Vidro quebrado

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Como de costume: a parte em itálico se trata de um flashback.

Yifan despertou com o movimento brusco ao seu lado. Demorou segundos para que seus olhos se acostumassem com a escuridão e a figura de Zitao sentado se tornasse nítida. O ômega tinha a respiração desregulada e parecia transpirar, como se tivesse acabado de acordar de um pesadelo.

Franziu o cenho, se ajeitando na cama para ficar na mesma posição que o ômega.

— Taozi? — chamou, tocando no ombro coberto pelo tecido fino do pijama do outro.

A voz ainda mais grave devido ao sono atraiu a atenção do mais novo, que precisou de alguns segundos para raciocinar que o lúpus estava ali ao seu lado antes de deixar seu corpo pender para o lado, encostando no alfa em busca de algum tipo de amparo que veio logo em seguida.

— O que foi? Um pesadelo? — Yifan questionou, acariciando o cabelo macio e aspirando o cheiro de lavanda enquanto tentava encontrar a melhor posição para o menor.

— Acho que foi uma lembrança… — sussurrou, sabendo que o Wu ouviria.

— O que você lembrou, Tao? — perguntou.

A resposta veio depois de um silêncio que durou minutos, embora não fosse o que o alfa esperava.

— Eu acho que estou perdendo a cabeça, Yifan… — segredou.

O toque do alfa se tornou um pouco mais grosseiro e o corpo do Wu tencionou, a respiração se tornou falhada e Yifan precisou engolir em seco antes de dizer algo.

— Você não vai. — assegurou, apertando um pouco mais o ômega em seus braços. — Só me diga o que você lembrou e nós vamos resolver isso; eu vou resolver isso…

— Promete? — Tao questionou, mordendo o lábio inferior em antecipação.

— Eu prometo. — tentou sorrir. — Me diga, Tao…

xXxXxXx

— Jongin? — o jovem de dezesseis anos chamou.

Zitao caminhava lentamente pela floresta, procurando por seu irmão Os olhos azuis passeavam pelos arredores em busca do garoto, suspirando frustrado por somente se deparar com troncos de árvores e moitas repletas de espinhos e gravetos. As folhas em seus pés se partiam, secas, a cada passo que dava e seu tênis antes branco já estava manchado de terra — sua mãe o mataria quando visse.

— Vamos logo, Jongin! Não tem mais graça. — cruzou os braços, impaciente.

Respirou fundo ao ouvir uma breve risada do mais novo, combinando com o barulho dos pássaros ao longe. Quando chegaram na floresta, sua mãe disse que prepararia as barracas e a fogueira contanto que Zitao brincasse com Jongin. Era a forma mais fácil de manter o caçula dos Huang ocupado para que não atrapalhasse as tarefas e ocasionasse na família inteira sem ter onde dormir durante a noite — já haviam tido essa experiência uma vez e não era nem um pouco agradável.

— Jongin! A brincadeira acabou. — falou alto, batendo o pé contra as folhas secas. — Nós já estamos perto do rio, sabe que a mamãe vai ficar uma fera se não nos encontrar! Você sabe que ela não gosta quando vamos muito longe. — brigou. — Você ganhou o jogo, aparece logo!

— Não! — o mais novo pirraçou.

Zitao bufou, pronto para dar uma bronca no irmão quando uma ideia um tanto maldosa veio em sua mente.

— Então tá’... — arqueou a sobrancelha. — Eu vou te deixar aí sozinho, e o monstro da floresta vai te pegar. — ameaçou, sorrindo sapeca.

Selvagem [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora