O pedido

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Zitao andava devagar pelos corredores da delegacia. Percebia os olhares curiosos sobre si, mas fazia seu melhor para ignorá-los. Segurava um pequeno saco com dificuldade, já que tinha que carregá-lo com uma mão para não forçar o braço que cicatrizava, e a cada olhar direcionado a si o fazia apenas apertar o mesmo com mais força, como se aquilo fosse o encorajar a fazer o que queria.

Quando seu pai saiu para trabalhar, o ômega não demorou em subir para seu quarto e pegar todos os casacos que haviam comprado. Após a noite em que o casaco do lúpus havia perdido o cheiro do mesmo, Zitao sentiu muito frio, e se não fosse por Yifan o aquecer na toca não saberia dizer o que teria acontecido.

Então, para não correr o risco de passar por aquilo de novo — já que mesmo estando com o casaco do Wu, sabia que uma hora ou outra ele perderia o aroma do alfa —, criou coragem para colocar seu plano em prática. Sabia que não era o melhor jeito e que talvez o alfa não entenderia e nem aceitaria, mas não custava tentar, além de ser a solução que encontrou no momento.

— Zitao? — escutou a voz de Minseok o chamando. Procurou o beta com o olhar e quando o achou, caminhou até ele. — Aconteceu alguma coisa?

O ômega mordeu o lábio inferior. Embora estivesse se acostumando com a presença de seu pai, ainda não era o melhor em socializar com outras pessoas.

— Yi... — começou, pigarreando pela rouquidão. — Yifan... — disse baixo, esperando que o beta entendesse.

Minseok franziu o cenho, levando poucos segundos para processar o que o mais novo queria. Quando finalmente entendeu, arqueou as sobrancelhas.

— Você quer achar o Yifan? — questionou, assistindo o menor assentir com a cabeça em um "sim". — Ah, bem... Por aqui! — falou.

Começou a andar com o Huang em seu encalço, que tentava memorizar o caminho. Chegaram em uma porta fechada, com uma pequena placa escrito "Wu Yifan" na mesma. O ômega sentiu seu coração começar a bater mais rápido e seu rosto esquentar ao perceber o que iria fazer, e teria pensado em desistir se Minseok não tivesse aberto a porta, chamando atenção do lúpus que estava lá dentro.

— Você tem visita! — o Kim disse, dando espaço para Zitao passar.

O Huang hesitou por um momento, mas deu alguns passos para frente, entrando na sala do alfa. Seu corpo enrijeceu ao que o odor de sândalo entrou em suas narinas. Já havia sentido o cheiro do mais velho em várias ocasiões, contudo, a sala de Yifan estava inundada com o aroma dele e Tao podia jurar que se ficasse naquela sala por muito tempo ele provavelmente enlouqueceria.

— Zitao? — ouviu a voz rouca pronunciar seu nome e se forçou a olhar para o homem.

Yifan estava sentado em sua cadeira com alguns papéis em mão, que logo foram guardados como se não quisesse que o ômega soubesse do que se tratavam. O lúpus arrumou os óculos em seu rosto e se levantou, se aproximando devagar do menor, com medo de que ele pudesse sair correndo assustado caso se aproximasse muito rápido.

— O que foi? — o alfa perguntou.

Tao respirou fundo — se arrependendo em seguida, pois aquilo só fez com que a fragrância de sândalo se intensificasse em seus pulmões — e comprimiu os lábios, sem jeito. Olhou para o beta que estava parado ao seu lado e depois para o xerife, como um pedido mudo para que o mesmo pedisse licença.

Já seria vergonhoso demais pedir aquilo para Yifan, não precisava que outra pessoa também escutasse.

— Minseok, você pode nos dar licença? — Kris pediu.

— Ah, claro! — sorriu, entendendo.

Zitao não se virou para olhar o beta, mantendo seus olhos em seus próprios pés. Ouviu a porta se fechar atrás de si e apertou ainda mais o saco em suas mãos. A presença de alfa de Kris era gritante, e começava a se arrepender de ter pedido para que o beta saísse.

Selvagem [wyf+hzt]Onde histórias criam vida. Descubra agora