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Ferrus:

Eu estava de pé diante do último suspiro de Afonso, passei as mãos pela sua o tirando daquela casca velha que ficou adormecida com um sorriso, diante de mim o meu Afonso, o meu jovem Afonso de 18 anos. Sorri ao senti-lo.

-Também te amei Afonso, e vou amá-lo para todo o sempre meu amor!

-Ferrus?-ele tocou minha bochecha, agora eu podia senti-lo.

-Como prometido, aqui estou! -Sorri acarinhando sua bochecha.

-Te amo! -disse ele me beijando, este foi o melhor beijo de todos os tempos, será o beijo que guardarei por mais 100 anos.

-Vovô? -chamou o rapaz, meu neto. -No lo creo, vovô acorde, por favor, não brinque comigo.

Afonso Neto começou chorar sobre as pernas daquele corpo e Afonso pensou em acudi-lo. Monifa apareceu já chorando.

-Nem a velhice apagou a beleza de nossa filha! -Comentei indo até ela e a tocando. Moni respirou fundo e levantou a cabeça olhando para trás, como se tivesse me visto.

-Amo vocês dois! -disse ela. -Meus verdadeiros pais.

Então ela beijou a cabeça de Afonso e nós dois a abraçamos, abraçamos seu espírito. Peguei a mão de Afonso.

-Venha meu amor.

Afonso pegou a minha mão maravilhado com a sensação, e eu também o levei para o campo, para aquele lugar em que fizemos amor pela primeira vez.

-Você estava lá aquele dia?

-Sim!

-Senti seu cheiro. -Murmurou ele. -Por que não veio me buscar?

-Porque sua hora não tinha chegado meu amor.

-Eu tentei. . . não consegui.

-Eu sei. -Sussurrei.

-Por quê?

-Porque eu quis que você vivesse, queria que tivesse a chance de viver até o fim. . ., mas você não fez jus ao meu acordo.

-Com quem? -Ele parou de caminhar.

-Teiniaguá. -Sussurrei.

-O que ofereceu Ferrus?-Afonso estava começando a enfurecer-se.

-Não vamos falar sobre isso meu amor, só tenho um dia com você, deixe-me aproveitá-lo. - Acariciei seu rosto.

-Por que só um dia? E nossa eternidade, deveríamos passar nossa eternidade juntos Ferrus. . .

-Te encontro em cem anos meu amor, aí sim, viveremos. . .

-100 anos, ofereceu 100 anos Ferrus?

-150 anos em troca de que vivesse até a hora certa!

-Eu não vivi Ferrus, eu jamais conseguiria viver sem uste, como pode fazer isso comigo, foram mais de 50 anos de sofrimento e angústia, estaríamos juntos a anos Ferrus.

-Acalme-se meu amor.

-Meu amor? Tu não tens direito de me chamar assim, me deixaste, fostes egoísta.

-Eu sei. . . eu sei ta bom, só percebi isso a cada ano que passava e eu o via em seus aniversários, Teiniaguá me permite te ver a cada aniversário.

Segurei seus braços. Ele chorava sem lagrimas.

-Por que fez isso comigo?

-Por Amor Afonso.

-Ferrus. . .

-Não vamos desperdiçar nem mais um minuto Afonso, deixa eu ficar com você, já terei minha cota de punição o suficiente durante anos.

-Quero barganhar com ela!

-Não, não pode, ela nem mesmo apareceu para você antes.

-Quero ficar com você Ferrus.

-Não sei se pode meu amor, você já morreu, vão vir buscá-lo a qualquer momento, deixe-me ficar contigo o pouco tempo que tenho.

-Vale a pena Ferrus?

-Se vale ou não, eu tentei.

Afonso suspirou e então me beijou, ali naquele mesmo lugar nos amamos pela primeira e pela última vez. No mesmo horário de sua morte na manhã seguinte vieram buscá-lo, Zulu e Luigi vieram de branco.

-Vamos filho meu? -disse Luigi.

-Quero ficar com ele papá!-disse Afonso.

-Sei disso mi amor, mas não pode.

-Nunca se esqueça do quanto o amo Ferrus, nunca se esqueça de mim.

-Não vou ficar longe por mais de 100 anos, eu prometo, juro por minha alma que vou te encontrar seja aonde for!

-Vou te esperar como sempre! -disse ele me dando mais um beijo, então o senti sumir enquanto eu chorava sentindo o último resquício de seu toque. Em um segundo eu estava diante de Teiniaguá, sem me controlar a abracei. Para minha surpresa depois dela hesitar, retribuiu o abraço como uma mãe calorosa.

-Obrigado . . . por esperar ele partir para me trazer de volta.

-Não a de que meu amigo.

-Vou cumprir meus 100 anos a teu lado princesa, vou cuidar de uste por esse tempo e depois vou juntar-me a ele para a eternidade.

-Não é bem assim Ferrus.

Me afastei dela.

-Como assim?

-Reencarnação! -disse ela. -Afonso vai reencarnar em alguns anos, e você vai estar aqui.

-Ele não vai lembrar mais de mim?

-Há um fio, Ferrus, um fio que liga vocês dois.

-Eu também vou reencarnar?

-Quando a magia que nos liga se quebrar, sim, vai poder reencarnar.

-E como saberei onde Afonso está?

-Esse fio que os liga, o levará até ele, chamam esse fio de destino.

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora