Tormento

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Dá pra acreditar que estamos na reta final?!

Os olhos vermelhos se abriram com um barulho alto, o qual o lúpus não conseguiu identificar graças ao sono. Se remexeu na cama, tendo a visão do relógio ao lado de sua cabeceira marcando seis horas da manhã. Yifan geralmente acordava naquele horário para ir trabalhar, no entanto, ao domingos era comum aproveitar o fato de que as manhãs eram mais tranquilas na delegacia para dormir até mais tarde. O alfa possuía um dia de folga há cada duas semana devido o seu emprego, e uma coisa comum na família Wu era o fato de não gostarem que atrapalhassem seu sono — característica que Jennie também havia adquirido.

Sua atenção foi para o ômega deitado ao seu lado. Foi inevitável o brilho em seus olhos ao ver o corpo nú de Zitao entre os lençóis; a pele macia, as curvas pouco acentuadas, as coxas grossas, tudo em Zitao era de tirar o fôlego. O Huang estava de costas para si, mas ainda era possível ver os pulsos levemente avermelhados, causados pelo uso de algemas durante a madrugada; Yifan admitia que tinha certos fetiches e Tao simplesmente combinava com todos eles.

Percorreu os olhos pelo corpo esbelto, se agraciando com as marcas deixadas por si. Por um momento o Wu quis se bater ao ver o sêmem já seco entre as nádegas do ômega. É claro que a sensação do nó se formando era muito prazerosa, mas aquela não era a primeira vez que faziam sexo sem preservativos e deveriam ser mais cuidadosos quanto à isso. A ideia de formar uma família com Zitao o agradava e muito, mas durante aquele momento não sabia dizer se era a melhor decisão, pelo menos não com Zitao ainda sem se lembrar do que realmente aconteceu. Tao ainda deveria passar por muitas fases antes de engravidar. Fez uma nota mental de comprar anticoncepcionais mais tarde.

Novamente, o barulho alto ressoou pelos cantos da casa. Dessa vez foi possível identificá-lo como sendo a campainha.

Yifan grunhiu. O quão inoportuno a pessoa deveria ser para perturbá-lo àquela hora da manhã em um domingo?

Decidido a atender a porta antes que a campainha fosse tocada novamente e acordasse Jennie ou Zitao, o Wu se levantou com cuidado. Sorriu fraco ao notar o ômega se remexer lentamente no colchão e seguiu para o banheiro em seu quarto, escovando os dentes e jogando uma água em seu rosto. Vestiu apenas sua calça do pijama que estava jogada na cadeira antes de descer o mais rápido que pôde.

Se o lúpus já não estava muito contente pelo fato de ser perturbado tão cedo, ao ver a pessoa que o esperava do outro lado da porta a sua felicidade diminuiu ainda mais.

— O que você quer? — questionou, impaciente.

Os olhos do alfa arregalaram levemente ao notar o estado do lúpus. Não era preciso olhar duas vezes para perceber os arranhões e algumas marcas roxas nos ombros do Wu, assim como não era necessário ser um gênio para imaginar quem deveria ser o responsável por tais atos. Por um momento, o alfa mais velho quis pular em cima do lúpus por tirar a inocência de seu filho.

Pigarreou, tentando focar em outra coisa que não fosse o pensamento de Zitao e Yifan na mesma cama. Foi preciso apertar os papéis em suas mãos, quase os amassando por inteiro para que se acalmasse; talvez ainda se recusasse a acreditar que seu filho havia realmente crescido tanto.

— Eu estou aqui para ver Zitao. — Joon respondeu, tentando soar indiferente.

Yifan riu soprado.

— E por que razão eu deveria permitir isso?

— Não é uma escolha sua! — rebateu. — Zitao é quem deve decidir se quer me ver ou não, e se caso ele escolha a última opção, eu respeitarei a decisão dele. — abaixou o tom de voz. — Você poderia ao menos dizer que eu estou aqui?

Selvagem [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora