lidas e até suas ordens desobedecidas. Por duas vezes mandou Karen chamar o rapaz até sua sala e ele simplesmente não foi, que merda Vítor, por que me tortura assim? Nem aparecera no apartamento onde se encontravam nos últimos dias, ir até lá era uma experiência horrível sem o outro, ele gostava demais da companhia do menor e tinha que achar um jeito de convencê-lo a voltar. Preciso agir, ordenou a si mesmo, até que por fim teve uma ideia.
Pegou o telefone do gancho.

—Karen, preciso de um favor urgente.  —Se livrou do cigarro o jogando na lata de lixo.

Pois não seu Ricardo?   A secretária indagou.

—Mande Tomás me trazer um café forte e torradas, rápido. —Desligou antes da resposta da secretária e se sentou.

Respirou fundo e pôs uma bala na boca pra espantar o gosto de cigarro, apesar de fumante tinha consciência do quanto seu vício era desagradável para terceiros, mastigou a bala por alguns minutos esperando. Ao ouvir batidas na porta prontamente se levantou e abriu para o estagiário que estava sorridente como sempre, o garoto se encontrava parado na porta com uma bandeja nas mãos.

—Estou passando, licencinha.   —Lhe dirigiu a palavra entrando na sala e depositando o café na mesa. —Aí que está, do jeitinho que pediu.

—Sente-se por favor.   —Pediu fechando a porta mais que depressa. — Preciso falar com você.

—Comigo? —O mais jovem franziu as sobrancelhas mas atendeu o pedido. — O que posso fazer pelo senhor?   —O estagiário se sentou e cruzou as pernas.

—Preciso de sua ajuda.  —Também se  sentou e pegou a xícara de café e levou aos lábios dando um gole.   —Posso contar com você?

—Eu ajudar? Ah chefinho, depois do que fez por mim ajudo até a esconder um corpo se precisar. —Tomás riu sozinho da piada infame enquanto ele  o olhava com o olhar assustado.   —Tô brincando, viu?

—Eu sei, mas saiba que o que fiz foi de coração. —Sorriu para sinalizar que falava a verdade. Pousou o copo na mesa a sua frente. —Não queria que ficasse preso injustamente, afinal nem tinham mandato, era só birra daqueles projetinhos de milicianos desocupados.

—Nem eu queria continuar lá, não nasci pra essa vida de mona criminosa, sou honesto.  —O garoto passou uma mão no joelho as alisando a calça.  —O que precisa chefe?

—O que está acontecendo com Vítor? —Foi direto ao assunto, não aguentava mais ficar sem saber do outro. —Ele me pediu ajuda e depois simplesmente começou a me ignorar, sabe, isso é estranho. Pra dizer o mínimo.

Voltou a levar a xícara aos lábios, tentava parecer descontraído e mais casual. Não queria que o loiro a sua frente percebesse a aflição que estava oculta em suas palavras.

—Comigo acontece o mesmo. —O seu rosto tomou uma expressão triste, o rapaz desviou os olhos. —Ele me ignora totalmente, é como não fôssemos amigos, sei lá. Tentei falar com ele algumas vezes e nada.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora