Suspeito

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O celular vibrou no bolso do lúpus, que o pegou enquanto saia de seu carro e caminhava até a casa aparentemente vazia. Respirou fundo, deslizando o botão de desligar ao ver que se tratava de Yixing e observando a tela acender, ostentando as outras chamadas perdidas do Zhang.

Yifan sabia que deveria ter esperado Yixing quando foi atrás de Zitao assim que notou a saída do mesmo da delegacia, assim como sabia que deveria avisar não só o alfa, como também o resto do departamento quanto à sua localização e o motivo de estar ali. No entanto, naquele momento, seu lado racional pouco se importava se era arriscado ou não. O Wu não gostava de ser enganado, e saber que as mentiras afetaram não só a si e a sua investigação como também Zitao não ajudava nem um pouco.

Yifan estava irritado, seu lobo também.

Guardou o celular novamente quando se aproximou da porta, girando a maçaneta e soltando uma lufada de ar quando a porta se abriu, destrancada. Adentrou a casa, mantendo-se atento a quaisquer movimentos suspeitos enquanto carregava algumas cartas em sua mão.

— Tian! — gritou, não obtendo resposta.

Vasculhou os cômodos principais, não encontrando ninguém e indo em direção ao quarto em seguida. Abriu a porta devagar, arqueando a sobrancelha ao notar o corpo do alfa de costas para si, encarando uma parede repleta de recortes e cópias de arquivos do caso Huang, todos conectados por alguns fios de barbante e alguns com anotações feitas à mão pelo próprio Wang.

— Você demorou. — a voz do ex-xerife se fez presente.

— Você sabia que eu viria... — Yifan arqueou as sobrancelhas.

— Mei me ligou. — o mais velho disse, se virando para encarar o lúpus. — Imaginei que com o conteúdo das cartas, uma hora ou outra você apareceria aqui. — o Wu se manteve em silêncio, analisando a tranquilidade que o alfa parecia ter. — Sabe, há oito anos atrás Mei me disse que havia queimado todas as cartas. Imagine a minha surpresa quando ela disse que Zitao havia descoberto... — o alfa suspirou, melancólico. — Não era assim que eu imaginava que seria.

Yifan riu soprado, sem humor.

— E como você imaginava que seria?! — negou com a cabeça, perplexo com a audácia do outro. — Imaginava que ele iria vir correndo atrás de você, feliz?!

Tian estalou a língua no céu da boca.

— Eu tinha muitos cenários em mente, a maioria eram de oito anos atrás, com Lian ainda viva. — os olhos cansados vacilaram. — Nunca passou pela minha cabeça que ela e Jongin morreriam, Yifan...

O Wu levantou a mão com as cartas na altura de seu próprio rosto, atraindo a atenção do mais velho para as mesmas.

— Acho que também nunca passou pela cabeça de Lian que ela morreria quando se envolveu com você. — o tom era acusatório, e junto com a mandíbula tencionada, denunciavam que o xerife não estava nem um pouco contente.

— Eu não a machuquei! — Tian se exaltou, dando um passo para frente por impulso sob o olhar atento do lúpus.

— Você a machucou, Tian. — afirmou, sério. — De um jeito ou de outro, você a machucou. — notando a mudança de humor do alfa, Yifan continuou: — Era esse o motivo que te levou a negociar com Baekhyun? — apontou com a cabeça para o mural na parede atrás do ex-xerife. Agora que havia prestado maior atenção, notou várias fotos de Zitao sentado em frente a janela de seu quarto na casa de Joon nos primeiros dias de sua volta, claramente eram obras do jornalista.

— Você continuava me mantendo afastado, era a única forma de conseguir fazer minha própria investigação! — deu de ombros, ainda cabisbaixo. — Eu tinha que fazer alguma coisa! — exclamou exasperado. Tian notou o olhar do alfa passar por certos arquivos que eram, ou pelo menos deveriam ser confidenciais. A expressão do lúpus não era nada boa. — Baekhyun é bom no que faz. — deixou no ar.

Selvagem [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora