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Monifa:

Afonso foi pegar lenha e Ferrus piscou o olho pra mim.

-Vou pegar mais lenha.

-Pode ir eu ajudo o senhor Zulu.-comentei.

Ferrus correu para um matagal ali perto. Me aproximei do senhor.

-Em que posso ajudá-lo senhor?

-Fique tranquila sinhá, não carece. . .

-Não sou sinhá.

-Afonso a transformou em uma que eu sei, este olho!-apontou ele para um olho esbranquiçado pela idade.-Pode não enxergar este mundo, mas vê além do que todos.

-O senhor é vidente?

Ele riu.

-Não tenho um nome para isso, mas meus orixás cantam para mim o que acontece guria.

Sentei em um tronco perto dele, enquanto ele espetava a carne.

-Minha mãe via coisas também, eu não herdei esse dom!-comentei.

-Está em seu sangue.

-Não creio.

-Espero que Luigi não descubra o que aqueles dois são se não. . .

-Eu não vou deixar que ninguém descubra!-saltei.

-É bom que não descubram, ou a morte pela guerra vai parecer misericórdia a eles.

-Os vê mortos?

-Melhor trocar de assunto sinhá.

-Por favor senhor, não me chame assim.

-Como a chamo então?

-Moni!

-Está bem senhorita Moni.

-O caminho deles tá fadado a morrer na guerra senhor?

-Fala de um modo tão bonito Moni, não parece uma negra.

-Mas sou, apenas aprendi a ler e escrever e meus horizontes se expandiram.

-Cuidado com os negros da estância senhorita, eles podem se ressentirem.

-Meus irmãos me ensinaram a ser forte.

-A arrogância pode matar também guria.

Meu coração pesou, olhei em direção ao mato como se eu pode-se ver Ferrus com aquele olhar arrogante, que era apenas uma máscara.

-Temos alguns anos de guerra. . .-murmurou ele.-Muitos enlouqueceram nesses últimos anos e muitos vão enlouquecer com o passar do tempo.

-Tenho medo de perder meus irmãos!-comentei.

Zulu sorriu espetando o animal ao chão e pegando a lenha ao arredor e colocando em volta da carne para acender.

-Independente onde estejam, estão fadados a ficarem juntos.

-Me da vontade de chorar só de saber o caminho que escolheram.

-Cada um escolhe o seu, você escolheu o deles, o que busca guria?

-Protegê-los.

-Não conseguirá isso, pense em você sinhá, pense no caminho que vai tomar Monifa Terra Cortez herdeira do amor!

-Co-Como sabe meu nome?

-O vento me disse.

Ele deu de ombro, minha pele estava arrepiada. O cordeiro custou a ficar pronto, já era noite quando começamos a comer.

Quando seus olhos me encontramOnde histórias criam vida. Descubra agora