Ameaças

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O alfa ajeitou os óculos em seu rosto, enquanto terminava de preencher os relatórios do último caso que atendeu. Escutou a campainha tocando e suspirou, largando a caneta e os papéis em cima da mesa e se levantando, indo atender a porta. Pela manhã, Jennie acordara com febre e o alfa acabou deixando a garota faltar à escola, além de decidir trabalhar em casa para cuidar da filha.

Quando abriu a porta, um ômega baixo passou por si furioso, nem o dando tempo de convidá-lo a entrar. Fechou a porta atrás de si e se virou para olhar o jornalista que o encarava com os braços cruzados e uma feição raivosa.

— Posso ajudar, Baekhyun?

— Como você fez?

— Fiz o quê? — questionou confuso.

— O jornal com a reportagem sobre o Huang. — esclareceu. — Como você fez para que ele fosse recolhido tão rápido?

— Não sei do que você está falando... — mentiu.

— Não finja de sonso, xerife. — riu sem humor. — Você realmente acha que eu não sei? — bufou. — Acha que eu sou tão burro assim?

— Você deveria ser mais claro em suas acusações, Byun. — ajeitou os óculos, franzindo as sobrancelhas.

— Acha que eu não sei que você ligou para cada chefe dos jornais da cidade e os fez abandonar as matérias sobre Zitao? — vociferou. — O caso Huang é o mais famoso da cidade e todos os repórteres com certeza iriam escrever sobre ele, mas de algum jeito você conseguiu fazer com que todos fossem repreendidos para que não escrevessem. — acusou. — Eles nem sequer chegam perto daquela casa para não perderem o emprego! — disse exasperado. — E quando eu consigo fazer com que o meu chefe publique a reportagem, você faz com que ela seja tirada de circulação.

— Você não pode me culpar pelos seus colegas de trabalho terem mais noção e empatia do que você! — o lúpus rebateu, cruzando os braços em irritação. — Já disse que não sei do que está falando, ômega.

— Como você fez? — repetiu a pergunta. — Foi chantagem ou o quê? — perguntou raivoso, não medindo o tom de voz para falar com o xerife. — Isso é abuso de poder, sabia?

— E por que não me denuncia então? — Yifan rebateu, provocativo. — Você não tem prova alguma de que eu estou no meio disso. Suas acusações são todas infundadas e se não começar a repensar no seu comportamento eu vou ser obrigado a te prender por desacato. — ameaçou. — Agora, se não se importa, eu estou cheio de trabalho para fazer e a minha filha está passando mal. Saía da minha casa. — ordenou, abrindo a porta atrás de si.

Baekhyun encarou o xerife e se o olhar matasse, Yifan tinha certeza que morreria ali mesmo. O repórter bufou, ajeitando a postura e começando a caminhar em direção a saída, sentindo o olhar irritado do lúpus sobre si.

— Eu não sei como e nem o porquê você está protegendo esse ômega... — disse baixo, parando em frente ao xerife. — mas eu vou descobrir. — avisou.

O lúpus seguiu o Byun com o olhar, o assistindo entrar em sua caminhonete e dar partida, sumindo de suas vistas. Fechou a porta, respirando fundo para se acalmar e manter a cabeça no lugar.

Sabia muito bem que Baekhyun não iria lhe deixar em paz.

Também sabia que o repórter não estava errado.

Yifan realmente havia ligado para cada chefe dos jornais da cidade, cobrando alguns favores — como não prendê-los por dirigir embriagado ou coisas do tipo — para que eles não importunassem Zitao. Do mesmo modo que havia feito com o chefe do Byun, para que ele mandasse recolher as edições com a matéria sobre o ômega. Não que se orgulhasse de usar esses meios, mas se isso iria proteger seu ômega nem sequer pensou duas vezes em utilizá-los.

Sua atenção rumou para a pequena alfa descendo as escadas e usando pijama e segurando um ursinho de pelúcia em mãos. Sorriu, se agachando para ficar da mesma altura que a filha — mesmo que continuasse maior do que ela — e sentindo a mesma abraçar seu pescoço.

— O que foi, princesa? — perguntou, acariciando as costas da menor.

— Eu quero a torta de pêssego da mama Kim... — Jennie falou com um biquinho e uma carinha extremamente fofa, a qual Yifan sabia que a menor havia puxado da mãe.

— Mas você está doente, filha, tem que comer coisas saudáveis. — disse, vendo o biquinho da menor aumentar ainda mais.

— Mas e se eu melhorar se comer a torta? — questionou, sentindo seus olhinhos lacrimejarem enquanto olhava para o pai. — Por favorzinho, papai? — fez manha e Yifan suspirou.

— Isso é maldade comigo! — o mais velho disse, tentando imitar o biquinho da filha e arrancando uma risadinha da mesma. — Ok, ok! Vamos trocar de roupa e ir comprar a torta... — cedeu.

Jennie sorriu, deixando um beijo na bochecha do pai e agradecendo, antes de subir para trocar de roupa. Yifan se levantou, rindo baixo. Mesmo que as pessoas tivessem a visão de um alfa sério e mau, talvez fosse apenas um pai babão que não aguentava negar algo para a filha, especialmente quando a mesma fazia a carinha de gato abandonado para lhe pedir alguma coisa.

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Yifan caminhava com a filha no colo, voltando do restaurante da mama Kim. Infelizmente o lugar estava fechado quando chegaram, o que era estranho, mas após ligar para a mulher e saber que a mesma estava com Junmyeon, entendeu o motivo. Yixing havia o contado sobre o resultado do exame do ômega e Kris sentiu muito pelo casal. Até propôs que Yixing tirasse alguns dias de folga para ficar com o ômega, mas o alfa recusou.

— Não fica triste, filha! — pediu, acariciando os cabelos longos da menina. — Amanhã você vai poder ter quantos pedaços de torta você quiser. — garantiu, tentando animar a Wu.

— Mas... — a alfa se interrompeu ao levantar o rosto do ombro do pai e ver uma figura andando do outro lado da rua, parecendo alheio ao resto do mundo. — Taozi! — gritou, chamando a atenção do ômega.

O lúpus se virou para olhar e sorriu ao ver Zitao parado olhando para os dois com uma feição envergonhada. Ajeitou a filha no colo ao ver o ômega andando em direção aos dois devagar, como se pensasse se deveria mesmo se aproximar.

— Olá, Zitao! — a voz rouca pronunciou, percebendo o corpo do menor estremecer levemente.

— Oi... — o Huang disse baixo, focando seu olhar na garotinha no colo do pai, evitando olhar para o maior.

— Taozi, eu tô' dodói... — a alfa disse.

Zitao franziu as sobrancelhas, levando a mão direita até o rosto da menor e sentindo uma leve quentura, denunciando a febre da Wu. Deixou um leve carinho na cabeça da mesma antes de abaixar a mão, sentindo os olhos vermelhos o analisando atentamente.

— Chá de limão... — disse baixo, olhando para Yifan, que deixou transparecer a dúvida pela fala do ômega. — Ajuda com a febre. — comprimiu os lábios.

— Mas eu quero torta de pêssego da mama Kim e não chá... — Jennie fez um biquinho triste, atraindo a atenção dos mais velhos.

— Mas o restaurante está fechado, filha. — o xerife disse. — A mama Kim está dando atenção pro titio Jun, você não quer que ela deixe o titio Jun triste só para fazer torta, quer? — perguntou calmo, dando um pequeno sorriso para a menor em seu colo.

— Não! — negou com a cabeça.

Zitao pigarreou, chamando a atenção dos Wu's e se encolhendo ao sentir o olhar dos dois em si.

— Eu... — começou, incerto se aquilo era uma boa ideia. — Eu posso fazer...


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Selvagem [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora