Selvagem [wyf+hzt]

Relação restaurada

Os corredores do hospital estavam calmos pela manhã. Mais cedo, o ômega teve outra consulta com Kyungsoo, que estava bem satisfeito com o avanço que o paciente estava tendo, mesmo que ainda não conseguisse se lembrar de nada daquela noite.

Após sair do consultório do D.O, foi até a doutora que o atendeu na primeira vez para finalmente retirar a faixa do braço esquerdo. Ainda sentia uma leve dor quando forçava o braço e podia ver a cicatriz formada pelos dentes de aço da armadilha que o prendeu, no entanto, se encontrava bem feliz por ver seu braço recuperado e livre do curativo.

Zitao andava pelos corredores sem pressa em direção ao banheiro. Podia sentir algumas pessoas — em especial alfas — o observando enquanto passava e sabia do que se tratava. Mais cedo, Kyungsoo havia percebido que o cheiro do Huang estava ficando mais forte, o que indicaria que o cio do mesmo estava próximo e o aconselhou a ir direto para casa quando saísse do hospital, alegando ser perigoso para um ômega ter seu cio em algum local público.

Ao entrar no banheiro, percebeu uma das cabines ocupada mas não deu importância, indo até uma que estivesse fazia. Fez suas necessidades e deu descarga, saindo da cabine e se dirigindo até a pia, lavando as mãos. O barulho da cabine sendo aberta atraiu sua atenção e se limitou a olhar a pessoa que saia da mesma pelo espelho.

Junmyeon levou um pequeno susto ao sair da cabine e dar de cara com Zitao o observando através do espelho, dando o seu melhor para disfarçar os olhos inchados e o nariz vermelho que indicavam claramente que havia chorado.

— Tao, oi! — forçou um sorriso. — O que está fazendo aqui?

O mais novo se forçou a um repuxar de lábios e apontou para o braço, indicando que havia retirado a faixa do mesmo.

— Ah! — o Kim soltou após entender. — Isso é bom, muito bom... — caminhou até a pia tentando passar normalidade e apertando o pequeno objeto que carregava nas mãos com nervosismo.

— O que é? — a voz de Zitao lhe chamou a atenção e o olhou, vendo o menor apontar para o que carregava.

— Não é nada... — tentou fugir da pergunta, porém Zitao arqueou a sobrancelha como se não tivesse acreditado em si. — É um teste. Um teste de gravidez... — mordeu os lábios, nervoso.

— Qual o resultado? — perguntou animado, porém a animação morreu ao perceber a expressão do ex-amigo.

— Negativo... — raspou a garganta, controlando o choro.

— Eu sinto muito... — mordeu o lábio inferior olhando para os próprios pés.

— Não sinta! — disse após alguns segundos em silêncio, atraindo a atenção do ômega. — Talvez seja melhor... — percebeu o olhar curioso de Zitao após sua frase e respirou fundo, se lembrando de que o ômega não fazia mais ideia do que acontecia em sua vida. — Eu não posso ter filhos, pelo menos não se quiser continuar vivo... — explicou.

Junmyeon abaixou a cabeça, fazendo o seu melhor para controlar a vontade súbita de chorar, como sempre fazia quando esse assunto vinha à tona. Zitao por outro lado se assustou e arregalou os olhos, sem ter ideia do que falar para o Kim. Sabia que Junmyeon sempre sonhou em gerar filhos e quando o menor escutou que esse sonho não seria possível, se sentiu triste pelo ômega. Mesmo que oito anos tivessem se passado, ainda considerava o mais velho uma das pessoas mais importantes para si.

Demorou segundos até que o Kim sentisse algo tocar em seu ombro, como se tentasse o confortar. Antigamente, Zitao teria o puxado para um abraço apertado, porém não sabia se deveria fazer o mesmo naquela ocasião, já que não fazia ideia de como Junmyeon reagiria.