Nikolai :
Fomos a tal terreira a noite, Anelise usou uma roupa branca com correntes de miçangas coloridas, Cadu me emprestou uma roupa branca dele e ele foi também de branco, e as sandálias no pé. Fomos a cavalo pra cidade porque na hora que terminava o negócio lá não teríamos como voltar. Amarramos os cavalos na lateral da casa que tinha tambores batendo constantemente.
-Aí que bom que vieram! - Disse Anelise nos recebendo com abraços. - Vamos entrar.
Muitas pessoas negras e meia dúzia de pessoas brancas dançavam com roupas parecidas como a de Anelise, outra de vermelho, outro com um negócio de palha na cabeça, gente será que isso é o tal carnaval? O batuque do tambor fazia meu coração seguir o ritmo, me deram uma bebida alcoólica, e sobraram charuto em mim, eca. Até que a noite começou a ficar sinistra, pessoas começaram a girar, Anelise também.
-O que tá acontecendo Cadu? - Sussurrei apavorado.
-Estão incorporando! - Sussurrou.-Fique quieto, só ouça.
Peguei o pulso dele ficando com medo, Cadu enlaçou nossos dedos o que me deixou mais... "protegido"
Algumas pessoas pararam de girar, algumas riam e falavam estranho. Anelize veio até onde nós estávamos.
-Oi meu fio?! - Disse ela tocando em meu rosto, mas a voz parecia não ser a dela. Meu corpo aqueceu com a torrente de adrenalina.
-O-Oi? - Sussurrei.
-Num cunhece mais sua mãe preta?
-De-Desculpe!
Ela riu.
-Vossunce não me obedeceu fio, vortou, só num morreu por causa dele! - Ela apontou com a cabeça pro Cadu.
-Eu não sei do que você está falando?-Sussurrei num português perfeito que fez Cadu me olhar.
-Vossunce ficou muito tempo sozinho meu fio, não seja teimoso, ele vai cumprir o que te prometeu, já incontro vossunce, agora fique feliz fio meu.
-Mas... De quem está falando?
-Ele sempre foi seu par e sempre vai ser fio, desta vez não vejo morte em seu caminho, mas... Tem dois caminho.
-Quais são? - Perguntei vendo os olhos de alguém que eu conhecia dentro de Anelise, sorri vendo um rosto que não era de Anelise, era... Uma mãe, mãe que eu conhecia, soltei a mão de Cadu e toquei seu rosto e sussurrei.-Conheço você!
-Sim meu fio, fui sua mãe por sete veiz.
-Foi? - Engoli em seco com o choro preso na garganta, ela segurou minhas mãos, eu conhecia aquela senhora. - Oi mãe...
Ela me abraçou enquanto eu chorava.
-Oi fio meu.
-Por que me deixaste?
-Num deixei fio, eu te olho sempre, mas eu só pude vim pra te conceder na última vez, já completei meu caminho fio, quero qui vossunce acerte o seu.
-Como eu faço isso? - Chorei.
-Iscoie, o amor ou a solidão.
-É errado esse amor!
Ela segurou meu rosto com as duas mãos.
-O amor nunca é errado fio. - Ela me deu um beijo na testa e a abracei chorando mais.
...
-//-
Cadu:
Quando Anelise veio incorporada falar com Niko achei que ele ia fugir. Quando ele soltou minha mão. Uma entidade puxou minha mão e me levou pra fora da terreira.
-Não posso demorar! - Disse a entidade. Não era uma entidade a reconheci.
-Princesa?
-Só vim te dar um aviso, não rejeita sua filha!
-Quê?
-Te amo amigo! - Sussurrou e girou a minha volta, quando me virei não tinha ninguém. Fiquei arrepiado da cabeça aos pés.
-Como é que eu vou ser pai se eu sou gay?! - Perguntei a ninguém. - Droga deixei Niko sozinho.
Niko chorava abraçado a Anelise, que me olhou com um sorriso antigo, estendeu a mão pra mim e fui até ela. Era uma entidade.
-Cuida bem do meu fio?!
-Pra sempre! - Falei vendo o momento que a entidade se foi. Niko a soltou.
-Oi amigo!
-Oi-Sussurrou Niko.
-Foi a entidade mais antiga e pesada que já recebi! - Disse ela segurando a cabeça. - Preciso de água.
A peguei da cintura e a levei pra um banco, o pai dela trouxe água.
-Tá bem filha?
-Tô sim!
Niko estava sentado do lado dela segurando a cabeça.
-Algum problema rapaz? Quer água?
Ele negou com a cabeça. Sentei ao seu lado passando a mão em suas costas, tentando acalmá-lo. Niko me abraçou.
-Acho melhor a gente ir! - Sussurrei.
-Claro! - Disse o senhor Amir. - Que Deus os protejam.
Levei Niko devagar, ele não chorava mais, mas não conseguia falar, ao invés de fazê-lo montar no cavalo peguei as rédeas e o levei caminhando, quase no fim da cidade Niko suspirou, a lua cheia estava tão forte que não precisaríamos de lanterna pra achar o caminho. Niko suspirou e rouco sussurrou.
-Me desculpe Cadu!
-Eu que te peço desculpa por te trazer, não queria te ver desse jeito, eu... Não sabe o quanto é doloroso pra mim te ver chorar Niko.
-Eu precisava disso, daquele abraço, saber que ela tava olhando pra mim.
-Não está triste?
-Por que ficaria, as coisas agora estão mais claras. - Ele deu um sorriso.
-Consegue montar? - Perguntei.
-Sim! - O ajudei a montar e seguimos pela estrada de chão pro sítio da oma.
Tinha alguns vaga-lumes no campo. E resolvi mudar nosso rumo, pra irmos pelos campos.
-Isso tudo é lindo.
-Pena que eles estão quase em estimação. - Comentei.
- Foi impressão minha ou eu falei um português perfeito quando falei com ela.
-Eu não consegui ouvir o que ela dizia, mas sim, você falou um português perfeito.
-Não sei de onde aquilo saiu.
-Tente dizer algo pra mim! - falei.
-Eu amu voxe!
-É não... Oi?
-Eu amo você Cadu.
- E-E... Eu...
Niko parou os cavalos segurando as rédeas do meu também. Meu coração estava na boca. Ele não está brincando comigo. Niko desceu e me puxou. Estou completamente estupefato. Será que estou bêbado? Ou estou sonhando? Devo ter desmaiado na terreira e estou tendo uma alucinação.
Niko sorriu de um jeito encantador. Olhei em seus olhos claros, pareciam quase líquidos com a luz da lua. Niko passou a mão em meu rosto e lentamente ainda olhando em meus olhos encostou os lábios nos meus, eu precisava tanto dele que lágrimas de alívio e amor escorreram por meu rosto quando sua língua pediu passagem eu sedi.
-Está chorando meu amor? -Sussurrou ele entre o beijo calmo e carinhosos.
-De alegria! - Sussurrei.
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Quando seus olhos me encontram
RomanceAqueles olhos quando me encontram eu consigo sentir, consigo ver mesmo de olhos fechados que ele me encara, e não entendo por que luto contra isso. . . É como se já nos conhecêssemos de outras vidas. Está história arco-íris conta sobre uma vida pass...