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Monifa:

Estou tão preocupada com aqueles dois que nem pude me concentrar em livro algum, o senhor Luigi parecia preocupado. Mandou preparar dois cavalos. Coloquei uma bombacha de Afonso do tempo que ele era garoto. No baú que ele me indicará, uma camisa dele, e até suas botas me couberam, prendi minhas tranças em uma coroa em volta de minha cabeça. Desci as escadarias e o senhor Luigi se surpreendeu ao me ver.

-Por Deus, é a primeira vez na vida que vejo uma mulher de bota e bombacha.-sorriu ele.

-Afonso disse que seria mais confortável para mim.-sorri de volta aceitando sua mão quando me estendeu nos últimos degraus.

-Por supuesto que si.

Montei com muita facilidade, Afonso tem razão quanto a praticidade. O senhor Luigi me levou para conhecer hortas, estábulos, chiqueiros, galinheiros e tantas coisas.

-Você é bem próxima de meu filho.-Comentou ele, não foi uma pergunta.-Ele não tem mais alegria no rosto, Afonso parece apagado.

-Percebi.

-Aquele lugar não lhe fez bem ou foi a vinda dele quê. . .

-A guerra é uma desgraça senhor, ela apaga qualquer um que se importe com ela.

-Sim, vejo o jovem Cortez, ele tem a idade de Afonso, um ou dois mais velho pelo que me lembro.

-Dois anos.

-E olhe para ele, parece um corpo sem alma, são tão jovens, eu sei que a causa é justa. . . buenas?!-cumprimentou ele uma família de negros na porta de um chalé, parecíamos estar entrando em uma vila, muitas casas de barro.

-Buenas Patrão!-disse uma mulher de sorriso branco, mas tão branco que se destacava de longe na pele de ébano.

-Boa tarde!-a cumprimentei.

-Kanue está é Monifa Cortez, amiga de meu filho, herdeira das terras dos Cortez.

-É um prazer sinhá!-disse ela segurando a ponta da saia.

-Pode me chamar de Moni.

-Por supuesto.

O senhor Luigi me apresentou a todas as famílias dali, crianças brincavam entre as casas, todos com sorrisos no rosto e bem alimentados, as bochechas redondas das crianças me dizia isso.

-Estes piás já nasceram livres!-comentou ele.-E espero que está guerra não tire isso deles.

-O senhor disse que Afonso era bondoso por herança de sua mãe.-comentei.-Mas essa bondade e generosidade vem do senhor.

-Afonso não sabe que estes negros são livres, ele nem sonha com a metade do que faço aqui.

-Deveria saber, ele se orgulharia disso.

-Ou me acharia um fraco!

-Não, Afonso é a frente de seu tampo.

-Uste também!

-Aprendi com ele a pensar grande.

-É. . . acho que tem razão.

-Sempre tenho!-brinquei e vi um sorriso crescendo até quase virar riso.

-Uste é inacreditável, gosto de ti Monifa.

-Que bom, porque vamos passar muito tempo juntos.

-Vamos sim.

-Sabe jogar xadrez?

-Nunca consegui compreender aquilo, mas sei jogar carteado serve?-brincou ele.

-Claro, quem são?-perguntei apontando para uns homens vindo a cavalo.

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora