38. UM DESLIZE

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A imagem retratada na foto era simples e clara: seu marido estava sentado num banco de uma boate e um rapaz tinha os lábios colados nos dele. A dor que sentiu ao ver aquilo foi profunda, era como se uma faca estivesse sendo cravada em seu coração e torcida por Ricardo várias vezes até dilacerar cada músculo. Respirou fundo, sentia vontade de morrer, sentia que sua vida acabara de perder o valor.
Devolveu o celular do amigo de Karen e ficou ali sentada.

— A senhora está bem? — Karen perguntou voltando a se aproximar, a jovem apoiou a mão em um dos seus ombros.

Virou seus olhos para a secretária enojada, como ela poderia fazer uma pergunta dessa? Logo ela que por muito tempo foi praticamente cúmplice da traição que estava dilacerando seu interior.

— Como posso estar bem? — Se levantou e os dedos de Karen escorregaram por seu braço. — Minha amiga sabia que eu estava sendo traída e não me contou!

— Você nunca ia acreditar nisso! — A mais nova se defendeu. O olhar dela caiu sobre o rapaz que assistia tudo sem dizer nada, era como se procurasse apoio. — Eu... Eu... Estava de mãos atadas, eu achei que você ia me achar louca se dissesse isso.

— Mas eu merecia saber. — Disse com toda raiva que existia dentro de si. — Eu merecia ter conhecimento disso, como pôde me deixar ficar igual uma tonta procurando uma mulher que não existe?

— Dona Morgana... Eu... — A cacheada desviou o olhar para o chão, estava abalada também. — Me desculpe, eu errei.

Sentia vontade de gritar, quebrar tudo, esbofetear a secretária, mas nada fez. Apenas olhou-a decepcionada, Ela errou, mas está longe de ser a principal culpada de tudo isso. Ele é... Secou o rosto, devia estar vermelha como um tomate por chorar tanto na frente daqueles dois.

— Me enviem a foto. — Ordenou recuperando o que sobrava da sua pose. — Imediatamente, ouviram?

— Sim. — O homem respondeu Imediatamente balançando a cabeça.

No entanto a secretária não foi tão obediente assim, ela levantou a cabeça e engoliu em seco.

— O que você vai fazer com isso?

Pegou a bolsa do sofá e procurou sua carteira no seu interior, depois de achar tirou todo o dinheiro que viu e entregou para o homem que pegou seu pagamento em silêncio.

— Obrigada pelos serviços, — Suspirou engolindo todo o desejo de dizer mais algumas verdades para a garota. — tenham uma boa noite.

Se virou e abriu a porta deixando os dois para trás, do lado de fora o movimento na rua estava quase extinto, viu apenas seu Porsche parado na frente da casa. Se aproximou do vidro e bateu, pois Alberto dormia em seu interior deitado sobre o volante. O homem se levantou assustado com olhos arregalados e sacudiu a cabeça.
Assim que percebeu que era ela abriu a porta do passageiro.

— Do-dona Morgana... — Ele bocejou quando ela sentou ao seu lado, já havia passado, e muito, do horário dele largar o serviço. — desculpe, eu dormi.

— Me leve pra casa. — Limpou os olhos. — Só preciso chegar em casa logo, e tomar um maldito banho.

— Tá. — O homem respondeu dando partida e saindo do lugar às pressas.

Três minutos depois seu celular vibrou dentro da sua bolsa, conferiu e era uma mensagem de Karen lhe mandando a fatídica foto. Engoliu novamente a vontade de chorar e fez menção de guardar o aparelho de volta onde o pegou, porém pensou melhor e mandou mensagem para sua sogra e Marcelo, e então, guardou o celular.

Quando chegou dispensou o motorista e entrou em casa. A essa hora a empregada recém contratada já havia ido com toda certeza se deitar, olhou nos quartos pois seus sogros poderiam estar lá, no entanto não estavam. Morgana os dava liberdade para ir e vir quando quisessem pois confiava totalmente deles, inclusive tinham uma chave própria. Totalmente sozinha entrou em seu quarto, em todos cantos haviam provas e registros do seu casamento a lembrando dos momentos mais felizes que tivera com Ricardo, esses momentos agora pareciam ter saído da sua imaginação.
Caminhou pesadamente até a cabeceira da cama, uma foto dos dois abraçados com a visão do Rio Amazonas logo atrás estava pendurada na parede a pelo menos 5 anos, fechou os olhos trazendo de volta as memórias daquela viagem.

Mensagem Proibida (Em Revisão E Mudanças)Onde histórias criam vida. Descubra agora